O setor industrial de máquinas e equipamentos encerrou 2022 com uma queda de 5,9% na receita líquida de vendas, se comparado aos resultados de 2021. Em dezembro, pelo sétimo mês consecutivo, foi observado uma redução nos valores, de acordo com a Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq). O desempenho foi agravado por uma queda acentuada nas vendas no último trimestre do ano.
O resultado leva em consideração as vendas para o mercado interno e também as exportações. Com a queda na receita, conforme a Abimaq, o setor interrompeu uma série de crescimento registrada desde 2018. Nos últimos quatro anos, a alta observada foi de 38,1%, se comparado aos números de 2017. Ao todo, em 2022, a receita líquida interna somou R$ 245,8 bilhões. O montante total chegou a R$ 310, 4 bilhões.
Para a diretora executiva de economia e estatística da Abimaq, Cristina Zanella, o desempenho em 2022, aquém do esperado, teve motivações distintas. Ela citou as incertezas políticas devido ao cenário eleitoral, mas também ressaltou os impactos da taxa básica de juros, a Selic, que encerrou o ano em 13,75%. “Isso encarece o crédito, causa endividamento das famílias. Acho que esse fator é o que mais contribuiu para essa desaceleração no final do ano”, comentou Zanella.
A diretora da associação ainda lembrou que a redução de consumo das famílias acaba desacelerando a venda de máquinas. Como exemplos, ela citou um freio no consumo de eletrodomésticos e eletroeletrônicos. “O consumo menor desses bens duráveis compromete os investimentos neste setor em máquinas e equipamentos”, ponderou. Apesar da queda, a Abimaq ressaltou um aumento nos investimentos em 2022.
O ano iniciou com previsão de um aporte de R$ 15,4 bilhões, mas a soma em dezembro chegou a R$ 16,5 bilhões. Para 2023, a aposta é de uma recuperação frente a 2022. “Estamos vendo mais aceleração no mercado global. Isso vai se reverter em um impacto menor para os custos do produtor local. Ainda que não volte aos níveis antes da crise da Covid. vai ficar em um patamar que é melhor”, acrescentou Cristina Zanella.
A previsão de crescimento em 2023 é de pouco mais de 2% em relação ao ano passado. O destaque deve ficar para os setores de construção civil e agronegócio.
Exportações e importações
Na contabilização final de 2022, as exportações de máquinas e equipamentos atingiram US$ 12 bilhões. O valor representa um crescimento de 21% sobre 2021. As máquinas para logística e construção civil tiveram a maior representação em envios ao exterior no ano, somando 30,8% do total. Já o maquinário para a agricultura foi responsável por 16,8% das vendas a outros países.
Territórios da América do Sul, América do Norte e Europa lideram a lista de destinos das máquinas que saem do Brasil. Já nas importações, 2022 foi encerrado com alta de 13,8%. O valor total foi de US$ 24 bilhões, ante aos US$ 21 bilhões de 2021.
Entre os bens que registraram maior importação no período aparecem os componentes e as máquinas para infraestrutura e indústria de base.No ano o crescimento das importações atingiu todas as atividades. Os maiores crescimentos percentuais ocorreram na importação de máquinas para agricultura (49,5%) e máquinas para petróleo e energia renovável (49,7%).
O TEMPO