Segundo Roberto Andrés, professor da Escola de Arquitetura da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), os integrantes do Conselho de Mobilidade Urbana de Belo Horizonte esperam que o adiamento sirva para "ouvir a sociedade''.
"Desde que o projeto veio à tona, muitas pessoas se manifestaram. Estamos percebendo que a população está muito preocupada com os cortes de árvores e retirada de calçadas, deixando as ilhas no lugar. Isso seria feito na Afonso Pena toda, mas essas ilhas expõem mais os pedestres, além de aumentar o tempo de travessia, já que o sinal será sincronizado para os veículos, não para pedestres".
LEIA - Especialistas pedem que obra na Afonso Pena seja discutida com a populaçãoEle afirma que entre as
sugestões de mudança estão as intervenções nas esquinas e cortes de árvores. "A maior parte das árvores está nas calçadas, elas serão cortadas para fazer ilhas e aumentar a parte de asfalto. Se fizer a revisão, 90% não precisa ser cortada. As ciclovias e pistas exclusivas para ônibus são importantes, o que está se pedindo são ajustes. Grande parte dos movimentos da cidade são a favor desses elementos".
Segundo a Prefeitura de BH, a Superintendência de Mobilidade Urbana de Belo Horizonte e a BHTrans estão avaliando todas as contribuições, sugestões e críticas, formais e informais.
Embora ainda não apresentem mudanças em relação aos questionamentos dos conselheiros sobre as calçadas, ilhas e cortes de árvores, há esperança de conversa nos próximos dias. "Estamos na expectativa que a PBH vai escutar o anseio e fazer o ajuste solicitado. Acreditamos que ele tornará o projeto até mais barato, pois teriam menos intervenções programadas", finaliza Roberto Andrés.
Outros cortes de árvores
Em meio à polêmica de cortes de árvores para priorizar transportes e aumentar pistas em na capital mineira, ambientalistas e ONGs de BH questionam a falta de respostas sobre outro levantamento que prevê supressão de diversas espécies para melhorar o trânsito em algumas avenidas.
São cerca de 282 árvores com risco de corte nas Avenidas Afonso Pena, Abílio Machado, Brigadeiro Eduardo Gomes, Padre Pedro Pinto, Nossa Senhora do Carmo e Augusto de Lima, segundo afirma Antônio Lages, do projeto Pomar BH e represente dos coletivos.
Embora os documentos da PBH, que o grupo teve acesso, afirmem a reposição de cerca de 450 árvores, mais que a quantidade retirada, as novas plantas não foram especificadas e não devem produzir os mesmos benefícios que àquelas já existentes.
"Não é justo, porque uma árvore que está há anos plantada, gera um grande benefício para a população e meio ambiente. Melhora a qualidade do ar, ajuda na recarga hídrica, dá frutos, sombra e mais. O tempo que vai levar para 12 árvores produzirem o benefício de uma palmeira grande, é grande. Serão muitos anos até lá".
Segundo a PBH, o documento em questão trata-se de um estudo e ainda cabem mudanças. "No momento, está sendo realizado um levantamentos sobre a supressão e transplantio de árvores no local. É importante reforçar que, se preciso, os serviços só serão efetivados com o início do projeto, após aprovação dos órgãos responsáveis e com medidas de compensação ambiental definidas", afirmam em nota.