De chefe novo e com a dupla de pilotos mais jovem do grid, a McLaren apresentou nesta segunda-feira (13) seu carro para a temporada 2023 da Fórmula 1. O carro tem o nome MCL60, marcando os 60 anos desde a fundação do time, em 1963, por Bruce McLaren.
Com as regras relativamente estáveis, o carro não mudou radicalmente, mas o CEO Zak Brown garantiu que os engenheiros conseguiram tirar muito peso em várias áreas do carro. Este foi um dos problemas da McLaren no ano passado. No entanto, o novo chefe Andrea Stella reconheceu que não está "totalmente contente com o carro do lançamento", indicando que a McLaren está "otimista que terá novas peças em breve".
Stella disse ainda que essas mudanças serão mais na parte aerodinâmica, ou seja, grande parte do que podemos ver nas fotos divulgadas pela equipe no lançamento. O grande pacote deve chegar no GP do Azerbaijão, quarta etapa do mundial. O time acredita ter encontrado "um grande potencial de crescimento". Mesmo assim, já deu para perceber uma diferença nas laterais do carro, com um recorte bem mais profundo, no estilo da Red Bull.
A McLaren vem com o badalado estreante Oscar Piastri, que acabou envolvido em uma briga judicial antes mesmo de ser confirmado como titular na F1, e com Lando Norris, que faz sua quinta temporada na categoria, vem de um grande campeonato em 2022 e será o líder do time inglês aos 23 anos.
Falando em liderança, outra mudança na McLaren é na chefia da equipe. Andreas Seidl saiu antecipadamente, após Frederic Vasseur ir para a Ferrari e deixar o cargo de CEO da Sauber. O alemão, que já estava acertado para liderar o projeto da Audi a partir de 2026, acabou indo mais cedo para o time.
Com isso, a McLaren promoveu Stella, que atuava como uma espécie de número 2 de Seidl no dia-a-dia da equipe. Como a McLaren tem em seu CEO uma figura totalmente voltada para a área comercial, cabe ao chefe de equipe ter uma abordagem mais técnica, e o engenheiro, com ampla experiência na Ferrari e que foi trazido para a McLaren na época em que Fernando Alonso trocou Maranello por Woking, se encaixa neste perfil e deve manter o mesmo tipo de trabalho que Seidl vinha conduzindo com sucesso no time de pista.
"Foi uma transição tranquila. Andrea já vinha trabalhando com os engenheiros de maneira muito próxima há quase dez anos. Tem sido uma continuidade no trabalho", garantiu Brown.
Em termos de performance do carro, contudo, é difícil apontar o que espera a McLaren na temporada 2023. O time está em compasso de espera por seu novo túnel de vento, que deve começar a operar em meados deste ano. Ou seja, quando isso acontecer, já não haverá tempo de impactar o desenvolvimento neste campeonato.
E o time vem perdendo terreno no competitivo meio do pelotão, caindo do terceiro lugar em 2020 (ajudado, é claro, pela queda da Ferrari naquele ano) para o quarto posto em 2021 e o quinto em 2022.
Na última temporada, a briga com a Alpine só ficou aflorada até a parte final do campeonato pela execução das corridas por parte do time de pista. O carro, por sua vez, era inferior na maioria das pistas, embora também seja verdade que a pontuação de Daniel Ricciardo não ajudou no resultado final do time.
Com Piastri, a McLaren espera não ter apenas trocado um australiano por outro. Ele vai formar com Norris a dupla que é, de longe, a mais jovem do grid, com média de 22 anos.
Enquanto o companheiro já tem quatro temporadas na F1, inclusive tendo sido o único piloto fora de Red Bull, Ferrari e Mercedes a chegar ao pódio ano passado, Piastri traz consigo um currículo impressionante de títulos na Fórmula Renault Eurocup em 2019, na Fórmula 3 em 2020 e na Fórmula 2 em 2021. É um currículo semelhante ao de outros pilotos que hoje estão em destaque na F1, como George Russell e Charles Leclerc. Mas é claro que, depois de toda a disputa do ano passado e com grandes possibilidades de medir forças contra os pilotos justamente de sua ex-equipe, a Alpine, ao longo da temporada, Piastri começará sua carreira na F1 pressionado a repetir os grandes desempenhos da base. (Julianne Cerasoli/Folhapress)