É preciso limpar as plantas que ficam dentro de casa? Todo inseto faz mal para o jardim? Folhas amareladas sempre indicam problema? A seguir, Juliano Borin, curador do Jardim Botânico do Instituto Inhotim, em Brumadinho (MG), esclarece sete mitos e verdades sobre o cultivo de plantas.
MITO. Há quem tenha medo de passar a noite em um quarto com plantas por acreditar que elas vão roubar todo o oxigênio do cômodo e liberar uma grande quantidade de dióxido de carbono (CO2), o que deixaria a pessoa sufocada ali dentro. Mas isso não é verdade.
De fato, os vegetais param de fazer fotossíntese à noite e continuam respirando. Assim, consomem oxigênio e liberam gás carbônico. "Mas a quantidade de CO2 que as plantas jogam no ar é ínfima. Mesmo se houver muitas plantas dentro de um quarto, não vai chegar nem perto do que uma pessoa emite", afirma o especialista. Então, se é seguro dormir com outros seres humanos no mesmo cômodo, também é seguro dormir com vegetais.
Se você quer ter plantas no quarto, a única questão é escolher espécies que se adaptem bem ao ambiente. Mesmo aquelas que são consideradas de sombra, indicadas para espaços internos, precisam receber bastante luminosidade natural.
MITO. Muita gente pensa que as bromélias podem servir como criadouros do mosquito da dengue, porque acumulam água entre suas folhas. Mas esses reservatórios não são um ambiente propício para o desenvolvimento das larvas do Aedes aegypti, afirma Borin. Em 2007, pesquisadores do Instituto Oswaldo Cruz monitoraram 156 bromélias de dez espécies durante um ano, no Jardim Botânico do Rio de Janeiro. O resultado do estudo apontou um baixo índice de presença de formas imaturas do Aedes aegypti, o que indica que essas plantas não têm um papel importante na proliferação do mosquito.
Para combater a dengue em casa, é essencial evitar o acúmulo de água nos pratinhos dos vasos. A orientação é enchê-los de areia até a borda.
VERDADE. Quando está na natureza, a planta acaba sendo "lavada" pela água da chuva. Já dentro de um apartamento, a poeira acumulada na superfície das folhas pode diminuir as trocas gasosas e, assim, a taxa de fotossíntese, explica Borin.
Por isso, vale a pena limpar as folhas de tempos em tempos com um pano úmido. O especialista recomenda que a higienização seja feita folha por folha, com delicadeza. Isso também pode ajudar a remover alguma praga que esteja começando a aparecer, como a cochonilha, um inseto branco sugador de seiva.
VERDADE. Não faz mal regar a planta no período mais quente do dia, o único problema é que ela não vai absorver a água adequadamente nesse horário. Conforme a temperatura vai subindo, o vegetal começa a fechar seus estômatos (estruturas que fazem trocas gasosas), para manter o nível de água. Com isso, a entrada de água pelas raízes também cessa, explica Borin. Segundo o especialista, o ideal é molhar as plantas no começo da manhã ou no fim da tarde.
MITO. É normal que as folhas mais velhas fiquem amareladas. Isso porque a planta transfere o nitrogênio das folhas mais antigas para as mais novas. Trata-se, então, de um processo natural.
Se, do ponto de vista estético, a pessoa se incomodar com uma folha amarela na planta, não há problema em cortá-la. Mas Juliano Borin afirma que o melhor seria deixá-la secar, para só depois tirá-la. "Mesmo amarela, aquela folha está servindo como fonte de nutriente para a planta", afirma.
Agora, se ficarem amarelas as folhas novas, a planta inteira ou boa parte dela, isso indica, sim, algum problema. Em geral, falta de nitrogênio. Se esse for o caso, será necessário fazer uma adubação para repor esse nutriente.
MITO. Adubar muito a planta não vai deixá-la mais forte, pelo contrário. O exagero, mesmo quando o adubo é natural, pode ser prejudicial ao vegetal. "O adubo tem que ser dado de forma balanceada e aos poucos. Se você dá em excesso, a planta vai se intoxicar", diz Borin.
MITO. Há insetos que são parceiros do jardim, porque comem pragas e ajudam a manter as plantas bonitas, como é o caso da joaninha e do bicho-lixeiro.
Os insetos prejudiciais que mais aparecem nas plantas domésticas são as cochonilhas e os pulgões. Para acabar com a infestação, o primeiro passo é fazer uma catação manual, removendo os bichinhos. Em seguida, borrife na planta uma receita de uma colher de sopa de detergente neutro para 1 litro de água. Uma camada dessa solução deve se formar sobre a folha, sem escorrer. Na semana seguinte, pulverize novamente.
Em geral, essas pragas atacam plantas não muito saudáveis. Por exemplo, quando elas estão sofrendo com a falta ou o excesso de rega, podem soltar um aroma que atrai esses insetos. Assim, é necessário estar atento à saúde da planta como um todo.
(Carolina Muniz / Folhapress)