Manter o funcionamento de bares e restaurantes em Minas Gerais é um desafio para empresários do setor em meio à inflação sobre alimentos e bebidas de mais de 10% no ano . Atualmente, segundo pesquisa da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel) no Estado, 57% dos empresários afirmam não conseguir repassar todos os gastos adicionais do encarecimento dos produtos nos cardápios.
O levantamento ouviu 164 empresários do setor. Dentro deste grupo, 29% fizeram aumentos abaixo da média nos últimos 12 meses; 28% não conseguiram realizar nenhum ajuste; e outros 33% só reajustaram os preços exatamente para acompanhar os índices inflacionários. Por outro lado, apenas 9% disseram ter conseguido aumentar o cardápio acima do índice oficial.
O quadro é ainda mais complicado quando se analisa a inflação dos principais insumos: os alimentos e bebidas subiram 12,7% nos últimos 12 meses, segundo o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), enquanto subida dos preços no setor de alimentação fora do lar foi de 7,3% (a média geral está em 6,47%).
“A inflação é um problema que nos aflige diretamente. O setor não tem conseguido repassar os aumentos nos custos e isso diminui a margem de lucro. Mesmo assim, seguimos com esperança de ter um fim de ano com aumento no faturamento graças à Copa do Mundo e às festas de confraternização”, analisa o presidente da Abrasel-MG, Matheus Daniel.
A pesquisa da Abrasel mostrou também que 50% das empresas do setor, em Minas Gerais, trabalharam com lucro em setembro, enquanto 30% ficaram em equilíbrio ao passo que 19% operaram com prejuízo. As dívidas com o Simples Nacional, regime do qual fazem parte 87% das empresas de alimentação fora do lar no estado, também continuam altas.
Três a cada 10 donos bares e restaurantes entrevistados, que são optantes dessa modalidade de imposto, estão em atraso com o pagamento de parcelas. Ainda segundo o levantamento, do total de empresas inscritas, 42% disseram ter feito adesão ao Relp, programa de reescalonamento de débitos. “A nossa pesquisa também revela que 56% das empresas que estão no Simples têm a perspectiva de se desenquadrarem do regime fiscal diferenciado se os limites não forem aumentados conforme proposta que tramita na Câmara Federal”, destaca Matheus Daniel.
A proposta a qual o dirigente da Abrasel Minas Gerais se refere prevê uma mudança do teto para as microempresas e empresas de pequeno porte. Nas primeiras ele passaria de R$ 360 mil para R$ 869 mil. E para as segundas, de R$ 4,8 milhões para R$ 8,6 milhões. No entanto, o PL precisa ser votado ainda este ano para que possa já valer em 2023.
A Copa do Mundo no Catar também foi tema da pesquisa com os donos de bares e restaurantes no estado e embora o megaevento esportivo seja do outro lado do mundo, promete aquecer o setor por aqui. Quase 50% dos empresários ouvidos vão exibir os jogos em seus estabelecimentos. Deste grupo, 36% irão ambientar as casas com o tema e 16% pretendem até mesmo realizar eventos durante o mundial.
Entre as iniciativas previstas, 52% disseram que irão realizar ações de marketing no período tendo a Copa como tema, 29% terão promoções especiais para atrair clientes e outros 29% pretendem criar pratos ou drinks temáticos. Nem mesmo o delivery deve ficar de fora: 32% dos empresários ouvidos preveem ações especiais para as entregas durante o torneio de futebol na Ásia.