Os levantamentos começaram a partir de um show em Ipatinga, no Vale do Aço, em novembro do ano passado. Na ocasião, 30 celulares foram furtados durante o evento. Os aparelhos depois foram mandados para a Região Metropolitana de Belo Horizonte.
Em entrevista coletiva, o delegado Thiago Alves Henriques explica que, embora a operação tenha se iniciado em Ipatinga, a atividade da quadrilha não se limita à região. Ele também relata como os integrantes do grupo agem durante os shows para furtar os aparelhos celulares.
“Não é só no Vale do Aço. Esse grupo criminoso atua em qualquer cidade de Minas Gerais onde tem um show com aglomeração de pessoas. Os autores do furto ficavam próximos aos banheiros das mulheres, principalmente ali no camarote, onde as pessoas que frequentam têm celulares mais caros. Então ficam na aglomeração ali perto do banheiro, quando pessoas saem, têm que passar por essa aglomeração e conseguem abrir a bolsa das vítimas e fazem o furto. No dia seguinte (o aparelho) já vem para Belo Horizonte”, explicou.
De acordo com a Polícia Civil, cinco pessoas foram presas, duas delas apontadas como líderes do grupo. A operação contou com a participação de mais de 130 agentes e 33 viaturas. Foram recuperados 70 aparelhos celulares, dois tablets, um notebook e R$ 4.310 em dinheiro. Ao todo, foram cumpridos 21 mandados de busca e apreensão, em endereços ligados a 17 investigados.
O furto com objetivo de revenda do aparelho qualifica o crime, que pode render uma pena de até oito anos de prisão aos envolvidos, segundo o delegado. Um dos presos teve a prisão preventiva decretada, e a Polícia Civil representou pela mesma medida para os quatro outros detidos na Operação Embaixador.
Como a quadrilha funciona
Segundo a Polícia Civil, a receptação é dividida de acordo com a marca dos aparelhos. O delegado Thiago Henriques explicou que havia um modus operandi específico para celulares da Apple.
“Esse indivíduo que recepta aparelhos da marca Apple entrava em contato com as vítimas por meio de mensagens SMS. Ele encaminhava uma mensagem como se fosse da Apple e solicitava que essa pessoa clicasse em um link para passar as informações e os dados. A pessoa, acreditando que realmente estava passando os dados para fim de bloquear o aparelho celular, acabava passando os dados para o autor da receptação desbloquear e revender esses aparelhos."
Segundo o delegado, os membros da quadrilha costumam vender os celulares roubados pela internet. A venda física, no entanto, também acontece e tem como ponto principal o centro de Belo Horizonte. Shoppings populares do hipercentro da capital são pontos comuns de venda de aparelhos furtados.
Além do dinheiro e dos aparelhos, a operação da Polícia Civil ainda encontrou papel-moeda do tipo específico utilizado para confecção de ingressos, o que sugere que, inclusive, a entrada dos membros da quadrilha nos eventos é feita de forma ilegal.
Orientações
O delegado Thiago Henriques salientou que as vítimas de furtos de celular devem formalizar o ocorrido. "É muito importante que as vítimas façam o boletim de ocorrência e informem o IMEI do aparelho, que é o meio necessário para fazermos esse rastreamento, localizar os aparelhos e identificar as vítimas para fins de restituição”, esclarece.
A Polícia Civil também alerta para a atenção em relação à procedência dos aparelhos. Os consumidores que adquirem produtos roubados também podem responder criminalmente “quando a pessoa adquire o produto sem tomar os cuidados necessários, sem nota fiscal, sem caixa do aparelho, sem carregador de procedência, fomentando os crimes de furto e receptação”, afirma o delegado.