A futura ministra da Saúde, Nísia Trindade disse nesta quinta-feira (29) que vai se reunir com a Organização Mundial da Saúde (OMS) para avaliar o avanço da Covid-19 na China. Nísia afirmou que é preciso observar se o aumento de casos é resultado de variantes do novo coronavírus ou reflexo das dificuldades do país para vacinar a sua população. Ela afirmou que o futuro governo ainda vai avaliar "se é o caso de revisão da emergência sanitária". "A emergência não significa necessariamente uma situação mais aguda, mas situação de cuidados permanentes", explica.
O governo Jair Bolsonaro (PL) assinou em abril o fim da emergência sanitária provocada pela Covid. A medida, criticada à época por gestores do SUS, foi uma forma de o governo tentar contornar críticas e reforçar o discurso de que venceu a pandemia.
Em declaração à imprensa, a futura ministra disse que o cenário da Covid não é de "descontrole". "Mas tudo em termos de pandemia tem de ser dito com muito cuidado", disse. Para ela, a China foi "bem-sucedida" para conter a transmissão da Covid, mas não apresentou o mesmo resultado para ampliar a imunização.
Nísia disse que vai reforçar comitês do SUS sobre imunização e o comitê científico para análise da pandemia. Ela reafirmou que uma prioridade do governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) é retomar as coberturas vacinais, e disse que a Saúde vai se "contrapor às fake news".
A futura ministra argumentou que o país não pode "esquecer" as políticas públicas recentes da Saúde que levaram a "retrocessos". Nísia disse que irá anunciar a composição de sua equipe em 2 de janeiro. Ela confirmou que Swedenberger do Nascimento Barbosa, hoje professor da Fiocruz, será o secretário-executivo da Saúde. Também confirmou que será criada a Secretaria da Saúde Digital. A pasta deve ser comandada pela professora e ex-primeira-dama de São Paulo, Ana Estela Haddad.
O próximo governo ainda vai criar um departamento específico para o Programa Nacional de Imunizações. Integrantes do grupo de trabalho sobre a saúde na transição de governo apresentaram nesta quinta-feira (29) os principais pontos de seu relatório final.
O ex-ministro da Saúde, Arthur Chioro disse que o grupo teve dificuldade para acessar informações do ministério, e precisou recorrer a dados do Tribunal de Contas da União (TCU) e da Organização Pan-Americana de Saúde (Opas). O relatório sugere ao próximo governo priorizar o combate à Covid-19, além de reduzir as filas para cirurgias e procedimentos do SUS.
A equipe de Nísia ainda deve revogar uma série de medidas publicadas no governo Bolsonaro sobre saúde da mulher e da criança, além de textos que defendem o uso de medicamentos sem eficácia para o combate à Covid-19.
(Mateus Vargas/Folhapress)