Manifestação das mulheres contra a Saneouro tem data marcada em Ouro Preto

Marcada para o dia cinco de março, em Ouro Preto, a manifestação das mulheres contra a Saneouro já conta com um grupo nas redes sociais com mais de 200 apoiadoras insatisfeitas com o serviço de abastecimento de água e esgoto no município. Em depoimento exclusivo ao Dia a Dia Notícias, a moradora Marina Mamede expôs a sua revolta.

"Nós precisamos da colaboração da empresa para que o ouro-pretano comece a viver com dignidade. Estamos vivendo com uma péssima qualidade de água, que está sendo suja, uma água em tom de ferrugem, a água está contaminada e as nossas famílias estão adoecendo. As tarifas são altíssimas, e nós precisamos saber o motivo da qualidade da água ser tão inferior e não ser tratada da forma correta. Muitas mulheres em Ouro Preto são mãe solo, e é muito difícil pagar uma taxa tão alta quanto a da Saneouro, é uma taxa muito abusiva pra um serviço que não existe, o tratamento da água não existe, uma água sem condições de consumo."

Em assembleia realizada em outubro de 2022, na Federação das Associações de Moradores de Ouro Preto (FAMOP), cerca de 500 moradores que estavam presentes decidiram que não pagariam mais a taxa de água cobrada pela empresa. Na ocasião, a FAMOP encaminhou uma nota à prefeitura solicitando providências em relação às cobranças da Saneouro. Desde então, o Executivo nomeou membros para um Grupo de Trabalho a fim de analisar a viabilidade da remunicipalização do serviço de abastecimento de água e tratamento de esgoto. Mesmo após a apresentação do relatório do grupo com soluções jurídicas e administrativas possíveis, o Executivo não deu continuidade.

Depoimentos

Quando questionada sobre a iniciativa da manifestação, a ouro-pretana Marina Mamede reafirmou a importância das mulheres frente aos protestos.

"Essa ideia da manifestação surgiu durante uma roda de conversa entre as mulheres do município, já que muitas mulheres estão sendo afetadas pela qualidade da água. Em maioria são as mulheres que cuidam dos seus lares, que cuidam dos seus filhos, que lavam roupa, cozinham, e devido a péssima qualidade da água até as nossas crianças podem ficar contaminadas. No grupo nós temos uma mãe com dois filhos que tá há dias com água cortada, nós temos outra mulher que está há um mês sem água. São condições subumanas, essas pessoas precisam ser tratadas com dignidade. A água é o item mais importante para a sobrevivência humana e para a manutenção dessas famílias, e nós reunimos o fato de que o mês de março é o mês da água e também o mês dedicado à mulher. Essa manifestação é apartidária e a intenção é reunir todos os ouro-pretanos que são contra a empresa pra mostrar que não estamos satisfeitos."

Para a moradora Eva, natural de Cachoeira do Campo, a falta de água afeta ainda mais a população de baixa renda. "A minha preocupação é com os mais necessitados. A pandemia tirou a paz de muitos, mas a Saneouro tirou a paz de todos, que aí não tem rico, não tem pobre, pelo contrário, quem é rico até paga mais. Muitas pessoas falam que temos que lutar pelo preço justo, mas o preço justo nunca vai existir na Saneouro. Se abaixar o preço, vai ficar dois, três meses no máximo e depois vai explodir novamente, entendeu? Não adianta."

"Infelizmente eu tô pegando água no meu vizinho, dia 07 de março vai fazer um mês que eu tô sem água, e já me mandaram ir no Ministério Público semana que vem. Duas vezes por semana eu pego água aqui no meu vizinho que tá me ajudando, e aí eu consigo lavar roupa, e isso não é vergonha pra mim não, vergonha é roubar e não conseguir carregar. Mas infelizmente eu não posso tirar da boca dos meus filhos pra pagar essa conta de água cara. Eu não vou pagar dois mil reais numa água que vem cheia de barro", denunciou a moradora Eliana.

A manifestação está marcada para às 15h e a concentração será em frente ao cinema.