Acidentes caem, mas o número de mortos e feridos nas estradas federais aumenta em Minas Gerais e no Brasil, entre 2021 e 2022, segundo dados da Polícia Rodoviária Federal (PRF) aos quais o Estado de Minas teve acesso. No estado, predominaram batidas de frente e excesso de velocidade na maior parte dos acidentes com óbitos de 2022. Conhecida como a Rodovia da Morte, entre Belo Horizonte e João Monlevade, a BR-381 é a campeã de vítimas em números absolutos, com 154 mortos entre as divisas mineiras com São Paulo (Fernão Dias) e a Bahia (veja quadro). Velocidade incompatível com a via e transitar na contramão – sinais de imprudência – predominam entre as causas dos acidentes. As colisões frontais lideram as ocorrências com mortes. Foram 8.265 acidentes registrados pela PRF em Minas, o que representou queda de 0,6% contra os 8.316 de 2021. No mesmo comparativo, contudo, as mortes chegaram a 700, contra 693 do ano anterior (+1%) e se feriram 10.306 pessoas, ante 9.979 no mesmo comparativo ( 3,27%). No Brasil, houve 0,15% menos acidentes no mesmo período, com o total caindo de 64.385 em 2021 para 64.286 em 2022. Os óbitos subiram 0,6%, de 5.393 para 5.430, e o número de feridos, 1,4%, de 71.757 para 72.765. A rodovia BR-381 em Minas Gerais, entre São Paulo e a Bahia, registrou o maior número de mortes em 2022, chegando a 154, embora o número represente queda de 5% no comparativo com o ano anterior, quando foram computadas 162 vidas perdidas nessa estrada. Em um dos acidentes mais graves, em 15 de agosto, três pessoas morreram e quatro ficaram feridas, uma delas de 9 anos, depois que um caminhão e um carro bateram de frente no Km 434 da Rodovia BR-381, em Sabará, na Grande BH. Os mortos, a criança e mais uma senhora ferida estavam em um Chevrolet Celta que seguia no sentido BH, perdeu o controle e bateu no caminhão, deixando os dois ocupantes do veículo de carga feridos. Em 19 de julho, um casal que estava em uma carreta morreu ao capotar de uma ribanceira no Km 388, entre Nova Era e Bela Vista de Minas, na Região Central. Na segunda estrada mais violenta de 2022, a BR-040, no território mineiro entre Goiás e o Rio de Janeiro, o número de mortes também recuou, em 12%. Foram 128 no ano passado, contra 145 em 2021. Um dos acidentes mais violentos ocorreu em 26 de janeiro, em Itabirito, na Região Central, no Km 573, quando duas pessoas morreram e cinco ficaram feridas depois que uma carreta perdeu o controle e bateu em três veículos perto ao acesso a Moeda. Entre as 10 mais violentas, outras três rodovias registraram menos mortes (BR-262, BR-365, BR-050). No grupo das estradas mais violentas , tiveram aumento de óbitos entre 2021 e 2022 quatro estradas federais. O destaque é a BR-251 (Pedra Azul a Unaí), no trecho mineiro entre Bahia e Goiás. A via teve uma ampliação de 93% no índice de mortes, passando de 30 para 58 entre um ano e outro. A BR-251 é uma importante via de ligação entre as rodovias BR-116 e BR-365. O mais grave desastre na BR-251 no ano passado ocorreu no início da tarde de um sábado, em 26 de março, quando seis pessoas morreram na altura do Km 476, em Francisco Sá, no Norte de Minas. O veículo com placa de Bertioga (SP) colidiu de frente contra uma carreta carregada de placas de gesso e placa de Taiobeiras. No dia 13 mês seguinte, mais três mortes e dois feridos na batida entre um carro e duas carretas, no Km 06, no mesmo município. As estradas que também tiveram mais óbitos no período em comparação com 2021 foram a BR-116, BR-153 e BR-267. A BR-459 registrou o mesmo número de mortes nos dois anos: nove.
PRINCIPAIS CAUSAS Vários fatores contribuíram para as elevadas taxas de mortes e feridos nos acidentes, sendo os mais notados pelos agentes da PRF – as ocorrências podem ter causas não identificáveis ou mais de um motivo – a velocidade incompatível com a via, somando 25% dos componentes que levaram ao desastre com perda de vidas, seguido por transitar na contramão (20,3%), não reação do condutor (15,2%), reação tardia ou ineficiente do condutor (13,5%), ultrapassagem indevida (11,1%), dormir ao volante (7,5%) e pedestre circulando na pista (7,3%).As colisões frontais predominaram entre os tipos de acidentes com óbitos que puderam ser qualificados no ano de 2022 pelos agentes da PRF em Minas Gerais, representando 35,2% dos casos, seguidas pelas saídas de pista (18,3%), atropelamentos (13,8%), colisões traseiras (10,5%), tombamentos (9,1%), colisões transversais (7,1%) e colisões com objetos (6%).
BR-040 é a mais fatal no carnaval
A BR-040 é a líder de mortes das estradas federais em dois dos últimos (2021 e 2022) carnavais em Minas Gerais, de acordo com dados da Polícia Rodoviária Federal (PRF) aos quais a reportagem do Estado de Minas teve acesso. Na maioria desses acidentes que resultaram em mortes de motoristas, passageiros e pedestres, os veículos perderam o controle e saíram das pistas. A maior parte também trafegava acima da velocidade máxima adequada para a via, segundo o levantamento. O fator ingestão de álcool também foi alto. Ainda não há balanço por estrada em relação ao período do carnaval deste ano, quando 73 morreram nas rodovias federais em todo o país (leia texto abaixo). Em plena pandemia do novo coronavírus, em 2021, quando o feriado foi de 12 a 17 de fevereiro, quatro pessoas morreram na BR-040 nas divisas de Minas com o Rio de Janeiro e com Goiás. No ano seguinte, a estatística piorou, também em época pandêmica, entre 25 de fevereiro e 2 de março, quando morreram cinco pessoas em acidentes na via. Ao todo, foram 12 óbitos nas rodovias federais em 2021 e 10 em 2022. No ano passado, a segunda via com mais mortes durante o carnaval mineiro foi a BR-381, com três registros. Já no ano anterior, a segunda pior marca, com dois óbitos cada foram a BR-116 e a BR-365. Neste ano, a BR-365 voltou a registrar um acidente grave no período de carnaval. Na ocorrência, um policial rodoviário federal que era condutor de um carro morreu e outras três pessoas ficaram feridas, no sábado (18/2), na altura de Montes Claros. O veículo teria saído da pista e batido de frente contra uma árvore. Entre os acidentes que resultaram em mortes nas rodovias federais mineiras, a maioria ocorreu, segundo a percepção dos agentes federais, em saídas de pista (30%), colisão contra objetos (20%), atropelamentos (20%), colisão frontal (10%), engavetamento (10%) e queda de ocupante do veículo (10%). Das causas que foram possíveis apurar, a mais importante foi o excesso de velocidade, presente em 40% dos desastres, a ingestão de álcool, em 30%, seguidas pela reação tardia ou ineficiente do condutor, motorista dormiu ao volante e pedestre circulando na pista, cada um dos itens respondendo por outros 10%. (MP)
Imprudência se repete na folia deste ano
A Polícia Rodoviária Federal (PRF) registrou 73 mortes durante o feriado de carnaval nas estradas federais de todo o país. Segundo a PRF, esse número é 32% menor do que o observado em 2022, quando 107 pessoas morreram nessas rodovias. “A imprudência foi decisiva em grande parte de ocorrências: dados preliminares indicam que pelo menos 19 pessoas morreram em colisões frontais, ocorridas durante ultrapassagens indevidas”, informa nota da PRF. Do primeiro minuto de sexta-feira (17/2) até as 23h59 da quarta-feira de cinzas (22/2), foram registrados 1.085 acidentes. Os estados com maiores registros de acidentes foram Minas Gerais (162), Santa Catarina (117) e Paraná (102). Os acidentes deixaram, além dos mortos, 1.260 pessoas feridas (26% a mais que em 2022), entre elas 260 em situação grave.A Operação Carnaval 2023 da PRF constatou 30 mil infrações por excesso de velocidade, 7.436 ultrapassagens indevidas, 5.816 documentações irregulares, 3.574 situações de equipamento obrigatório ausente e 3.438 condutores sem habilitação. Cerca de 87 mil motoristas foram submetidos a teste de embriaguez e 2.371 haviam bebido antes de dirigir. Eles pagarão multa de R$ 2.934,70 e terão o direito de dirigir suspenso por um ano.