Quatro policiais militares rodoviários prestaram continência para manifestantes bolsonaristas que bloqueavam a rodovia Cândido Portinari, em Franca , no interior de São Paulo, em meio ao movimento de contestação ao resultado das urnas nas eleições 2022. A ação foi registrada em vídeo, com um celular, na noite desta terça-feira (1/11).
A Polícia Militar afirmou, por meio de nota encaminhada pela Secretaria da Segurança Pública (SSP), que, "tão logo tomou conhecimento dos fatos", acionou a Corregedoria da instituição "para apuração e providências referentes ao caso."
Nos registros, os policiais batem continência, como se estivessem posando para uma fotografia. "É disso que estou falando, é disso!", grita um homem, enquanto os policiais militares, lado a lado, mantêm-se na posição por alguns segundos. Eles são aplaudidos.
Depois, os agentes caminham em direção aos manifestantes. Um dos PMs chega a fazer um sinal afirmativo com ambas as mãos e, em seguida, vibra junto com os manifestantes presentes na via.
Quatro policiais militares rodoviários prestaram continência para manifestantes bolsonaristas que bloqueavam a rodovia Cândido Portinari, em Franca (SP), em meio ao movimento de contestação ao resultado das urnas nas eleições 2022. A ação foi registrada na terça (1º). pic.twitter.com/E3fq0yaDcV
— O Tempo (@otempo) November 2, 2022
A reportagem apurou que os policiais estão lotados na 4ª Companhia do 3º Batalhão de Polícia Rodoviária, mas a identificação deles ainda não foi divulgada. Além disso, tentou contato com o batalhão na manhã desta quarta (2), mas ninguém atendeu aos telefonemas.
O candidato derrotado Jair Bolsonaro foi o mais votado em Franca no primeiro e segundo turnos. Na votação de domingo (30), o atual presidente teve 119.713 votos, o que representa 63,8% dos votos válidos. Lula ficou com 36,1%, somando 67.686. Os dados são do TSE (Tribunal Superior Eleitoral).
Protestos
Os protestos de bolsonarismo começaram após a vitória de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nas eleições presidenciais, no último domingo (30). Os atos podem ser tipificados como crime contra as instituições e gerar punições para ativistas, policiais e autoridades.
Na manhã desta terça (1º), o governador Rodrigo Garcia (PSDB) anunciou que serão aplicadas multas de R$ 100 mil por hora para cada veículo que obstruir vias no estado de São Paulo. Além disso, os manifestantes serão fichados e, eventualmente, podem ser presos. Os policiais militares podem fazer uso de força policial em caso de resistência.
Garcia afirmou que, desde segunda-feira (31), a polícia de São Paulo tenta dialogar e negociar com manifestantes que paralisam as vias públicas do estado e, a partir da decisão do STF (Supremo Tribunal Federal), as negociações se encerraram e, assim, passam a ser aplicadas essas decisões judiciais.
O setor de inteligência da Polícia Rodoviária Federal paulista realiza um trabalho de identificação de lideranças, e eventuais financiamentos, dos bloqueios promovidos por bolsonaristas nas rodovias federais de São Paulo.
Até a noite desta terça (1/11), dois suspeitos haviam sido presos, por supostamente incitar pessoas a bloquear rodovias. As detenções ocorreram em Guarulhos, na Grande São Paulo, e em São José do Rio Preto (a 443 km de SP).
O procurador-geral de Justiça, Mario Sarubbo, afirmou, por meio de sua assessoria de imprensa, ter constituído na segunda-feira (31) um núcleo de atuação integrada para investigar as circunstâncias em que ocorrem os bloqueios. O grupo é constituído por membros da Promotoria de Justiça da Habitação e do Urbanismo da Capital e do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado). (?ALFREDO HENRIQUE/Folhapress)
A declaração de manifestantes que fecham rodovias - estaduais e federais - pelo país sobre a existência de uma fraude nas eleições deste ano não encontra amparo legal. A Justiça Eleitoral, além de entidades nacionais e internacionais que participaram da fiscalização do pleito, confirmaram a lisura do processo. Da mesma forma, a possibilidade de uma "intervenção militar" com base no artigo 142 da Constituição, pedida por grupos de manifestantes, não tem respaldo na lei brasileira e pode resultar em processo judicial para quem fizer esse pedido.
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