Medicamento não tem eficácia comprovada contra o vírus, mas vem sendo comprado pela União e enviado a estados e municípios. Ministros do TCU criticaram ações federais nesta quarta. O Tribunal de Contas da União (TCU) decidiu ampliar, de cinco para 10 dias úteis, o prazo definido para que o Ministério da Saúde informe uma posição oficial a respeito do uso da cloroquina para o tratamento da Covid-19. O medicamento não tem eficácia comprovada contra o coronavírus, mas vem sendo comprado pelo governo federal e distribuído a estados e municípios.Dentro desse prazo, o governo também deverá enviar ao TCU uma série de informações sobre o aplicativo TrateCOV, que recomendava o uso de cloroquina e outros medicamentos sem eficácia para o chamado "tratamento precoce". Em despacho divulgado na terça-feira (26), o ministro Benjamin Zymler questionou a mudança de posicionamento do ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, sobre o uso da cloroquina no combate à pandemia da Covid-19. Tratamento precoce | 'Kit covid é kit ilusão': os dados que apontam riscos e falta de eficácia do suposto tratamentoCAMAROTTI: Ministros do TCU devem reforçar posição contundente de Zymler contra uso de cloroquina no SUSTCU pede esclarecimentos ao Ministério da Saúde sobre cloroquina; Camarotti comentaO documento cita notas informativas do Ministério da Saúde que indicaram, nos últimos meses, o uso dos medicamentos difosfato de cloroquina, sulfato de hidroxicloroquina e azitromicina em pacientes diagnosticados com Covid-19. Zymler menciona ainda que, recentemente, “o titular da Pasta da Saúde vem se pronunciando no sentido de que o órgão não indica qualquer medicação para ser utilizada no combate à Covid-19 e sim que as pessoas procurem os serviços de saúde de forma imediata”. Pazuello mente ao afirmar que ministério nunca recomendou 'tratamento precoce' para CovidO despacho, que também apontou a ilegalidade no uso de recursos do SUS para o fornecimento de cloroquina para o tratamento da Covid-19, foi apresentado ao plenário do TCU nesta quarta-feira (27).TCU vê ilegalidade em uso de dinheiro do SUS com cloroquinaMinistros criticam ações federaisDurante a sessão, a recomendação do uso de medicamentos sem eficácia comprovada para o tratamento da Covid-19 foi criticada por outros ministros.O ministro Bruno Dantas afirmou que o país deve exigir que as autoridades públicas estejam alinhadas com a ciência. “O Brasil, a sociedade brasileira clama por vacina já, imediatamente. Se existe 'terraplanista' no Ministério da Saúde, essa gente precisa ceder espaço para a ciência imediatamente”, afirmou.Segundo Dantas, a União já gastou R$ 90 milhões com a compra de cloroquina, ivermectina e outros medicamentos sem comprovação cientifica para o tratamento da Covid-19. “A Saúde já gastou R$ 250 milhões para distribuir o chamado "kit covid" por meio do programa Farmácia Popular. Com esse valor, dava para comprar 13 milhões de doses de vacina de Oxford produzida pela AstraZeneca”.O ministro Vital do Rêgo disse ter ficado "pasmo" ao saber que o Ministério da Saúde havia enviado 12 médicos a Manaus para orientar o uso de cloroquina nas unidades de saúde da cidade.Médico relata ameaça de morte por não apoiar cloroquina: "Repugnante"Sobre o aplicativo TrateCOV, o ministro Bruno Dantas afirmou que o sistema é um dos “maiores escândalos” que ele já teve conhecimento desde que entrou no tribunal. O aplicativo, que foi retirado do ar na quinta-feira (21), recomendava o "tratamento precoce" a pacientes com sintomas que podiam, ou não, ser de Covid-19. O "tratamento" indicado incluía, mais uma vez, medicamentos sem comprovação como a cloroquina, a hidroxicloroquina e a azitromicina.