A escola de samba Unidos do Viradouro, do Grupo Especial, definiu o tema do enredo para o Carnaval 2023. Minas Gerais vai debutar na avenida Marquês de Sapucaí através da história de Rosa Maria Egipcíaca, que veio da África para o Estado no período pré-Inconfidência.
A executiva da Unidos da Viradouro, Júlia Rodrigues, esteve nesta quarta-feira (14), no Palácio da Liberdade, reunida com o secretário de Estado de Cultura e Turismo, Leônidas Oliveira, para debater o tema. No enredo, terão alas dedicadas à mineiridade, à campanha A Liberdade Mora em Minas e ao sertão de Guimarães Rosa.
"Estar na Sapucaí e com a Viradouro é motivo de festa para Minas Gerais. O Carnaval do Rio é a maior celebração popular do mundo e um lugar ímpar para mostrar a cultura da mineiridade, o destino Minas de turismo e a centralidade do nosso Estado na própria história do Brasil", afirmou o secretário.
De forma sublime, destaca Oliveira, é Rosa, Aleijadinho, barroco e contemporaneidade. "Minas negra gerada pleas mãos de dois negros criadores de arte. É Minas para o Mundo, meta do governo de Minas com a força da nossa história, nosso patrimônio histórico", enfatizou.
Trazida para o Brasil escravizada, Rosa passa boa parte da vida em Minas Gerais, vivendo nas cidades de Vila Rica (Ouro Preto), São João del-Rei e Mariana. Sua história vai da religiosidade à santidade, com passagens em que até é exorcizada em frente da igreja de Santa Efigênia.
Rosa também foi a primeira mulher negra a escrever um livro no país e a refletir sobre importantes aspectos de sua história de escrava, meretriz, feiticeira e beata. O enredo do carnavalesco Tarcísio Zanon será inspirado no livro “Rosa Egipcíaca: Uma Santa Africana no Brasil”, do escritor Luiz Mott. Na avenida, Rosa será encarnada pela atriz mineira Erika Januza, a rainha da bateria, que já até postou fotos como a personagem em seu perfil no Instagram.
Parte dos 46 anos de vida de Rosa Maria Egipcíaca da Vera Cruz ou Rosa Courana, nascida no Golfo do Benin, na África, em 1719, será mostrada, na Marquês de Sapucaí, pela agremiação da cidade de Niterói, com 2.500 componentes, divididos em 23 alas.
A pesquisa de elaboração do enredo, que tem como objetivo levar ao conhecimento do público a saga dessa personagem rica, marcante, e pouco conhecida, foi feita pelo carnavalesco Tarcísio Zanon e pelo jornalista e escritor João Gustavo Melo, a partir do livro “Rosa Egipcíaca: Uma Santa Africana no Brasil”, de Luiz Mott, antropólogo e historiador.
Em busca de detalhes que pudessem enriquecer o conteúdo e as referências visuais para a criação de fantasias e alegorias do desfile, Tarcísio Zanon percorreu pontos do Rio de Janeiro, onde Rosa chegou aos seis anos de idade e viveu por duas décadas. O carnavalesco, com sua equipe, também visitou as cidades
históricas de Minas Gerais, para pesquisa de campo.
"Rosa esteve nas cidades mineiras, onde foi escrava de ganho e prostituta. Quando virou beata, passou a frequentar as igrejas daquela região. Nossa ida a Minas foi bastante proveitosa, não só pra pesquisa de texto, mas pra reunirmos referências em relação à parte plástica", revela Zanon.
A Viradouro vai encerrar o espetáculo do Grupo Especial em 2023. Será a última escola do desfile de segunda-feira de Carnaval.