Garimpeiros atacaram, a tiros, policiais militares na região do rio Uraricoera, na Terra Indígena Yanomami, em Roraima. O episódio ocorreu na quinta-feira (23), mas só foi divulgado nesta sexta (24). Seis suspeitos estão presos, sendo um homem, de 50 anos, e cinco jovens, entre 22 e 26 anos.
A investida contra os PMs aconteceu pouco depois de outro grupo de garimpeiros atacar agentes do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) que faziam guarda em uma barreira contra a entrada de embarcações clandestinas no território indígena.
No caso mais recente, policiais militares prenderam os suspeitos por volta das 16h30, em um bar sob uma ponte, ao lado do rio Uraricoera. O estabelecimento é conhecido como ponto de encontro de garimpeiros que atuam ilegalmente na terra indígena. De lá eles partem para as áreas de garimpo clandestino.
Os PMs haviam sido informados que garimpeiros atiraram, pouco antes, contra outra equipe da PM. Ao avistarem os policiais, quatro homens fugiram em uma canoa. Mas outros seis, que já estavam em uma embarcação parecida, não tiveram a mesma sorte e acabaram presos.
O grupo havia deixado em terra, em frente ao bar, uma caminhonete Toyota Hilux 4x4, que transportava, em uma carretinha, um quadriciclo e um motor de barco.
Até a publicação desta reportagem, não havia informação sobre vínculos entre os dois grupos de garimpeiros que atacaram agentes do Ibama e policiais militares na quinta-feira.
A Polícia Federal deslocou parte do efetivo envolvido na operação Libertação – criada para atuar no combate ao garimpo ilegal na Terra Indígena Yanomami – para a aldeia Palimiú, onde fica a base federal atacada por garimpeiros.
A tropa da PF conta com apoio de helicópteros das Forças Armadas. Os agentes foram mobilizados após o serviço de inteligência da corporação apontar para uma possível movimentação de garimpeiros em busca de novo ataque à base.
Há duas semanas, o Ibama montou uma barreira contra a entrada de embarcações clandestinas no território indígena.
Na última segunda-feira (20), a base ganhou uma estrutura de cabos de aço, que atravessa o rio Uraricoera, e, desde então, de acordo com o Ibama, nenhum barco carregado havia seguido em direção aos garimpos.
Mas, na quinta, garimpeiros armados furaram o bloqueio e atiraram contra agentes do Ibama que abordaram uma das embarcações. Os fiscais revidaram.
No tiroteio, um dos garimpeiros, cujo nome não foi divulgado, ficou ferido e foi detido pela PF. Ele permanecia internado até a madrugada desta sexta.
Os criminosos desciam o rio em sete embarcações do tipo “voadeira”, de 12 metros de comprimento cada, carregadas de cassiterita, metal cuja demanda tem aumentado, assim como o valor. O carregamento foi identificado por drones operados por fiscais do Ibama. Após o ataque, os criminosos fugiram.
A segurança da base de controle é feita por agentes da Força Nacional de Segurança Pública, da Polícia Rodoviária Federal e do Ibama.
Para o presidente do Ibama, Rodrigo Agostinho, trata-se de um ataque criminoso programado. “Todos aqueles que tentarem furar o bloqueio serão presos. Acabar com o garimpo ilegal é uma determinação do presidente Lula”, acrescentou.
Em maio de 2021, começou, na região do Palimiú, uma série de investidas de garimpeiros, que atiraram com armas de fogo e lançaram bombas de gás. O grupo de invasores chegou a disparar contra uma equipe da PF que foi socorrer os yanomami. O local tem uma população de cerca de mil habitantes.
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