De acordo com números da Prefeitura de Belo Horizonte (PBH), a cidade tem 9.590 pontos de ônibus. Destes, apenas 3.063 contam com abrigos, cerca de um terço. Ainda segundo a administração da capital, metade das paradas de coletivos tem característica exclusiva de desembarque, não havendo a necessidade de instalação da cobertura já que os passageiros não esperam ali pela condução.
A instalação de abrigos segue as regras do Código de Posturas da Prefeitura de Belo Horizonte, que determina, entre outras normas, que as calçadas tenham uma largura mínima de 2,5 metros para comportar a estrutura. Ainda assim, há carência de proteção para passageiros mesmo em grandes avenidas.
Na avenida do Contorno, próximo ao Hospital Felício Rocho, trabalhadores da região esperam o transporte de volta para casa em pé e sem cobertura.
Falta de abrigo
Maria Célia da Silva, de 63 anos, conta que precisa se esconder no prédio em que trabalha quando está chovendo e, por isso, corre o risco de perder o ônibus.
“Há pouco tempo mesmo eu tomei chuva aqui. Não venho todos os dias, mas aqui sempre tem gente, e eu acho que, se é ponto de ônibus, tinha que ter cobertura. É um lugar movimentado, perto de hospitais, precisava ter (abrigo)”, comenta.
É o mesmo caso de Fabíola Machado, 41 anos, que, no mesmo ponto, também diz sentir falta de outros benefícios da estrutura de abrigos, como o quadro eletrônico que mostra o tempo esperado para a chegada do coletivo.
“A gente fica exposta ao sol também, e no verão é muito forte. O ônibus demora muito para passar, então a gente fica muito tempo exposto. E também tem o quadrinho com os horários, isso ajuda demais. Se está demorando, você tem a opção de avaliar se vale tentar outro ponto, outro ônibus”, afirma.
Tempo de espera
O ponto do tempo gasto nos pontos catalisa o problema de não ter uma estrutura para se proteger do sol e da chuva e para aguardar pelo transporte sentado. De acordo com o Relatório Global sobre Transporte Público produzido pelo aplicativo de mobilidade urbana Moovit,
os usuários de ônibus de BH esperaram, em média, 24 minutos em pontos por viagem, no ano passado.
Aguardando pelo coletivo que a leva até a estação do Move no Barreiro, Maria Rosângela, de 63 anos, também reclama da demora do coletivo e da falta de um abrigo em um ponto movimentado no Centro-Sul da capital. “Eu faço fisioterapia aqui perto e pego sempre o ônibus aqui. Pelo código de posturas da cidade, deveria ter um abrigo aqui, é o Barro Preto, uma área movimentada da cidade”.
De acordo com a PBH, a população pode solicitar a instalação ou reforma de abrigos. No Portal de Serviços do site da prefeitura, é possível informar a necessidade de equipamentos em pontos específicos. Segundo a administração da capital, a participação popular é fundamental no tema. Em 2022, foram feitas 45 solicitações de manutenção e implantação em ponto de ônibus, em 2022.
Contratos
Há dois contratos em vigor referentes aos abrigos de ônibus. Um deles, assinado em 2016, prevê a instalação de 1,3 mil abrigos nos pontos da capital. Segundo a PBH, já foram implantados 922 das estruturas previstas, e todos os gastos são de responsabilidade da empresa que venceu a licitação.
Ainda de acordo com a prefeitura, no ano passado, foram instalados 251 novos abrigos, e 123 estruturas foram reformadas. O trabalho de restauração de equipamentos avariados é tema de outro contrato, assinado pela PBH em setembro de 2019, em vigência sob termo aditivo até 2024.
Segundo a PBH, desde a assinatura do contrato para reformas, 285 abrigos restaurados foram instalados na cidade. Atualmente, há 180 estruturas recuperadas prontas para serem incluídos em pontos da cidade.
Já fio gasto R$ 1,8 milhão na manutenção de abrigos, e a previsão total de gastos prevista em contrato é de R$ 2,2 milhões. As restaurações incluem a substituição do material usado na cobertura dos abrigos para aumentar a durabilidade das estruturas. O policarbonato foi trocado para chapas metálicas, apontadas pela PBH como menos suscetível a vandalismo e desgaste com intempéries.