No fim do ano marcado por muitos sucessos na linha de “true crime”, a HBO Max lança o documentário “Flordelis: Em nome da mãe”. O documentário foi disponibilizado na plataforma no dia 8 de dezembro, 34 dias após a estreia da minissérie “Flordelis: Questiona ou adora”, na Globoplay. E acredite: há consideráveis diferenças entre as duas produções que contam a história da investigação da ex-deputada, apontada como mandante do assassinato do marido dela, o pastor Anderson do Carmo. Ela
Enquanto o material da Globo apresenta uma riqueza no material de arquivo, com a recuperação das reportagens feitas pela empresa jornalística com a mulher que se tornou fenômeno do universo gospel, o documentário da HBO conta a história por uma perspectiva muito mais íntima em relação à própria Flordelis e sua família.
O material da HBO é muito mais objetivo, equilibrado e impressionante do que o da Globoplay. Isso fica evidente no quarto e último episódio de “Em nome da mãe”, onde estão as cenas mais reveladoras de Flordelis. A equipe do diretor Suemay Oram acompanha as últimas horas da pastora fora da prisão ao lado dela, registrando o desespero de toda a família com a aproximação da polícia. É ali que vemos como foi a preparação da ex-deputada para o cárcere: a retirada dos longos apliques e a colocação de botox no rosto.
Está aí o tom do equilíbrio oferecido pela HBO. Há ali uma maior riqueza nos depoimentos - seja da própria Flordelis, como de sua assessora, Paula Barros (ou Paula do Vôlei) - e na revelação da intimidade da retratada.
O tom é dramático, mas não há excessos nem repetições neste documentário. Até mesmo cenas que parecem exageradas, como uma que mostra a ex-deputada aos prantos no túmulo de Anderson do Carmo -, não parecem desnecessárias. Já o material da Globoplay poderia ser mais enxuto ao relembrar da cada passo da trajetória de Flordelis.
Mas para quem gosta do estilo “true crime” e se interessa pelo caso, vale a pena assistir aos dois documentários. Os materiais se complementam. A história por trás da carta falsa de Lucas dos Santos é contada detalhadamente pela Globoplay, enquanto o assunto praticamente é só citado pela HBO. A missiva foi apresentada por Flordelis ao “Fantástico” como uma confissão do filho adotivo, mas as investigações indicaram que a carta havia sido escrita a mando da mãe - contribuindo, inclusive, para o aumento da pena dela.
Já os possíveis abusos sexuais e incestos no lar da família ganham contornos mais consistentes na série “Em nome da mãe”. As cenas de arquivo e os depoimentos pintam um quadro desconcertante sobre Anderson do Carmo.
As duas obras são indicativas de que ambas plataformas audiovisuais conquistam um bom público no Brasil ao investir em documentários sobre crimes locais. A HBO pautou a internet no país com o lançamento de “Pacto Brutal”, sobre o assassinato da atriz Daniella Perez há 30 anos, enquanto a Globoplay arrasou com “O Caso Celso Daniel” e “O Caso Evandro”, sendo a primeira sobre o assassinato do prefeito de Santo André no início dos anos 2000 e o segundo sobre o desaparecimento de um menino em 1992.