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BRASIL

Recenseadores do Censo 2022 aguardam pagamento enquanto sofrem até ameaças


O Censo 2022 começou há cerca de um mês e meio e, até agora, alguns recenseadores não receberam pagamento pelo trabalho. Com uma rotina de horas percorrendo ruas e batendo de casa em casa, alguns profissionais relatam que a recusa de parte dos moradores em recebê-los e até ameaças impedem a conclusão das pesquisas e bloqueiam pagamentos.

“Cheguei a ir dez, 15 vezes em alguns lugares e não achei ninguém. Tem gente que fala que não quer, que não precisa responder e que vai fechar a porta na minha cara, jogar água em mim. Tivemos azar porque, como estamos em ano de eleições, pessoas mal informadas acham que o Censo é ligado a política, a Lula ou a Bolsonaro, e muitas se recusam a responder”, descreve uma recenseadora que trabalha em Belo Horizonte.

Pelas regras do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o recenseador só é pago quando conclui a pesquisa em sua região com determinada porcentagem de falta de resposta, seja por não ter encontrado ninguém ou por recusa dos moradores após quatro abordagens. “O IBGE não vai dar conta de fechar o Censo em novembro”, pontua a profissional. O plano do instituto é finalizar a coleta de respostas em novembro e divulgar os primeiros resultados em dezembro de 2022.

Outro recenseador, que também atua em BH, trabalha há pouco mais de um mês e não conseguiu finalizar sequer um setor de coleta, principalmente devido, diz ele, à taxa de recusa de respostas. Ele lembra que o IBGE disponibilizou um simulador de remuneração para os recenseadores, baseado na cidade onde o profissional atuaria e nas horas diárias que trabalharia. Segundo a calculadora, ele receberia cerca de R$ 3.000 mensais se trabalhasse 50 horas por semana, valor que não acredita que alcançará. “A simulação de ganhos é completamente errada. Ela considera ganho por hora, como se a população estivesse esperando na porta de casa para responder. Isso não existe”, descreve.

Ele também reclama da falta de ajuda de custo para o dia a dia. “Não tem nem alimentação. Eu ainda estou nessa empreitada porque não tenho que pagar transporte, ou teria saído fora”, pontua.

Ameaças também ficam no caminho do trabalho. Outra recenseadora conta episódios de medo e agressão que viveu na região da Pampulha. “Em uma casa, um homem estava pintando o carro na garagem e disse que iria respondendo às perguntas ali mesmo. Quando pisei para dentro do portão, ele o trancou e entrou dentro de casa. Saiu com uma garrafa de café, dizendo que aquele não tinha "boa noite, Cinderela", e foi me assediando. Nem terminei a pesquisa direito. Em outra casa, uma mulher estava com o saco de lixo para colocar para fora. Cheguei na porta dela e, quando eu disse que era do IBGE, jogou o saco em mim e fechou a porta”, relata. A reportagem questionou o IBGE sobre as condições de remuneração dos recenseadores e aguarda retorno.

IBGE abre mais um concurso com 8.231 vagas para o Censo 2022

O IBGE abriu mais um concurso para recenseadores. São 7.795 vagas para recenseador, que deve ter ensino fundamental completo, e 436 para agente censitário, municipal ou supervisor, com ensino médio completo. Não é a primeira vez que o instituto precisa abrir novas vagas após o início do Censo, em agosto. Interessados devem se candidatar até sexta-feira (16) em um dos postos de inscrição.

No último mês, já houve outros processos seletivos, em meio à desistência de recenseadores por atraso nos pagamentos. Parte dos recenseadores organizou um movimento grevista no início de setembro.

Como reconhecer um recenseador do Censo 2022

A primeira característica são as roupas e o equipamento usados pelos recenseadores: colete e boné azul-marinho que têm a sigla do IBGE e “Censo 2020”. O ano grafado corresponde à previsão inicial para que a pesquisa fosse realizada. Haverá ainda um crachá com identificação do profissional, com nome completo, número da matrícula no instituto, número da carteira de identidade ou CPF e um QR code.

Para garantir que o recenseador é credenciado, basta escanear com o celular o código ou buscar os dados no portal do IBGE. Informações também podem ser conferidas pelo telefone 0800-721-8181.

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