O MP-RJ (Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro) acusa Glaidson Acácio dos Santos, 38, conhecido como o "faraó dos bitcoins", de perseguir e mandar assassinar quem ameaçava seus negócios. As novas denúncias foram reveladas pela TV Globo.
De acordo com o MP do Rio, Glaidson seria o líder de um grupo responsável por tirar a vida dos concorrentes dele no mercado de criptomoedas na região dos Lagos, no Rio de Janeiro. A organização tinha armas, empresas de fachada, espiões e até matadores profissionais, incluindo um ex-policial.
"Matou uma pessoa, tentou matar outras duas, e fez vigilância em pelo menos outras cinco pessoas que eram concorrentes", disse o coordenador do GAECO (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado), Bruno Gangôni.
Tudo seria coordenado por um "setor de inteligência". Em um dos áudios ao qual o programa teve acesso, o "faraó dos bitcoins" fala sobre "mais uma pirâmide" e pede que o grupo trabalhe "para ajudar, fazer o que tem que ser feito". "Seria ideal focar nessas pirâmides aí para resolver só problemas, seria ideal", diz Glaidson.
De acordo com os promotores, em outra conversa gravada, o homem aparece cobrando um dos sócios sobre a demora em um homicídio: "Quinta-feira tinha sido marcado. Aí passou sábado, domingo, segunda, terça, quarta, acabou o dia, amanhã é quinta-feira."
Imagens obtidas pela TV Globo mostram gravações de telefones de integrantes da quadrilha, também presos, com registros da rotina de um outro empresário. A reportagem mostrou que Glaidson avisou aos parceiros que o homem estaria "tentando seus investidores": "não posso deixar isso acontecer", diz a mensagem. O investidor a quem ele se referia foi assassinado a tiros em São Pedro da Aldeia, na região dos Lagos, em agosto do ano passado.
À TV Globo, a defesa de Glaidson afirmou que "recebeu com surpresa" a decretação da nova prisão preventiva contra o empresário, e que não teve acesso aos autos. Além disso, garantiu que irá recorrer da decisão assim que tiver acesso ao processo.
Glaidson está preso desde 25 de agosto de 2021, quando foi alvo de uma operação da Polícia Federal no Rio de Janeiro por operar um sistema milionário de pirâmide financeira. Segundo a PF, a suspeita é de que Glaidson tenha movimentado cifras bilionárias nos últimos seis anos.
Investigações feitas na ocasião apontaram que o empresário prometia lucros de até 10% ao mês nos investimentos de clientes em bitcoins, mas sua empresa, a G.A.S, não investia nas criptomoedas. O dinheiro entregue para alguns dos clientes como suposto lucro das bitcoins, na verdade, vinha da entrada de capital de outras pessoas atraídas pela proposta de investimento.
(Folhapress)
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