O Dia Mundial de Combate ao Câncer, celebrado neste sábado (4), traz um alerta importante para Minas Gerais. O Estado é o segundo na lista de federações com maior estimativa de novos casos da doença em 2023. De acordo com o Instituto Nacional de Câncer (Inca), até o fim deste ano, devem ser detectados 78.100 novos diagnósticos de tumores em Minas, o que coloca o território mineiro, no ranking, atrás apenas de São Paulo, que deve responder por 181.340 confirmações de neoplasias. Os dados fazem parte do estudo Estimativa 2023 – Incidência de Câncer no Brasil do Inca.
Para o oncologista clínico Charles Pádua, da Cetus Oncologia, um dos fatores que justifica os altos números de Minas Gerais é justamente a grande dimensão geográfica do Estado e suas regiões repletas de contrastes sociais. “Somos a quarta maior área territorial do Brasil. E assim como Minas é grande, é igualmente diversa. Temos, por exemplo, o Norte e o Vale do Jequitinhonha, muito pobres, cuja população ainda carece de acessos básicos a serviços de saúde, enquanto as regiões Central e Sul, por sua vez, possuem infraestrutura em hospitais e profissionais, o que facilita diagnóstico e tratamento,” enfatizou.
O levantamento do Inca aponta ainda que os cânceres mais incidentes em 2023, no Estado, serão os de próstata (7.970 casos) e mama feminina (7.670), excluindo o de pele não melanoma (26.010). “Os números por aqui [Minas Gerais] seguem uma tendência nacional, já que em todo o Brasil, os tumores de mama feminina e próstata correspondem a 10,5 e 10,2% das detecções para este ano, seguidos do tumor de pele não melanoma, este com 31,3% dos casos”, destacou Charles.
A prevenção primária é sempre o melhor caminho para minimizar os riscos de um possível diagnóstico. “Ao menos 30% de todos os casos de câncer podem ser evitados com mudanças simples no estilo de vida, segundo o próprio Inca. Isso inclui priorizar o consumo de alimentos naturais, manter o peso de acordo com a idade e altura e realizar pelo menos 150 minutos de atividade física por semana. Essas estratégias podem prevenir não só o câncer como doenças cardiovasculares e metabólicas”, revelou o médico.
Para as mulheres, o oncologista faz questão de ressaltar ainda a importância da mamografia de rastreamento, como prevenção secundária ao câncer de mama. O especialista explica que o método está entre os exames de rotina recomendados pelo Ministério da Saúde para aquelas entre 50 e 69 anos. “Ela [mamografia] é indicada, inclusive, para quem não apresenta sintomas da doença, e deve ser feita a cada dois anos. O mais importante é se conscientizar, já que quanto mais precoce um nódulo for detectado, maiores serão as chances de cura, podendo chegar a mais de 90%”.
De acordo com a União Internacional para o Controle do Câncer (UICC), caso não sejam tomadas medidas urgentes para aumentar a conscientização sobre o câncer e desenvolver estratégias práticas para lidar com a doença, em 2025, devem ocorrer 6 milhões de mortes prematuras pela doença no mundo. A estimativa é de que, anualmente, 1,5 milhão de mortes por câncer poderiam ser evitadas com as medidas adequadas para atingir a meta “25 para 25” da Organização Mundial da Saúde (OMS), que visa reduzir as mortes prematuras por doenças não transmissíveis em 25% até 2025.
O Dia Mundial do Câncer é uma iniciativa da UICC, a maior e mais antiga organização internacional dedicada ao controle da doença, que reúne mais de mil organizações ligadas ao câncer em cerca de 160 países. Por meio da data, a UICC busca a conscientização internacional no calendário global de saúde, propondo ações de educação, de conscientização e de diálogo com governos. Para o triênio 2022-2024, foi escolhido o tema “Cuidado para todos”, que promove o debate à equidade no controle do câncer. O objetivo da campanha é mostrar a importância de um mundo com acesso a serviços de câncer melhores e mais justos para todos.