O Ministério Público de Goiás investiga grupo criminoso especializado em fraudar resultados de jogos da Série B do Campeonato Brasileiro do ano passado. Ao todo, três partidas estão sob suspeita: Vila Nova x Sport, Criciúma x Tombense e Sampaio Corrêa x Londrina, todas pela última rodada do torneio.
De acordo com o MP, os investigados teriam movimentando mais de R$ 600 mil na ocasião.
Várias operações, que receberam o nome de "Penalidade Máxima", foram feitas nessa terça-feira (14/2) nas cidades de Goiânia, São João del-Rei (MG), Cuiabá (MT), São Paulo (SP), São Bernardo do Campo (SP) e Porciúncula (RJ).
O material apreendido contém indícios de que os crimes continuaram e se estenderam nas partidas de campeonatos estaduais deste ano. Por enquanto, clubes, CBF e sites de apostas são considerados vítimas do esquema criminoso.
Como o esquema funciona
De acordo com o MP, a organização criminosa convenceu os atletas a manipular algumas estatísticas da partida. A estratégia era que atletas fizessem pênaltis no primeiro tempo, nas três partidas diferentes. Isso só não ocorreu no jogo do Vila Nova.
Em contrapartida, os jogadores receberam um adiantamento (R$ 10 mil) e parte do prêmio de apostas viria após o jogo. A estimativa é que cada envolvido receberia R$ 150 mil por aposta.
Houve êxito no esquema criminoso?
De acordo com o MP, a investigação que envolve os três jogos da Série B não resultou em sucesso para a organização criminosa porque não houve pênalti no jogo do Villa Nova. Contudo, novos indícios apontam que pode ter ocorrido crime continuado nos Estaduais deste ano.
O promotor de justiça Fernando Cesconetto, do Ministério Público de Goiás, disse que a operação começou por causa de uma denúncia do Villa Nova.
"A operação se iniciou somente porque o Vila Nova, vítima desse sistema, trouxe a notícia da suspeita de manipulação em três jogos da Série B do ano passado. A manipulação consistia especificamente no cometimento de pênaltis, sempre no primeiro tempo dos jogos, de forma a garantir um elevado ganho financeiro para os apostadores e também para atletas, direta ou indiretamente envolvidos. Acontece que para a aposta dar certo, era necessário que nas três partidas ocorressem os pênaltis. Em dois jogos ocorreram e, no jogo específico do Vila Nova, o pênalti não foi cometido", disse.
Os criminosos teriam saído no prejuízo, de acordo com o MP. "Estima-se que o prejuízo decorrente do não êxito da aposta seja em torno de R$ 2 milhões, e o ganho para os atletas envolvidos seria de R$ 150 mil para cada. Seriam pagos R$ 10 mil a título de adiantamento, como um sinal, e R$ 140 mil após o êxito do evento. No caso, como no jogo do Vila Nova não houve o pênalti, mas houve o pagamento do sinal para o atleta envolvido, o apostador passou a cobrar excessivamente o atleta pelo prejuízo causado, já que nos outros jogos houve o pênalti e os autores envolvidos esperavam receber os R$ 140 mil reais".
Jogadores investigados
O meia Romário, ex-jogador do Vila Nova, é um dos atletas investigados. No ano passado, o clube goiano rescindiu contrato com atleta de 20 anos após ato de indisciplina considerado "grave". Não houve explicação naquela época da conduta do jogador.
Além dele, Matheusinho, ex-Sampaio Corrêa e hoje no Cuiabá, está sendo investigado. Segundo o jornal O Popular, também teriam participado do esquema o zagueiro Joseph, do Tombense, e o volante Gabriel Domingos, do Vila Nova. O MP trabalha com a hipótese que mais jogadores estejam envolvidos.
- Gabriel Domingos de Moura, do Vila Nova-GO
- Marcos Vinícius Alves Barreira (Romário), ex-Vila Nova-GO
- Joseph Maurício de Oliveira Figueiredo, do Tombense
- Mateus da Silva Duarte, ex-Sampaio Corrêa e hoje no Cuiabá
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