Dos 36 deputados do partido 19 são favoráveis a Lira na eleição para a presidência da Câmara, marcada para 1º de fevereiro. Assinaturas de 4 deles ainda precisam ser confirmadas. Deputados dissidentes do PSL conseguiram nesta terça-feira (19) assinaturas suficientes para que o partido deixe o bloco de Baleia Rossi (MDB-SP) e faça adesão ao de Arthur Lira (PP-AL) na disputa pela presidência da Câmara.
A bancada atual do PSL na Câmara tem 36 parlamentares. Com a assinatura de mais quatro deputados, são agora 19 os favoráveis ao grupo de Lira na eleição, marcada para 1º de fevereiro.
Os quatro parlamentares que decidiram assinar a lista de apoio a Lira são: Luiz Lima (RJ), Charlles Evangelista (MG), Delegado Pablo (AM) e Nicoletti (RR). Eles já protocolaram ofícios informando a decisão, mas a inclusão das quatro assinaturas e a adesão ao bloco ainda precisarão ser confirmadas pela Câmara.
Havia uma polêmica porque uma lista inicial foi apresentada com 32 signatários, mas incluía as assinaturas de 17 que estão suspensos pelo partido em razão de divergências com a cúpula da legenda e não poderiam ser contabilizados.
Como eram apenas 15 que pediam a participação no bloco de Lira, prevaleceu a vontade da maioria até então, liderada pelo deputado Luciano Bivar (PSL-PE), que é presidente nacional da legenda.
Aliados de Lira, porém, argumentam que agora são 19 parlamentares no exercício pleno de suas funções assinando o documento, o que dá maioria absoluta na bancada.
A questão chegou a ser levada para que a Mesa Diretora da Câmara validasse as assinaturas dos suspensos, mas não houve definição e só deixou evidente o embate entre grupos adversários na corrida pela presidência da Câmara.
Dos sete integrantes da Mesa, quatro apoiam Lira. Os demais três, incluindo o atual presidente, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e Bivar, defendem o nome de Baleia.
Embora houvesse maioria para a validação do apoio a Lira, o caso acabou adiado em razão de um pedido de vistas feito por Bivar - estratégia que teve o aval de Maia.
Pelo regimento, com o pedido de vista, seria preciso aguardar duas sessões do plenário para a Mesa poder voltar a deliberar sobre o assunto.
Na prática, como o Congresso Nacional está em recesso parlamentar, as atividades legislativas só serão retomadas em fevereiro, após a eleição.
Com isso, o pleito dos dissidentes do PSL não seria analisado a tempo da votação, e o PSL permaneceria no bloco de Baleia.
A manobra revoltou os aliados de Lira. Agora, com as quatro assinaturas adicionais do PSL, eles tentam articular a convocação de uma nova reunião para as 17h desta terça-feira a fim de definir a validade das novas assinaturas e formalizar a adesão do PSL ao bloco de Lira.
Crise no PSL
O racha no PSL surgiu em 2019, primeiro ano do governo Bolsonaro, e se agravou após o presidente da República fazer críticas públicas ao presidente do partido, Luciano Bivar. O partido então se dividiu em duas alas: a bivarista e a bolsonarista.
Os deputados ligados a Bivar passaram a acusar os parlamentares bolsonaristas de ataques à legenda e de indisciplina.
A crise chegou a refletir na disputa pelo comando da liderança da legenda na Câmara, com uma guerra de listas pelo cargo, opondo Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), filho do presidente, e o deputado Delegado Waldir (PSL-GO), ligado a Bivar.
Agora, com as eleições para a presidência da Câmara, os deputados próximos ao presidente Jair Bolsonaro articularam para mudar o PSL de lado na disputa. Com a maioria das assinaturas dentro da bancada, a sigla defende o nome de Arthur Lira, apoiado por Bolsonaro, e não Baleia Rossi, nome preferido por Bivar na eleição.
Conselho de Ética
O caso também foi parar no Conselho de Ética do PSL, que analisa processos disciplinares contra 20 dos deputados que assinaram a lista a favor de Lira, contrariando a decisão da cúpula do partido.
O colegiado chegou a se reunir nesta terça para deliberar sobre as representações, mas não houve decisão e uma nova audiência deverá ser marcada.
As representações pedem punições aos dissidentes, que poderão incluir até expulsão do partido. A punição, porém, tem que ser confirmada pela Executiva Nacional e, depois, pelo Diretório Nacional do partido, a quem cabe a palavra final.