A cebola disparou para o consumidor brasileiro. Em 12 meses até setembro, o alimento acumulou inflação prévia de 116,74% no país, segundo dados do IPCA-15 (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15).
É a maior alta entre os 367 subitens que compõem o indicador, apontam dados divulgados nesta terça-feira (27) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
O quadro de carestia não é diferente no recorte específico das 11 capitais e regiões metropolitanas pesquisadas. Nesses locais, a cebola também foi o subitem que mais avançou no acumulado do IPCA-15. A alta superou os 100% nas 11 metrópoles.
Brasília teve a maior inflação do produto até setembro: 150,57%. Em Curitiba, a alta chegou a 137,43%. Salvador (128,13%), Fortaleza (127,48%), Goiânia (126,88%) e São Paulo (123,24%) vieram na sequência.
Porto Alegre (100,20%) teve o avanço menos intenso do produto entre as regiões metropolitanas, apesar de a escalada ter superado os 100%.
O cultivo da cebola foi impactado pelo clima adverso neste ano. A redução da área plantada também contribuiu para a oferta menor e os preços mais altos, segundo o economista Matheus Peçanha, do FGV Ibre (Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas).
"A alta do preço da cebola vai além do clima. Houve redução na área plantada, e isso se reflete nos valores ao longo do ano", diz.
Em agosto, o quilo da cebola custou R$ 6,44, em média, na capital paulista, de acordo com pesquisa da cesta básica publicada pelo Procon-SP. O preço é 61,8% maior do que o valor registrado em dezembro de 2021 (R$ 3,98).
O índice oficial de inflação no Brasil é o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo), também divulgado pelo IBGE. Como a variação do IPCA é calculada ao longo do mês de referência, o dado de setembro ainda não está fechado. Será conhecido em 11 de outubro.
O IPCA-15, pelo fato de ser divulgado antes, sinaliza uma tendência para os preços. O indicador prévio é coletado entre a segunda metade do mês anterior e a primeira metade do mês de referência da divulgação -neste caso, agosto e setembro.
Na divulgação do IPCA de agosto, ocorrida em 9 de setembro, a alta da cebola também chamou atenção. O produto acumulou inflação de 91,21% até o oitavo mês do ano, segundo o índice oficial.
"A área de plantio foi menor neste ano. Contribuiu para redução da oferta e aumento dos preços. A produção no começo do ano fica mais concentrada no Sul, depois se dissemina", afirmou na ocasião Pedro Kislanov, gerente da pesquisa do IPCA.
Acumulado de 12 meses, até set.2022, em %
Fonte: IPCA-15/IBGE