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Educação

Unicamp mantém 'tabu' de prova nunca gabaritada e classifica para 2ª fase estudante que deixou de responder às questões; entenda


Próximas avaliações da universidade estadual serão aplicadas em 11 e 12 de dezembro. Um dos candidatos passou com atribuição de ponto geral por questão anulada e com regra de edital. Candidatos durante a 1ª fase do vestibular 2023 da Unicamp

Leandro Ferreira/g1

A Unicamp manteve no vestibular 2023 um "tabu" de nunca ter registrado prova "gabaritada" (100% de acertos por um participante) na 1ª fase desde que ela passou a ter questões testes, na edição 2020. Além disso, dados da comissão organizadora (Comvest) mostram que foram classificados para a 2ª fase quem teve mínimos de acertos entre 1 - deixou de responder à prova, mas foi beneficiado pelo ponto atribuído a todos após uma questão anulada e por regra do edital - e 64. Entenda abaixo.

A universidade oferece 2.540 vagas em 69 cursos de graduação e a lista com 12.708 convocados para a 2ª fase foi divulgada na terça. Nesta quarta-feira, a Comvest deve publicar as notas individuais, enquanto os locais de prova serão confirmados em 3 de dezembro pela instituição estadual.

A prova de 1ª fase teve 72 questões testes e ocorreu em 6 de novembro. Já as próximas avaliações são da modalidade dissertativa e serão aplicadas aos estudantes em 11 e 12 de dezembro.

VEJA LISTA DE APROVADOS PARA A 2ª FASE

'Tabu' mantido

Segundo a Comvest, a 1ª fase do vestibular 2023 teve três candidatos - dois para o curso de medicina e um de engenharia química - que chegaram próximos de mudar o retrospecto, mas não conseguiram. Eles acertaram 71 das 72 questões aplicadas para os 56,6 mil candidatos participantes.

Na edição 2020, o vestibular chegou a ter 90 questões, mas posteriormente a Unicamp decidiu reduzir a quantidade diante dos impactos na área de educação provocados pela pandemia da Covid-19.

1ª fase do vestibular da Unicamp - formato de testes

Acertos mínimos para 2ª fase

O levantamento da Comvest diz que a menor exigência de acertos dos últimos convocados para chegar à 2ª fase foi registrada no curso de tecnologia em saneamento ambiental, no período noturno.

Neste caso, um participante da 1ª fase que teve contabilizado apenas um acerto entre as 72 questões foi beneficiado pelo fato de que a Unicamp atribuiu um ponto para todos os participantes em virtude da anulação de uma questão de geografia e, com isso, ele não zerou. Além disso, o edital estabeleceu que a concorrência mínima na 2ª fase deve ser de quatro candidatos por vaga quando há baixa demanda, e o curso já estava nesta faixa - 199 candidatos para 49 oportunidades - sem as abstenções.

O resultado final indica 178 aprovados para a 2ª fase, dos quais 150 são treineiros. A diferença em relação ao total de inscritos equivale às 21 ausências na prova de novembro, diz a Comvest.

O diretor da comissão, José Alves de Freitas Neto, explicou que, desconsiderando-se este caso, a menor pontuação foi de 16 acertos e registrada para um candidato ao mesmo curso.

"Como houve uma questão anulada e com um ponto atribuído a todos os candidatos, a pessoa que não respondeu à prova teve um ponto automático. E, de acordo com as regras do edital, são convocados para a segunda fase, no mínimo, 4 candidatos por vaga, desde que não zere a prova. Tecnicamente a pessoa não pode ser desclassificada pois sua nota é diferente de zero", explicou.

Com isso, todos os participantes inscritos no curso foram automaticamente para a 2ª fase.

O diretor da Comvest, José Alves de Freitas Neto

Antoninho Perri / Unicamp

VEJA AQUI A PONTUAÇÃO MÍNIMA POR CURSO

Variações em medicina

Por outro lado, a menor pontuação mínima mais elevada foi registrada para o curso de medicina: 64 para quem não é contemplado por cotas étnico-raciais, nem pelo Programa de Ação Afirmativa e Inclusão (PAAIS), que atribui automaticamente na 1ª e 2 fase as seguintes pontuações na nota final: 20 para quem cursou integralmente o ensino fundamental em escolas públicas, 40 para quem fez o ensino médio apenas em escolas públicas, e 60 para quem esteve na rede durante os dois períodos.

Com isso, cotistas beneficiados com a pontuação máxima do PAAIS, por exemplo, precisaram de pelo menos 53 acertos na prova para disputar a 2ª fase em medicina, mostra o levantamento da Comvest.

"A oscilação entre alunos que participam de programas de ação afirmativa e os de ampla concorrência é autoexplicativa. Se todos tivessem o mesmo desempenho, não haveria necessidade de uma política dessa natureza. O importante é observar que as variações não são tão grandes na maioria dos cursos", ressaltou Freitas Neto.

Além disso, o diretor da Comvest explicou como a Unicamp chega à chamada "nota de corte".

"A nota mínima exigida é o resultado de um cálculo que exige que cursos de alta demanda convoquem dez candidatos por vaga. Os demais cursos são seis candidatos por vaga, e nos de menor demanda há quatro candidatos para cada vaga. Portanto, num curso como medicina, procuramos o candidato da posição 860 [número dez vezes maior que o total de oportunidades] e vemos o total de acertos dele. Esse candidato e todos os que tiverem a mesma nota serão convocados para a etapa posterior", ressaltou.

Candidatos na prova da 1ª fase do vestibular 2023 da Unicamp

Leandro Ferreira/g1

Como serão as provas?

Na segunda-feira, a universidade estadual confirmou que terá pela primeira vez, nesta 2ª fase, aplicações de provas coloridas com objetivo de deixá-las mais didáticas para os participantes.

Conteúdo

De acordo com a Comvest, em cada dia da 2ª fase o candidato faz uma avaliação formada por questões dissertativas. "As provas têm uma parte comum para todos os candidatos e uma parte diversificada, de acordo com a área de conhecimento do curso escolhido em 1ª opção (ciências biológicas/saúde; ciências exatas/tecnológicas, ciências humanas/artes)", explicou a instituição.

Em cada um, os candidatos têm até cinco horas para responder às perguntas.

Questão dissertativa: 4 pontos cada

Cada questão tem dois itens: 2 pontos cada item

Domingo: mesma prova para todos

Redação: duas propostas de textos para que o candidato escolha e execute apenas uma;

Língua portuguesa e literaturas de língua portuguesa, com seis questões;

Duas questões interdisciplinares em língua inglesa;

Ciências da natureza (interdisciplinar): duas questões;

Segunda-feira: provas comuns a todos os candidatos

Matemática: seis questões;

Ciências humanas (interdisciplinar): duas questões;

Segunda-feira: provas de conhecimentos específicos

Candidatos da área de ciências biológicas/saúde: seis questões de biologia e seis questões de química;

Candidatos da área de ciências exatas/tecnológicas: seis questões de física e seis questões de química;

Candidatos da área de ciências humanas/artes: seis questões de geografia e seis questões de história, englobando conteúdos de filosofia e sociologia;

O calendário do vestibular foi definido de maneira conjunta entre responsáveis pelos vestibulares das universidades públicas de São Paulo, para evitar que datas coincidam e ainda facilitar a participação de candidatos nos exames. A primeira lista de aprovados será divulgada em fevereiro de 2023 e o semestre letivo começa no mês de março e a Unicamp prevê até oito chamadas de aprovados.

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A Unicamp, na prova de 1ª fase, abordou temas como transfeminismo, a presença do cristianismo em comunidades periféricas e o uso de selfies e linguagens da internet como recursos de comunicação. Confira aqui a lista de assuntos e a repercussão com estudantes.

Além disso, o exame percorreu assuntos como resistência à ditadura no Brasil, pandemia, saúde mental - uso de manicômios e hospícios no país, reservas extrativistas e Amazônia, além do uso de armas e massacres registrados em países como Canadá e Estados Unidos.

O índice de abstenção foi de 8,14%, informou a comissão organizadora.

Conteúdo da prova (questões)

12 de língua portuguesa e literatura

12 de matemática

8 de cada disciplina: biologia, física, geografia/sociologia, história/filosofia, inglês e química

A avaliação seguiu o modelo da edição anterior do vestibular e foi aplicada em 31 cidades de São Paulo, além de Belo Horizonte (MG), Brasília (DF), Curitiba (PR), Fortaleza (CE) e Salvador (BA).

Os dez cursos mais concorridos

Medicina - 293,87 candidatos por vaga (c/v)

Arquitetura e urbanismo - 83

Ciência da computação - 75,85

Ciências biológicas - 49,79

Engenharia de computação - 44,7

Comunicação social - midialogia - 39,58

Farmácia - 32,5

Enfermagem - 28,5

Ciências Econômicas (integral) - 29,61

História - 27,47

Cronograma

Divulgação dos locais de prova da 2ª fase: 3 de dezembro de 2022;

2ª fase: 11 e 12 de dezembro de 2022;

Provas de habilidades específicas: 4 a 6 de janeiro de 2023;

Divulgação da primeira chamada: 6 de fevereiro de 2023;

Matrícula on-line da primeira chamada: 7 a 9 de fevereiro de 2023;

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