Os usuários do Twitter votaram a favor da renúncia de Elon Musk como CEO da plataforma depois que o bilionário fez uma enquete na rede social sobre seu futuro à frente da companhia.
Um percentual de 57,5% respondeu "sim" nesta segunda-feira (19/12), depois que Musk perguntou a seus 122 milhões de seguidores se deveria deixar o cargo.
Musk, que comprou o Twitter por US$ 44 bilhões em outubro, disse antes do fechamento da enquete que respeitaria o resultado.
O magnata, que também é dono da Tesla e da Space X, tem enfrentado muitas críticas desde que assumiu o controle da plataforma de rede social.
Musk ainda não fez nenhum comentário desde que a votação foi encerrada. E mesmo que venha a renunciar ao cargo de CEO, ele permaneceria como dono do Twitter.
Mais de 17,5 milhões de usuários votaram na enquete, com 42,5% se manifestando contra a renúncia de Musk.
No passado, Musk acatou o resultado das enquetes no Twitter. Ele gosta de citar a frase "vox populi, vox dei", uma expressão em latim que significa algo como "a voz do povo é a voz de Deus".
Should I step down as head of Twitter? I will abide by the results of this poll.
— Elon Musk (@elonmusk) December 18, 2022Dan Ives, analista sênior de ações da Wedbush Securities, disse à BBC antes da votação ser encerrada que acredita que a votação levaria "finalmente" ao "fim do reinado de Musk como CEO do Twitter".
Houve uma enxurrada de mudanças controversas no Twitter desde que Musk comprou a plataforma de rede social em outubro.
Ele demitiu cerca de metade da equipe e tentou lançar o recurso que permite aos usuários comprar o status de conta verificada na plataforma, mas sua implementação acabou sendo adiada devido a uma enxurrada de contas de impostores. O recurso foi relançado na semana passada.
Ele também foi criticado por sua abordagem em relação à moderação de conteúdo, com alguns grupos de defesa de liberdades civis acusando-o de tomar medidas que vão aumentar o discurso de ódio e a desinformação.
Na sexta-feira, Musk foi criticado pela Organização das Nações Unidas (ONU) e pela União Europeia pela decisão do Twitter de suspender alguns jornalistas que cobrem a empresa de rede social.
Repórteres do jornal americano New York Times, da rede CNN e do Washington Post estavam entre os que tiveram suas contas bloqueadas por supostamente compartilharem dados de localização. As contas já foram restabelecidas.
A ONU tuitou que liberdade de imprensa "não é um brinquedo", enquanto a União Europeia ameaçou o Twitter com sanções.
Ives afirmou que as últimas semanas e meses foram "prejudiciais para a imagem de Musk e da Tesla", que ele diz ser a "menina dos olhos", porque é onde está a maior parte da riqueza do bilionário.
"O Twitter agora é algo como uma areia movediça, e acho que piorou desde que Musk assumiu o controle do Twitter. Tem sido um espetáculo de circo", acrescentou.
"Acho que, nas próximas 24 horas, Musk provavelmente nomeará um novo CEO provisório para o Twitter."
Depois de abrir a enquete, Musk tuitou: "Como diz o ditado, cuidado com o que deseja, pois pode se tornar realidade".
Ele acrescentou mais tarde:
"Aqueles que querem o poder são os que menos merecem."
As the saying goes, be careful what you wish, as you might get it
— Elon Musk (@elonmusk) December 18, 2022Musk também anunciou no Twitter que grandes mudanças de políticas da plataforma seriam votadas no futuro.
Isso aconteceu depois que o Twitter disse que encerraria contas concebidas exclusivamente para promover outras plataformas de rede social.
A medida também afetaria as contas que estão ligadas com ou contêm nomes de usuários de plataformas como Facebook, Instagram, Mastodon, Truth Social, Tribel, Nostr e Post, disse a empresa em um tuíte, embora postagens cruzadas de conteúdo de outros sites ainda serão permitidas.
O ex-chefe do Twitter, Jack Dorsey, que recentemente investiu na Nostr, respondeu ao post no Twitter com uma pergunta: "Por quê?"
No sábado, a repórter do Washington Post, Taylor Lorenz, foi suspensa por violar a nova regra antes de ser formalmente anunciada.
Após ser reintegrada no domingo, ela postou um link para o tuíte que alegou ter sido responsável por sua suspensão.
O Twitter já havia impedido os usuários de compartilhar alguns links para o Mastodon, a plataforma para a qual muitos usuários do Twitter migraram após a aquisição de Musk.
Em uma série de tuítes no domingo, o Twitter afirmou:
"Reconhecemos que muitos de nossos usuários são ativos em outras plataformas de rede social. No entanto, não permitiremos mais a promoção gratuita de certas plataformas de rede social no Twitter."
Exemplos de possíveis violações podem incluir tuítes como "siga-me @nomedeusuário no Instagram" ou "confira meu perfil no Facebook — facebook.com/nomedeusuário", afirmou o Twitter em um blog.
Aqueles que violarem as regras pela primeira vez ou em um "incidente isolado" podem ser solicitados a excluir os tuítes ofensivos ou ter suas contas temporariamente bloqueadas.
Mas quaisquer ofensas subsequentes "vão resultar em suspensão permanente", acrescentou.
Mas os usuários podem continuar a postar conteúdo no Twitter das plataformas proibidas, e anúncios pagos desses sites ainda serão permitidos.
Casually sharing occasional links is fine, but no more relentless advertising of competitors for free, which is absurd in the extreme
— Elon Musk (@elonmusk) December 18, 2022Poucas horas após o anúncio, Musk pareceu contradizê-lo ao tuitar que "compartilhar links de vez em quando casualmente não tem problema, mas chega de publicidade incessante de concorrentes de graça, o que é um absurdo ao extremo".
- Este texto foi publicado em https://www.bbc.com/portuguese/internacional-64024762