"A gente vai e não sabe se volta"
Robson Gonçalves, 42 anos, mototaxistaRobson é mototaxista em João Monlevade e passa diariamente pelas BRs 381 e 262. Ele afirmou que, juntamente com seus familiares, vive a insegurança de ter de trabalhar em trechos tão perigosos. “Além de ser uma estrada conhecida como Rodovia da Morte, é uma estrada muito desassistida pelo governo: os anteriores e o atual. A 381 ainda melhorou na duplicação, mas de São Gonçalo do Rio Abaixo para cá está muito ruim. A 262 está muito pior. Dá medo. A gente vai e não sabe se volta com vida. Não só pelo risco da estrada, mas deveriam ter mais postos policiais. O movimento na estrada é muito grande. Os governantes talvez não frequentem a rodovia, têm condições melhores de se locomover, mas poderiam dar uma olhada para quem mais precisa.”
"Não imaginava que seriam tantos buracos"
Antônio Ronaldo, 64 anos, eletricistaNo caminho para o Espírito Santo, na altura de São Domingos do Prata, encontramos Antônio Ronaldo e seus familiares parados na estrada. Eles estavam indo passar férias em Vitória quando estouraram dois pneus. Ele reclamou do descaso dos órgãos oficiais. “Estávamos vindo de Belo Horizonte para Vitória e caímos em dois buracos ali, duas ‘panelas’, e estourou os dois pneus. Passou a Polícia Federal e nem parou para dar um ‘alô’ pra nós. Passou direto. Estamos com criança no carro, com família. Não imaginava que seriam tantos buracos.” O eletricista disse que o fato de ter saído de Belo Horizonte muito cedo evitaria que eles chegassem muito tarde ao destino, devido ao tempo parado para reparos.
"Não dá para chamar isso de estrada"
Antônio Pedro, 57 anos, motorista de ônibusAntônio Pedro faz a linha que roda em Manhuaçu e região, até Caratinga, e a responsabilidade de transportar passageiros por uma rodovia tão ruim o deixa muito preocupado e tenso. Segundo ele, as obras tapa-buraco são ineficazes e só maquiam o problema, que não demora a voltar. “Essa estrada está péssima. Esse trecho está terrível. Insuportável. Eles tapam o buraco, mas não resolvem. Você gasta mais tempo, atrasa muito a viagem. Não dá para chamar isso de estrada, é uma vergonha. A gente vê carro quebrado toda hora na estrada, tem o risco de acidentes também. É complicado. A gente carrega vidas, uma carga que não se coloca valor.”
"Quando vem a primeira chuva, leva tudo embora"
Samuel Carlos de Pádua, 56 anos, comercianteSamuel voltava de férias em Guarapari com a família, quando conversou com a reportagem. Ele afirmou que pega a estrada mensalmente a trabalho e que frequentemente encontra carros quebrados por causa das condições das rodovias. Ele cobrou maior diálogo do governo estadual com o governo federal, já que a situação da estrada melhora quando chega no Espírito Santo. “A estrada está horrorosa, péssima, não tem por onde ficar pior. Venho ao Espírito Santo todo mês a trabalho, então sei onde tem buracos, mas sempre me deparo com carros estragados. Aqui, para ficar ruim, tem de melhorar muito. E já tem anos. Eles fazem a operação tapa-buracos, jogam piche e deixam para os carros compactar. Quando vem a primeira chuva, leva tudo embora. A impressão que a gente tem é que o nosso governador não dialoga com o governo federal. A responsabilidade é do DNIT, mas tem de haver diálogo. A gente já paga IPVA caro, deveria pelo menos ter uma estrada de qualidade.”
"Os governantes devem estar sabendo disso"
José Barbosa Costa, 77 anos, caminhoneiro aposentadoMorador de Rio Casca, José Barbosa afirma que a situação da estrada só tem piorado. Segundo ele, os reparos na pista são apenas superficiais e o problema volta rapidamente. Diariamente ele vê muitos carros estragados na rodovia por danos provocados quase que exclusivamente pelas condições da rodovia. “A estrada está péssima, todo mundo tá vendo, inclusive os governantes. Eles devem estar sabendo disso. Meu filho foi para Belo Horizonte pegar um avião para ir para o Rio Grande do Sul. Ele nem tinha chegado em João Monlevade e estourou o pneu. Ligou para um colega, de Raul Soares, para resgatar ele. Quando o amigo foi, estourou pneu também. Aí, tive de ir lá buscar ele para pegar outro carro e continuar. A estrada está desse jeito e o imposto todo mundo tem que pagar.”
"O ser humano não tem valor nenhum"
Antônio Amélio, 40 anos, operador de máquinasAntônio Amélio voltava de viagem à Vitória com sua família quando os quatro pneus de seu carro estouraram. A reportagem o encontrou sozinho, trocando um dos pneus de seu carro, por volta de 9h30 da manhã. Ele estava parado desde às 23h do dia anterior. "A família tá jogada numa padaria. Três crianças, uma de 11 anos e duas de 30 dias de vida, e minha esposa. Agora, vou ver o que eu faço aqui. A estrada está horrível, só melhora a estrada quando muda de estado. Mas aqui é Minas Gerais o descaso com Minas é gigante. Eles não querem saber se você vai com a sua família, se você vai se envolver num acidente, se você vai morrer. Eles não tão nem aí. O ser humano não tem valor nenhum, mas o imposto é cobrado.”
Estado de Minas