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Linguagem neutra não deve ser adotada por comunicação de Lula, diz diretor

Por Redação

27/01/2023 às 15:17:41 - Atualizado há

Hélio Doyle, novo presidente da Empresa Brasileira de Comunicação (EBC), responsável por veículos públicos de jornalismo, como a “Agência Brasil”, afirmou que, apesar do uso em eventos e uma reportagem recente, o órgão não deve adotar a “linguagem neutra” por ora. Declaração foi feita à coluna “Radar”, da “Veja”, em entrevista publicada nesta sexta-feira (27).

“Houve críticas fortes, mas houve também muitos elogios. Recebemos muita gente elogiando, aplaudindo e até decepcionadas porque já deixamos claro que não vamos usar a linguagem neutra, enquanto não houver um debate maior, uma decisão maior, por parte do governo. Foi uma questão pontual. A própria matéria explica isso. Foi feito entrevista com parlamentares que tem essa questão da identidade, que pediram que fosse publicado assim”, ponderou.

Doyle ressaltou que o uso da “linguagem neutra” não contempla as regras editoriais da EBC.

Governo Lula segue usando “linguagem neutra”

O governo Lula (PT) segue usando a "linguagem neutra". Além de alguns eventos oficiais e da posse de ministros terem começado com os pronomes “todos, todas e todes”, a Agência Brasil, veículo oficial de jornalismo vinculado à Empresa Brasileira de Comunicação (EBC), usou, pela primeira vez, a terminologia em um texto publicado na terça-feira (24). A ideia é incluir na língua pessoas não-binárias, de gênero fluído ou trans que preferem a denominação ao invés de palavras formalmente concebidas como “masculinas” ou “femininas”.

A reportagem publicada, “Parlamentares eleites reúnem-se pela primeira vez em Brasília”, relata as atividades do 1º Encontro de LGBT+eleites, realizado no fim de semana na capital federal, que contemplou parlamentares LGBTA+ eleitos para a Câmara dos Deputados e Assembleias Legislativas país afora.

Ao final do texto, a autora explica que usou a linguagem neutra a pedido dos parlamentares entrevistados. "A pedido das parlamentares eleites, a repórter utilizou o gênero neutro nas construções das frases", diz.

"Discutir os desafios da comunidade LGBTQIA+. Este foi o objetivo do 1º Encontro de LGBT+eleites realizado nos dias 20 e 21 de janeiro em Brasília. O evento reuniu parlamentares eleites para a Câmara dos Deputados e também para as Assembleias Legislativas dos Estados. O encontro antecede o Dia Nacional de Visibilidade Trans, lembrado em 29 de janeiro", afirma um trecho da reportagem.

"A deputada federal Duda Salabert, eleita pelo PDT de Minas Gerais, é uma das duas parlamentares transexuais eleites que vai atuar no Congresso Nacional e que estava no evento. A professora de literatura foi a vereadora mais votada em Belo Horizonte, nas eleições de 2020, e agora assume um desafio ainda maior: levar as pautas defendidas pela comunidade para a Câmara", prossegue o texto.

Na linguagem neutra, o masculino genérico é evitado. A palavra "todos", por exemplo, é grafada como "todes". A linguagem neutra não é inédita no governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Em várias cerimônias de posse de ministros, foi usada a palavra "todes".

Em 2 de janeiro, por exemplo, o ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, iniciou seu primeiro discurso com "boa tarde a todas, a todos e a todes" e foi aplaudido pela plateia. A expressão também foi utilizada pela locutora do evento que empossou Fernando Haddad como ministro da Fazenda. (Com Folhapress)

Fonte: O TEMPO
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