O Exército e a Força Aérea Brasileira deixaram de entregar 85% das cestas de alimentos aos povos Yanomami desde o dia 2 de fevereiro. A informação foi divulgada nesta quinta-feira (16) pelo site The Intercept.
Segundo apuração do site, no início do mês a Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) teria enviado um ofício ao Ministério da Defesa pedindo apoio na distribuição de 4.904 cestas que estavam no Estado de Roraima. Elas seriam entregues a 243 comunidades. No entanto, apenas 761 chegaram às mãos dos indígenas.
O jornal O Tempo esteve no território Yanomami e divulgou nesta semana uma série de reportagens sobre a crise humanitária dos indígenas. Eles enfrentam problemas graves de desnutrição, especialmente, pela falta de alimentos, causada pelo avanço do garimpo ilegal e um surto de malária. Neste cenário, os indígenas ficaram impossibilitados de cultivar a terra, caçar e pescar.
O site The Intercept afirma que teve acesso a fotografias da segunda-feira (13), que mostram alimentos empilhados no chão nos galpões da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), em Boa Vista. O órgão é ligado ao Ministério da Agricultura. Segundo o veículo, as entregas foram feitas em baixas quantidades e em dias espaçados. A análise foi feita por meio do acesso a uma planilha interna.
Ainda segundo a apuração, de janeiro a fevereiro, as Forças Armadas teriam feito apenas 3.828 entregas, sendo uma média de 85 cestas por dia. O número ideal, segundo a Funai, seriam de 423 - 80% abaixo do esperado.
Após ser procurado, o Ministério da Defesa informou que no comando do exército em Roraima não haviam mais cestas a serem transportadas e que mobiliza, atualmente, 15 aeronaves e cerca de 500 militares no atendimento.
As Forças Armadas também culpam a má qualidade das pistas de pouso e as chuvas nas região pela dificuldade na operação.
Lideranças indígenas afirmaram que, pela baixa entrega, está sendo necessário criar uma lista estabelecendo quais as comunidades prioritárias a receber os mantimentos.