O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, candidato à Presidência pelo PT, voltou a repudiar o episódio em que um apoiador do presidente Jair Bolsonaro (PL), o empresário Cassio Cenali, diz à diarista Ilza Ramos Rodrigues que vai interromper o fornecimento de marmitas a ela e à família depois que a senhora de 52 anos declarou voto no candidato petista.
"Eu ainda não conversei com a Dona Ilza, eu liguei pra ela no dia. Mas quando eu liguei, me parece que as pessoas ligadas ao cara que ofendeu estavam lá pedindo desculpas, ela não pode atender. Em qualquer momento desse vou encontrar com ela", disse Lula, durante encontro com lideranças do Fórum Nacional de Economia Solidária e 900 cooperativas de alimentos no Armazém do Campo, galpão do Movimento Sem-Terra (MST), em São Paulo, nesta quarta-feira (14).
O vídeo, gravado por Cenali e que viralizou no último sábado (10), mostra ele chegando à casa da diarista, num bairro pobre de Itapeva, interior paulista, onde Ilza mora com três filhos. Após perguntar em quem Ilza votaria, se em Lula ou Bolsonaro, candidato à reeleição, Cenali diz: "Ela é Lula. A partir de hoje não tem mais marmita. Agora a senhora peça para o Lula".
"Quero agradecer às pessoas que ajudaram, porque ela manteve a posição dela, porque ela disse que vai votar no Lula de qualquer jeito, com ou sem cesta básica", acrescentou o ex-presidente no evento desta quarta-feira.
Com a repercussão negativa, Cenali fez outro vídeo pedindo desculpas e se dizendo arrependido por ter gravado a conversa com Ilza. Dias depois apareceu em outra gravação, ao lado de outras pessoas, distribuindo comida a moradores de rua.
"Aquilo ali [o pedido de desculpas] não foi sincero", disse a diarista ao jornal Folha de S. Paulo. "Fica guardado na cabeça. Tem gente que, porque tem um dinheirinho a mais, acha que pode falar o que quiser para o humilde. E a gente fica triste por isso", acrescentou Ilza, que diz não ter a intenção de processar o empresário. Para Ilza, Cenali já está pagando pelo mal que fez, devido à repercussão do vídeo.
Ainda na entrevista ao jornal, Ilza expressou a vontade de uma eventual conversa com Lula. "Ah, eu quero falar com ele. Aquele vozeirão dele. Eu admiro ele, e não é por política, é pela pessoa que ele é, ele sempre foi por nós, ele sempre foi pelas pessoas pobres."
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