Vencedor do Prêmio Nobel da Paz em 1980, o argentino Adolfo Pérez vai ministrar uma conferência online nesta segunda-feira (07) na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). A aula está marcada para 14h e vai ser transmitido no canal da Coordenadoria de Assuntos Comunitários (CAC) da instituição no youtube.
Pérez é escultor, arquiteto, professor e ativista dos direitos humanos. Ele completará 91 anos em novembro e é vinculado à Universidade Nacional de Buenos Aires. À UFMG, ele vai falar sobre direitos humanos e democracia.
Aconferência terá participação, como debatedoras, da professora Sonia Winer, colega de Esquivel na instituição argentina, e das docentes da UFMG Ana Maria Gomes, da Formação Intercultural em Educação Indígena (Fiei), e Maria Fernanda Salcedo Repolês, do Projeto Polos de Cidadania.
Haverá tradução em português (consecutiva) do professor Phellipy Jácome, da Fafich, e em Libras, a cargo de intérpretes do Núcleo de Acessibilidade e Inclusão (NAI).
Na Universidade Nacional de Buenos Aires, Adolfo Pérez Esquivel conduz a disciplina Cultura para a paz e para os direitos humanos. O ativista é presidente honorário do Serviço Paz e Justiça na América Latina, que ele próprio criou na década de 1970. A organização tem presença forte no Brasil, segundo o professor aposentado Miguel Mahfoud, do Departamento de Psicologia da Fafich. “Esquivel sempre manteve diálogo com movimentos sociais no Brasil, com foco em direitos humanos e na ideia de não violência”, diz.
Mahfoud destaca que o Nobel da Paz defende o conceito e a prática da resistência cultural. “Esquivel parte do pressuposto de que a vida em sociedade tem força para propor os temas do debate político, para dar direção à política. E isso é importante para garantir o respeito aos direitos humanos, que, para ele, são indissociáveis da democracia”, afirma o professor da UFMG. "Ouvi-lo em conferência e homenageá-lo é reconhecer e enfatizar que o trabalho das universidades tem incidência na política, em sentido amplo.”
Nascido em Buenos Aires, Adolfo Pérez Esquivel teve desde cedo educação católica, que logo começou a questionar. Começou a trabalhar aos 12 anos de idade e, na década de 1960, atuou em movimentos cristãos de base, já com foco na não violência. Em 1977, foi preso pelo regime ditatorial argentino; ficou 14 meses na prisão, onde sofreu tortura. Já nos anos 2000, participou ativamente do processo judicial que levou o general Jorge Rafael Videla à prisão perpétua pelos crimes cometidos à frente do governo de exceção.
Membro de diversas organizações internacionais de defesa dos direitos humanos e do meio ambiente, Esquivel publicou seis livros, entre os quais está a compilação de cartas e artigos como "Resistir em la esperanza", lançada em 2011. Ele produziu obras que estão em diferentes países, como o Monumento aos Refugiados, instalado na sede do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (Acnur), em Genebra, Suíça.
A iniciativa e a organização da conferência de Esquivel são de Miguel Mahfoud e das professoras Erika Lourenço, Sônia Pessoa, ambas da Fafich, e Terezinha Rocha, da Faculdade de Educação. A participação no evento renderá certificado.