Destruição de vidas, de lares, de histórias. O rompimento da barragem Córrego do Feijão, em Brumadinho (MG), em 25 de janeiro de 2019, mudou a vida de uma família de São Paulo.
Após perder os filhos Camila Taliberti, de 33 anos, e Luiz Taliberti, de 31, na tragédia, a economista Helena Taliberti fundou um instituto com o nome deles. A entidade é um coletivo de amigos e familiares de vítimas do rompimento da barragem de rejeitos de propriedade da Mineradora Vale.
Nesta quarta-feira (25), a partir de 10h, a organização vai promover ações na avenida Paulista, em São Paulo, para homenagear as vítimas e exigir justiça. Uma tenda será montada na esquina da avenida Paulista com rua Pamplona, onde serão colocadas fotos das vítimas. Um momento que promete ser emocionante é o toque da sirene, às 12h28, horário em que a barragem se rompeu. “Vamos lembrar a sirene, que não tocou pra eles se salvarem. É um ato em memória e homenagem pra todas as vítimas. Elas têm que ser lembradas em todos os lugares desse Brasil”, explica Helena Taliberti.
Sem os filhos há 4 anos, Helena relembra os bons momentos que passou junto à família naquele mês, antes da tragédia. "Eles estavam numa fase tão linda da vida, com meu filho sendo pai, morando na Austrália, e eles vieram para o Brasil passar férias e descobrir o sexo do bebê. O mês de janeiro foi tão lindo pra terminar desse jeito”, relembra, emocionada.
Camila Taliberti morava na capital paulista, enquanto Luiz morava em Sidney, na Austrália. Os dois estavam passando férias numa pousada em Brumadinho, onde morava o pai deles, Adriano Ribeiro da Silva, de 61 anos, que também morreu na tragédia. Helena também relembra como foi dolorosa a descoberta de que os filhos estavam entre os mortos com o ex-marido.
“Eu só tive a certeza de que eles estavam na pousada no momento do rompimento no domingo (o estouro foi na sexta-feira anterior). Na segunda-feira (28), nós ainda fomos procurar nos hospitais da região, imaginando que eles estivessem vivos. Ao descobrir a verdade, a reação foi de desespero e total incredulidade”, relata a economista.
Junto com Luiz, morreu também a esposa dele, Fernanda Damian de Almeida, de 30 anos. Ela estava grávida de 5 meses. Eles haviam acabado de descobrir o sexo do bebê, um menino: Lorenzo.
Desde a tragédia, conforme Helena, o luto a acompanha diariamente. “É viver com o luto todos os dias, com a saudade, com a dor da perda. E mais do que isso, saber que poderia ter sido evitada essa tragédia”, desabafa Helena Taliberti”.
Os quatro anos da tragédia são marcados pelo luto e também pela falta de retorno das empresas responsáveis pela barragem que se rompeu. Conforme Helena, desde o desastre, ela nunca recebeu nenhum contato.
“O sentimento é de indignação. Meus filhos não eram funcionários da Vale, eram turistas que estavam lá na única pousada que foi levada pela lama. E eles nunca entraram em contato conosco”. E complementa:
“Nós queremos justiça, e eu acredito na justiça brasileira. Eu acredito que os responsáveis serão responsabilizados pelo que fizeram”, finaliza.
Amigos e parentes de Fernanda Damian de Almeida, que estava grávida de cinco meses, também prometem uma homenagem às vítimas da tragédia do rompimento da barragem em Sidney, capital do país, local em que ela e Luiz Taliberti moravam antes de vir ao Brasil visitar o pai em Brumadinho.