Minas Gerais Gerais

Acionada 4 vezes em 6 meses, área de escape cumpre papel, diz especialista

Por Redação

03/02/2023 às 05:24:14 - Atualizado há
A área de escape do Anel Rodoviário de Belo Horizonte completou seis meses de funcionamento nesta semana e o balanço do uso da estrutura é considerado positivo por especialista. Segundo o Comando de Policiamento Rodoviário de Minas Gerais (CPRv), nesse período, foram registrados 759 acidentes, que provocaram a morte de 32 pessoas no Anel. Já a área de escape foi utilizada quatro vezes, no mesmo intervalo de tempo, por veículos pesados com problemas mecânicos, de acordo com a BHTrans. Em todos esses casos, a estrutura cumpriu seu papel, evitando acidentes com alto potencial de gravidade.
Inaugurada pela Prefeitura de BH  em 1º de agosto de 2022, a estrutura foi planejada para evitar acidentes no trecho que é considerado como o mais perigoso da rodovia que corta a capital: a chamada descida do Bairro Betânia, na Região Oeste. A estrutura foi construída na altura do Km 541, no sentido Vitória (ES), entre a rodovia BR-040 e o trevo do Betânia, próximo do acesso ao Bairro Buritis, também na Região Oeste.
A área de escape é uma espécie de raia de piscina cheia de pequenas pedras de argila expandida, chamadas cinasitas. A pista de rolagem tem 280m de comprimento e a caixa de pedras 93,5m, e 90cm de profundidade. O veículo em alta velocidade entra na área e tende a afundar, já que as pedras de argila ajudam na frenagem. As obras tiveram início em outubro de 2021 e terminaram em julho de 2022. O custo foi de cerca de R$ 3,5 milhões, pagos pela administração pública municipal.
O diretor de sistema viário da BHTrans, José Carlos Mendanha, avalia como positivo o funcionamento da área no período. “Uma estrutura que está fazendo 6 meses e foi utilizada quatro vezes, por veículos de carga, cumprindo o objetivo para o qual ela foi construída, (servindo como saída para) um veículo que teve defeito no sistema de frenagem e ia provocar acidente gravíssimo no trevo do Betânia”, ressaltou. De acordo com a BHTrans, todas as vezes em que a estrutura é usada há manutenção, para recomposição da caixa de cinasitas. Além disso, a área passa por manutenção pemanente.
Mendanha lembra que o fluxo de veículos no local é intenso e que os motoristas agiram com tranquilidade e responsabilidade para acessar a rampa de escape. “(Quem usou) Freou seu veículo, sem causar prejuízo nem para ele, nem para terceiros, nem provocar acidente que poderia custar vidas.”
O trecho do Anel em que a estrutura foi construída é de rodovia federal. Foi concedido pela concessionária para a PBH. “Não é de jurisdição, operação, nem de fiscalização da Prefeitura de Belo Horizonte. Mas, a partir do momento em que víamos os cidadãos se acidentando, a prefeitura não ficou inerte. Trabalhou e tivemos sucesso na implantação dessa estrutura”, afirmou o diretor da BHTrans.


Novos investimentos

Segundo ele, o prefeito Fuad Noman já manifestou a intenção de investir em novas áreas para tentar diminuir os acidentes no Anel. “Temos a encomenda do prefeito. Onde conseguirmos diminuir o número de acidentes, se for da capacidade da prefeitura, é possível investir e fazer a obra que for necessária.”
Porém, o diretor da BHTrans explica que a estrutura é eficiente apenas em determinadas circunstâncias. “Esse tipo de estrutura, que é a rampa de escape, é utilizada justamente em locais de longo trecho em declive, que um veículo de carga possa ter uma falha no sistema de frenagem. Então não tem outros pontos no Anel Rodoviário em que esse tipo de estrutura traria a solução.”

Mortes

Mesmo com a área de escape em funcionamento, o Anel Rodoviário não deixou de ser palco de acidentes graves, com óbitos, nos últimos seis meses. Em 1º de outubro do ano passado, um motociclista de 36 anos morreu em um desses acidentes, na descida do Bairro Betânia. Segundo a Polícia Militar, uma carreta perdeu os freios e atingiu um carro. O veículo rodou na pista e acertou uma moto. O motociclista foi arremessado e morreu no local. A Polícia Militar Rodoviária informou que a carreta perdeu o freio na altura do Bairro Olhos D'Água.
Em 10 de outubro, outro homem, de 25, morreu após perder o controle do carro que dirigia, sair da pista e bater em uma árvore. O acidente aconteceu no Km 472, na altura do Bairro Padre Eustáquio, no sentido Vitória. Segundo testemunhas que tentaram fazer o socorro da vítima, o motorista dirigia em alta velocidade quando perdeu o controle do veículo. Já na noite de 17 de outubro, outro motorista morreu após bater na pilastra de um viaduto, na altura do Km 466, no Bairro Caiçara, Região Noroeste de BH.

Prudência é essencial

Houve acidentes com vítimas até mesmo nas proximidades da estrutura. Em 28 de outubro, o motorista de um caminhão perdeu o controle do freio e bateu em um ônibus no Anel, a 500 metros da área de escape, em circunstâncias que confirmam advertência feita pelas autoridades desde a inauguração da área de escape: a existência da piscina de pedras de argila não dipensa motoristas de conduzirem com atenção e prudência.
No episódio do fim de outubro, quando 11 pessoas ficaram feridas, o motorista afirmou à Polícia Militar Rodoviária (PMRv) que não viu a área de escape. "Ao passar pelo Anel Rodoviário, que é um local que tem uma criticidade muito alta, uma grande quantidade de acidentes, exige uma atenção maior desse condutor. Conforme a gente falou, tem várias sinalizações indicando a entrada para a área de escape. Mas, infelizmente, ele relatou que não viu. Ou seja, isso por si só demonstra uma falta de atenção”, comentou, à época, o tenente Luiz Fernando.
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