Uma creche particular de São José, na Grande Florianópolis, foi atacada após vídeos nas redes sociais denunciarem que crianças eram mantidas em canis no local como forma de castigo. Um procedimento do Ministério Público de Santa Catarina foi aberto após a repercussão do caso.
O órgão estadual pediu que a Vigilância Sanitária vistoriasse o local para saber se o espaço era adequado para receber as crianças. A Secretaria Municipal de Educação também foi acionada para informar se o espaço era legalizado junto à prefeitura.
Segundo o Ministério Público, o Conselho Tutelar foi até o local na segunda-feira (16) após denúncias baseadas em vídeos publicados nas redes sociais, e encontrou a creche fechada, com vidros e brinquedos quebrados.
"Vizinhos informaram que, na sexta-feira anterior, houve conflitos quando pais teriam ido revoltados buscar os filhos no local", afirmou o MP em nota.
Em entrevista à reportagem, o advogado responsável pela defesa da creche, Wandergell Leiroza, afirmou que a informação das crianças castigadas em um canil é um boato criado por uma pessoa que chegou a trabalhar na creche por dias, mas foi afastada por não se adequar às normas do local.
"Existe uma casinha na qual as crianças brincam. Todos os pais conhecem, todos eram sabedores de que ali as crianças brincavam, era um espaço público. Essa pessoa foi, bateu a foto [das crianças no local], fez uma montagem com outra foto, e publicou em um Instagram. Isso foi tudo muito orquestrado", afirmou o advogado.
Segundo ele, a creche foi invadida por um grupo na sexta-feira (13) quando algumas crianças ainda estavam ali e a proprietária só conseguiu deixar o local após acionar a polícia. Imagens enviadas pelo advogado à reportagem mostram cacos de vidro e pedras, assim como o telhado de uma casinha de brinquedo e pelo menos uma grade quebradas.
Ela registrou um boletim de ocorrência e, por temer pela própria segurança, não abrirá a creche novamente.
"Não há como abrir [a creche], até porque ainda há esse pequeno grupo de pessoas que continua difundindo mentiras nas redes sociais, dizendo que havia maus-tratos, quando não havia maus-tratos", afirmou.
Ele contou que pretende acionar a Justiça contra quem criou e espalhou o que classifica como boatos.
A reportagem buscou a Polícia Civil de Santa Catarina para saber se algum boletim de ocorrência contra a creche foi registrado, mas não recebeu retorno sobre o assunto até o momento.
A Prefeitura de São José também foi procurada para informar se foi notificada pelo Ministério Público e para esclarecer se a creche tem aval para funcionar, mas não respondeu.
(Folhapress)
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