Uma das doenças mais silenciosas e perigosas preocupa cada vez mais as autoridades de saúde do Brasil: a trombose. A patologia, que se manifesta quando ocorre a formação de coágulos potencialmente fatais nas artérias ou veias, provoca a internação de 113 pessoas por dia, em média, na rede pública. Os dados são de um levantamento feito pela Sociedade Brasileira de Angiologia e de Cirurgia Vascular (SBACV) e merecem atenção neste Dia Mundial da Trombose (13 de outubro).
Mais da metade dos pacientes internados (61%), de acordo com o estudo, que teve como base os dados do Datasus, do Ministério da Saúde, são mulheres. O que pode ser explicado porque o uso de hormônios femininos, sejam anticoncepcionais ou reposições hormonais orais, são fatores de risco para a incidência de trombose. O diagnóstico da doença em mulheres que usam esses medicamentos orais é de 5 mil casos para cada 1 milhão.
O hematologista e diretor do Laboratório São Paulo, Daniel Ribeiro, explica que os anticoncepcionais orais com estrogênios (pílulas conjugadas) causam uma resistência à proteína a ser ativada, que faz com que a pessoa tenha mais pró-coagulante do que anticoagulante circulando no corpo, o que aumenta a incidência da trombose.
“O aumento do risco relativo em relação às mulheres que usam ou não o anticoncepcional pode ser grande. A gente vai ter uma variação de duas a sete vezes mais,” destaca Daniel. Ele ainda ressalta que, em razão disso, antes de usar anticoncepcionais e fazer a reposição hormonal, a mulher deve ficar atenta ao histórico de saúde da família e fazer uma investigação da sua condição, por meio de exames laboratoriais para descobrir o risco da utilização desses medicamentos.
“Há formas de fazer a reposição hormonal e de uso de anticoncepcional que não estão associadas ao aumento de risco, mas é importante ter a orientação de um especialista médico para evitar a possibilidade da trombose. Os medicamentos são importantes para as mulheres, mas elas não devem utilizá-los sem a orientação médica”, enfatiza Daniel.
É possível não ter sintomas?
Os sinais e sintomas da trombose podem ser: dor ou desconforto na panturrilha ou coxa, aumento da temperatura e inchaço da perna, pés ou tornozelos, vermelhidão e/ou palidez, sensações e/ou falta de ar, dor no peito (que pode piorar com a inspiração), taquicardia, tontura e/ou desmaios. Mas, é possível uma pessoa ter a doença e não apresentar sintomas?
O médico afirma que é muito raro, mas acontece. “Não infrequentemente, a gente pega isso em pacientes que estão em tratamento de câncer, fazendo quimioterapia e vão ser submetidos a tomografias pra fazer um estadiamento do tumor (para ver se o procedimento está funcionando ou não) e a gente acha uma trombose que não se manifestou clinicamente. A gente chama de tromboses incidentais. Não é o comum. O normal é que se apresente sintomas,” revela.
Quais são as principais complicações da trombose?
- Insuficiência venosa crônica ou síndrome pós-trombótica;
- Inchaço crônico da perna afetada e/ou dor acompanhado de varizes;
- Mudanças na pele, que pode se tornar mais escura e seca;
- Eczema, coceira muito forte que pode levar a uma ferida de difícil cicatrização;
- Embolia pulmonar (EP). Essa última apresenta alto índice de mortalidade
Quais são as principais formas de prevenir a trombose?
- praticar exercícios físicos regularmente;
- evitar o consumo de álcool e tabagismo;
- manter uma dieta equilibrada.
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