Os policiais lotados no 27º Batalhão foram acusados de lesão corporal, abuso de autoridade, exposição da vida de uma criança ao risco e falsidade ideológica. Logo, o Ministério Público mineiro pede a exclusão dos militares dos serviços operacionais e preventivos no bairro Vila Esperança II, onde aconteceu a abordagem. O inquérito instaurado pela própria Polícia Militar aponta legitimidade na ação policial. Vale dizer que, após imagens da ação, captadas por câmeras de monitoramento, viralizarem nas redes, a PM divulgou um vídeo alegando que “os criminosos contumazes daquela área, descontentes com essas operações, hostilizaram e cercaram uma viatura que fazia o patrulhamento ordinário pelo local”. O entendimento da promotoria, porém, foi outro.
Conforme o promotor de Justiça Hélvio Simões Vidal, “os cidadãos em momento algum oferecem resistência às ordens dadas pelos militares”. “Inclusive, quando da abordagem, estavam apenas consumindo cerveja na calçada, tratando-se de um domingo de comemoração do dia dos pais”, pontua o magistrado que assina a denúncia. O caso foi distribuído para a 2ª Auditoria de Justiça Militar, em Belo Horizonte. Na ocasião, a reportagem do Estado de Minas teve acesso às imagens de duas câmeras de monitoramento que mostram quando duas viaturas chegam ao local. Às 15h47, os PMs, logo após saírem do carro, apontam armas para quatro homens que estavam na calçada. Mesmo sem oferecer resistência, um deles leva um tiro com bala de borracha e cai no chão.
Em seguida, uma mulher, de vestido azul, que estava dentro do imóvel, aparece na rua. Ela aparenta estar aflita e permanece com os braços parcialmente levantados. Posteriormente, um dos homens que estavam na calçada é imobilizado no chão, algemado e levado para o camburão da PM. No caminho para a viatura, ele cai e é atingido por um chute de um policial. Por fim, o rapaz é colocado dentro da viatura.
Em um segundo vídeo, às 16h02, outro homem é puxado pelo braço por um dos PMs. Na sequência, outro policial arremessa um pneu no rosto dele. Com o impacto do golpe, o rapaz desmaia e cai. Uma criança presenciou toda a cena – fato que foi destacado pelo juiz na peça acusatória. Segundo ele, dois dos policiais contribuíram de forma direta para “expor a vida de uma criança de tenra idade que se encontrava no palco de operações, contra a qual houve o perigo direto e iminente”. Para o magistrado, todos os policiais denunciados participaram e contribuíram “em consciência de cooperação comum para a prisão ilegal e arbitrária dos quatro indivíduos”. À época dos fatos, a Polícia Civil também instaurou um inquérito. As investigações seguem em curso.