O Brasil teve nove trocas de padrão monetário e várias moedas desde a independência, em 1822. O primeiro “dinheiro” oficial brasileiro foi o Réis, que ficou mais de 400 anos em circulação. O país só lançou sua segunda moeda oficial em 1942, quando então nasceu o Cruzeiro que, mais de cinco décadas depois, se transformaria no Real.
A linha do tempo monetária do Brasil é marcada por diversas mudanças na economia, que acabaram influenciando nas trocas de moedas do país. O Banco Central do Brasil (BC) divulgou uma cartilha intitulada “Dinheiro no Brasil”, que conta a história econômica e numismática brasileira.
Veja abaixo algumas curiosidades, baseadas na cartilha do BC, sobre o sistema monetário brasileiro:
Essa moeda já circulava no Brasil desde a época da colonização. Quando veio a independência, em 1822, o réis foi mantido como unidade monetária. As patacas, que circularam por 139 anos, foram as moedas que ficaram mais tempo em vigência no Brasil, de 1695 a 1834. Em 1834, a Casa da Moeda do Rio de Janeiro cunhou uma nova série de moedas em prata para substituir as patacas.
Em 1942, havia 56 tipos diferentes de cédulas no Brasil. Para uniformizar o dinheiro em circulação, foi instituída a primeira mudança de padrão monetário no país. O antigo Réis deu lugar ao Cruzeiro. Um cruzeiro correspondia a mil réis.
A desvalorização do Cruzeiro levou à criação de um padrão de caráter temporário, para vigorar durante o tempo necessário ao preparo das novas cédulas e à adaptação da sociedade ao corte de três zeros. As cédulas do Cruzeiro Novo foram aproveitadas, recebendo carimbos com os novos valores. Mil cruzeiros correspondiam a um cruzeiro novo.
Em março de 1970, o padrão monetário voltou a chamar-se Cruzeiro, mantendo a equivalência com o Cruzeiro Novo. Um cruzeiro novo correspondia a um cruzeiro.
O crescimento da inflação, a partir de 1980, foi a causa da instituição de um novo padrão monetário, o Cruzado. Um cruzado equivalia a mil cruzeiros. A maioria das cédulas do Cruzado foi aproveitada do Cruzeiro, recebendo carimbos ou tendo suas legendas adaptadas.
Em janeiro de 1989, foi instituído o Cruzado Novo, com unidade equivalente a mil cruzados. Os três últimos valores emitidos em cruzados receberam carimbos em cruzados novos e, em seguida, foram emitidas cédulas específicas do padrão.
Em março de 1990, a moeda nacional voltou a se chamar Cruzeiro, com unidade equivalente a um cruzado novo. Novamente circularam cédulas carimbadas, com legendas adaptadas e cédulas do padrão.
Em julho de 1993, uma nova reforma monetária foi promovida no país, instituindo-se o Cruzeiro Real. A unidade equivalia a mil cruzeiros. Foram aproveitadas cédulas do padrão anterior e emitidas cédulas novas.
Em 1º de julho de 1994, foi instituído o Real, cuja unidade equivalia a CR$ 2.750,00. Não houve corte de zeros ou carimbagem de cédulas do padrão anterior. O Banco Central do Brasil determinou a substituição de todo o dinheiro em circulação
Antes de se declarar independente, o pau-brasil foi a principal mercadoria utilizada no Brasil como elemento de troca entre os nativos e os europeus, numa espécie de moeda-mercadoria. Com as expedições, chegaram as primeiras moedas estrangeiras. Só a partir de 1694, quando dom Pedro II criou a primeira Casa da Moeda Brasileira, na Bahia, foi que as primeiras moedas brasileiras, as patacas, começaram a circular no país.
Para comemorar sua coroação como Imperador do Brasil, dom Pedro I mandou cunhar moedas de 6.400 réis, em ouro, conhecidas como “Peça da Coroação”. Por não ter agradado ao imperador, a produção dessas moedas foi suspensa. Foram fabricados apenas 64 exemplares e, por isso, são hoje muito raros.
Logo após a Independência, as moedas mantiveram o mesmo padrão das moedas do período colonial, sofrendo pequenas alterações para se adequar à nova situação política. Nas moedas de ouro e prata, as Armas de Portugal foram substituídas pelas do Império e acrescentou-se a frase “In hoc signo vinces” – “Com este sinal vencerás”.
Entre 1823 e 1831, além das casas da moeda do Rio de Janeiro e da Bahia, casas de fundição em outros estados também cunharam moedas de cobre, o que facilitou o surgimento de inúmeras falsificações, principalmente na Bahia. O governo, numa
tentativa de acabar com as falsificações, determinou o recolhimento dessas moedas, substituindo-as por cédulas do Tesouro Nacional, atualmente muito raras.
Em 1834, a Casa da Moeda do Rio de Janeiro cunhou uma nova série de moedas em prata para substituir as patacas, que circularam durante todo o período colonial. O valor de 400 réis – cruzado – deu nome à série.
Para uniformizar as cédulas em circulação e acabar com as falsificações, em 1835, as antigas notas do extinto Banco do Brasil e as cédulas para o troco do cobre foram substituídas por cédulas do Tesouro Nacional. Essas cédulas possuíam certas características que dificultavam a falsificação. Foi a primeira vez que o Tesouro Nacional assumiu o monopólio das emissões.
Com o aumento da população e o alto custo dos metais preciosos utilizados na fabricação de moedas, as cédulas tornaram-se cada vez mais necessárias no decorrer do século XIX. Como a extensão do território brasileiro dificultava a distribuição de cédulas, entre 1836 e 1854, o governo autorizou bancos particulares a emitirem juntamente com o Tesouro Nacional.
O segundo Banco do Brasil formado pela fusão do antigo Banco do Brasil com o Banco Comercial do Rio de Janeiro, iniciou suas atividades em 1854, na condição de único emissor. Em 1857, para atender às exigências do crescimento econômico, foi autorizada a constituição de novos bancos emissores. O Banco do Brasil voltou a assumir a responsabilidade pelas emissões durante alguns períodos entre 1862 e 1930, quando emitiu papel-moeda pela última vez.
Com a generalização do uso de cédulas, a cunhagem de moedas direcionou-se para a produção de valores destinados ao troco. O cobre foi sendo substituído por ligas modernas, mais duráveis, de modo a suportar a circulação do dinheiro de mão em mão. A partir de 1868, foram introduzidas moedas de bronze e, a partir de 1870, moedas de cuproníquel.
Após a Proclamação da República, em 1889, foi mantido o padrão Réis. As moedas de ouro e prata receberam gravação da alegoria da República no lugar da imagem do
imperador. A utilização do ouro, na cunhagem de moedas de circulação, foi interrompida em 1922, devido ao alto custo do metal.
A grande quantidade de bancos emissores provocou uma grave crise financeira. Por isso, em 1896, o Tesouro Nacional passou a ser novamente o único responsável pela emissão das cédulas. Além disso, numa tentativa de uniformizar o dinheiro em circulação, todas as cédulas emitidas por outros bancos foram substituídas por cédulas do Tesouro Nacional. O Tesouro fez sua última emissão em réis em 1936, voltando a emitir no padrão Cruzeiro, de 1942 até 1964, quando foi substituído pelo Banco Central.
Por ocasião do 4º Centenário do Descobrimento do Brasil, em 1900, foi lançada a primeira série de moedas comemorativas da República. A série era composta por moedas de prata nos valores de 400, 1.000, 2.000 e 4.000 réis.
Entre 1918 e 1935, com a finalidade de facilitar o troco, foi cunhada uma nova série de moedas em cuproníquel que substituiu cédulas de valores pequenos e moedas antigas. A moeda de 100 réis, dessa série, ficou conhecida como tostão. A partir daí foi criado o Cruzeiro, em 1942, cuja linha cronológica até a chegada do Real, você pode conferir na primeira parte da matéria.
Fonte: Cartilha - Dinheiro do Brasil - Banco Central do Brasil