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BRASIL

Por que a gasolina está aumentando de preço em Minas? Veja motivos


Quem foi ao posto de combustível nos últimos dias observou que depois de seguidas reduções nos preços, as cifras voltaram a subir, mesmo que ainda timidamente em Belo Horizonte e região metropolitana. O encarecimento na capital foi de 1,34% para a gasolina e 7,13% sobre o etanol, conforme pesquisa do Mercado Mineiro. O cenário foi observado em outras cidades brasileiras, de acordo com Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP).

Mas porque o preço da gasolina e do etanol está subindo no Brasil, mesmo sem reajustes da Petrobras, que são solicitados pelo mercado há seis semanas? Em Minas, o Sindicato do Comércio Varejista de Derivados do Petróleo (Minaspetro) argumentou que a oscilação nos valores reflete o ajuste realizado pelas usinas produtoras de álcool, que passaram o preço do etanol anidro no mesmo período de R$ 2,87 para R$ 3,10, resultando em um aumento de 10,3%.

"Vale lembrar que 27% do preço final da gasolina brasileira é composto pelo etanol anidro", justifica o comunicado do sindicato. O Minaspetro também atribui ao reajuste das usinas o encarecimento observado sobre o etanol. “A justificativa também é o reajuste realizado pelas usinas, que ficou em 17% nas últimas três semanas (de R$ 2,31 para R$ 2,72)”, complementou.

Além disso, na avaliação do economista do Observatório Social do Petróleo e do Instituto Brasileiro de Estudos Políticos e Sociais (Ibeps), Eric Gil Dantas, o mercado brasileiro sofre interferência de refinarias privatizadas que seguem, à risca, a política de Preços de Paridade de Importação (PPI) adotada pela Petrobras.

Um exemplo é a Refinaria de Mataripe (Acelen) na Bahia. Nas últimas semanas, o preço da gasolina que sai de lá foi reajustado em 9,7%, enquanto o do diesel S-10 teve alta de 11,3%. “Esse reajuste fica mais concentrado na Bahia e em Sergipe”, diz Eric ao lembrar que a Petrobras, atualmente, responde pelo abastecimento de 72% do volume de diesel no Brasil, e cerca de 94% da gasolina.

A opinião é corroborada pelo economista André Braz, do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (FGV Ibre), que também cita outro aspecto. “Há também a concorrência entre os postos. A gente vê circulando por qualquer grande capital, bairros de uma mesma cidade têm níveis de preços diferentes. E essa é uma dinâmica que se regula a todo tempo. Os postos se posicionam em comparação à concorrência”, assinala Braz.

Na avaliação de Braz, os reajustes promovidos por refinarias privatizadas é normal e seguem uma lógica de mercado, “Não vão operar no prejuízo, tem que seguir o mercado internacional para continuarem refinando. A mesma posição é esperada da Petrobras. Geralmente se espera um pouco para reduzir a volatilidade do petróleo no mercado internacional para reajustar, mas a gente sabe que às vésperas de uma eleição disputada como a atual não deixa de ser um medo subir o preço dos combustíveis”, opina o economista da FGV.

O aspecto eleitoral também foi citado por Eric Gil Dantas. Ele lembrou que a média de dias utilizada pela estatal para alterar os preços de combustíveis é de 27, para a gasolina, e 33 para o diesel. Entretanto, o Brasil não observa reajuste na gasolina há 55 dias e 37 dias para o diesel. “É importante lembrar que a gente já está com um tempo maior para reajuste do que a gente tem historicamente de média”, destaca o economista.

Dados publicados pela Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis (Abicom) nesta quinta-feira (27) indicam que a defasagem do preço da gasolina no Brasil, em comparação ao custo internacional, que leva em consideração as taxas de importação, é de R$ 0,61. Para o diesel S-10, o valor é maior de R$ 0,98, conforme a Abicom. Na última terça-feira, o Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE) divulgou estudo informando que a Petrobras está vendendo gasolina nas refinarias abaixo do PPI há seis semanas no Brasil.

“Com certeza vão fazer um reajuste já na sequência (do segundo turno das eleições). Acho até que pode demorar mais de uma semana para evitar impactos à imagem da empresa, mas com certeza vamos ter um reajuste desses valores”, projetou Eric Dantas. André Braz, da FGV Ibre, também acredita em aumento nas cifras após o término das eleições. Segundo ele, em suma, a Petrobras aguarda cerca de três semanas para avaliar a volatilidade em torno do custo do barril de petróleo no mercado internacional para promover mudanças nas tarifas.

Atualmente, a cotação está em US$ 94, mas já esteve abaixo de US$ 90 e acima do atual valor desde meados de setembro e no decorrer de outubro. “Agora não é mais volatilidade. Se fica três semanas em um novo patamar, é indicação de que está subindo. Então é provável que, depois das eleições, tenha que fazer ajustes no preço”, destaca André Braz.

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