Candidatos à presidência do Senado e do Congresso falaram de pandemia, auxílio emergencial, teto de gastos e caso Flávio Bolsonaro à jornalista Andréia Sadi. Eleição será na segunda. Principais candidatos à presidência do Senado e do Congresso Nacional, os senadores Rodrigo Pacheco (DEM-MG) e Simone Tebet (MDB-MS) foram entrevistados ao vivo neste sábado pela jornalista Andréia Sadi, da GloboNews (veja vídeos ao longo desta reportagem)."Rivais" na disputa marcada para a próxima segunda, ambos dizem garantir a "independência" do Senado frente às interferências externas, incluindo as do Executivo federal. Apesar disso, e mesmo reconhecendo a existência de erros na condução do enfrentamento à Covid-19, Pacheco e Tebet evitaram opinar sobre a possibilidade de um processo de impeachment do presidente Jair Bolsonaro.Considerado favorito na eleição, Pacheco conseguiu reunir em torno de sua candidatura os apoios de Bolsonaro, do atual presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), e também das bancadas de esquerda. À GloboNews, disse que vai apostar na "mineirice" para conciliar esses interesses à frente da Mesa Diretora do Senado.Rodrigo Pacheco: "Neste momento, o que se exige do governo é o fornecimento da vacina"Já Simone Tebet foi abandonada pelo próprio MDB ao longo da última semana e teve de transformar sua candidatura em "independente". A senadora criticou a existência de "candidatos do governo" nas eleições para presidir Câmara e Senado e apontou o risco de uma "crise institucional" no país em meio à pandemia.Simone Tebet: "Nós temos hoje um Executivo com ingerência numa eleição do Congresso"As eleições que definirão os próximos presidentes da Câmara e do Senado estão marcadas para esta segunda (1º), com votação presencial. Os vencedores comandarão as Casas do Congresso por dois anos, até o fim de 2022.Rodrigo Pacheco e Simone Tebet convergem em 90% das principais votações do Senado desde 2019Confira, abaixo, algumas respostas de Rodrigo Pacheco e Simone Tebet na entrevista à GloboNews.Erros na condução da pandemiaQuestionado sobre a conduta do governo Jair Bolsonaro no enfrentamento à pandemia, Rodrigo Pacheco diz que o Brasil cometeu erros e acertos, como os demais países, e que a preocupação deve ser "buscar acertar daqui para frente"."Nesse momento, a maior preocupação tem que ser identificar erros do passado, corrigi-los e buscar acertar daqui pra frente, especialmente em referência à vacina. Que a vacina chegue rapidamente para todos os brasileiros, para que a gente possa livrar o Brasil desse mal", declarou."O que proponho fazer [...] é imediatamente estabelecer o que é o papel do Congresso Nacional, de estar junto, colaborativo porém fiscalizando as ações do Executivo para que elas sejam efetivas. Não há caminho que não seja esse da efetividade, de se entregar a vacina ao povo brasileiro", prosseguiu.Sobre o mesmo assunto, Simone Tebet disse que não gostaria de fazer "pré-julgamentos", mas defendeu que a Polícia Federal e o Ministério Público investiguem as falhas de gerenciamento da crise sanitária."Afinal, o que aconteceu? Foram governadores, o Ministério da Saúde, responsabilidades conjuntas que levaram àquelas cenas lamentáveis que fizeram todos nós chorarmos juntos com familiares? Vermos bebês prematuros sendo transferidos dos hospitais de Manaus para poder sobreviver, e mesmo gente morrendo por falta de oxigênio", elencou."Alguém vai ter que pagar essa conta, e isso é um dever do homem público e do Ministério Público investigar, de nós todos. Mostrar para a sociedade quem errou, porque errou e aí ser responsabilizado", disse Tebet.Questionados sobre um eventual processo de impeachment contra Bolsonaro pelos erros na pandemia, no entanto, os senadores adotaram posição "cautelosa", e disseram que a análise da admissão do processo cabe à Câmara dos Deputados.Auxílio emergencialOs dois senadores foram questionados sobre a possibilidade de retomada do auxílio emergencial às famílias economicamente mais afetadas pela pandemia – e sobre como inserir esse custo em um orçamento apertado pelo teto de gastos.Simone Tebet afirmou à GloboNews que a questão deve ser enfrentada "de forma imediata", ainda que dentro dos limites das "âncoras fiscais", como a regra do teto de gastos."Estamos falando de crianças que já estão dormindo com fome. Estamos falando de famílias inteiras que dependiam da informalidade, da circulação de pessoas nas ruas e viram sua renda diminuída. Gente que está passando necessidade, então é óbvio que isso passa a ser emergencial", declarou.Rodrigo Pacheco disse que o Senado deve "buscar, o máximo possível, evitar que o teto de gastos seja rompido", mas ressalvou que "não podemos desconhecer que há um estado de necessidade no Brasil, de pessoas que precisam ser assistidas para não morrer, não passar fome".O senador mineiro defendeu a necessidade de avanço da reforma tributária, de onde poderia sair uma solução para o tema. "A própria sociedade pode aceitar um imposto como a CPMF, o imposto sobre a distribuição de dividendos, o imposto sobre grandes fortunas ou imposto digital, desde que se desonere em outra ponta."Independência do SenadoRodrigo Pacheco negou, na entrevista, que tenha dado alguma garantia ao Palácio do Planalto para conquistar o apoio do governo – por exemplo, de evitar pautas da oposição ou avançar a chamada "pauta de costumes", com projetos conservadores e pró-armamento."Eu vou ter um apelo muito grande à democracia, à convergência, à busca de consenso e ao respeito às divergências. É preciso respeitar essas divergências, e não há nenhum tipo de compromisso com pauta específica, de pautar ou de não pautar. Vamos buscar o colégio de líderes, entender o que é melhor para o país", disse."Todas as decisões do Senado serão tomadas livre e autonomamente pelos senadores e pelas senadoras, sem interferências externas", reforçou.Já Simone Tebet definiu a própria candidatura como "independente e irreversível", e disse identificar um "risco institucional" na influência exercida por Bolsonaro nas eleições na Câmara e no Senado."Infelizmente, como nunca vi até então, nós temos um Executivo com ingerência no Congresso Nacional. Não é apenas ingerência legítima, com pedidos de apoios republicanos. Estamos falando de cargos públicos externos, emendas extraorçamentárias na ordem de R$ 3 bilhões distribuídas para deputados, para senadores", declarou."Há poucas horas, dizem que o presidente da República disse que, no Senado Federal, o candidato de sua preferência ia ganhar por WO. Até onde eu saiba, WO significa que não haverá disputa. Não só eu, mas temos pelo menos mais dois candidatos", prosseguiu.Eleição no Congresso Nacional é marcada por disputas e troca de acusaçõesVÍDEOS: notícias de política