Um homem com licença de CAC (sigla para caçador, atirador desportivo e colecionador) atingiu o próprio filho de 9 anos com um disparo, em Ceilândia, no Distrito Federal. O caso ocorreu em 8 de novembro e está sendo investigado pela Polícia Civil como sendo acidental.
Em depoimento à polícia, o colecionador disse que estava na casa de parentes e, ao se sentar no sofá, a arma disparou. A pistola da marca Taurus estava na cintura do homem e o tiro atingiu o pé direito da criança, que estava do outro lado do cômodo. O menino foi levado para um hospital particular, onde passou por uma cirurgia. A polícia foi acionada por funcionários da unidade de saúde assim que a criança deu entrada no hospital.
De acordo com as investigações, o CAC estava armado pois pretendia ir a um clube de tiro para treinar. A pistola foi apreendida e enviada para perícia. Segundo a polícia, não houve indícios suficientes para lavratura de auto de prisão em flagrante. Por isso, a ocorrência foi registrada e o atirador, que não teve a identidade informada, foi liberado.
O caso é investigado pela 24ª Delegacia de Polícia, em Ceilândia, como lesão corporal culposa –quando praticada por imprudência, negligência ou imperícia, e não com a intenção de ferir a vítima. Peritos do Instituto de Criminalística foram acionados para vistoriar o local onde ocorreu o disparo. A vítima deverá passar por exame de corpo de delito no Instituto Médico-Legal, quando receber alta do hospital.
A autorização concedida pelo Exército ao CAC permite o transporte apenas no trajeto de casa, ou local de guarda, até o local de treinamento, como clube de tiro. Flexibilizações da regra, porém, vêm transformando a permissão, na prática, em um porte automático. As pessoas que têm registro como atiradores podem adquirir de revólveres a fuzis de repetição, com o direito de possuir até 60 armas, sendo 30 de uso restrito, como fuzis. Os caçadores podem ter até 15 armas com alto poder de fogo. Não há limite de armamento para colecionadores.
Essas categorias têm sido as mais beneficiadas por normas editadas na gestão Jair Bolsonaro (PL) que facilitaram o armamento da população. No país, o número de armas de fogo nas mãos dos CACs chegou a 1 milhão em julho deste ano. O crescimento foi de 187% em relação a 2018, quase cinco vezes, antes do atual governo. Os dados são do Exército obtidos via LAI (Lei de Acesso à Informação) pelos institutos Sou da Paz e Igarapé. (Folhapress)
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