De acordo com os presentes no local do incêndio, não houve aviso sonoro de incêndio e nenhum sprinkler, que é um conjunto de pequenos chuveiros hidráulicos ligados a um sistema de bombeamento de água, que em caso de incêndios são ativados para combater as chamas, foram acionados.
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Elizângela Porto Pereira, 42 anos, assistente técnica de educação básica no IEMG, afirmou que os próprios alunos identificaram o fogo e avisaram aos professores, que começaram a evacuação do prédio. “De imediato nós fomos com o extintor, só que a fumaça alastrou muito rápido e então a gente pediu aos alunos para estarem saindo. Os próprios funcionários e alunos fizeram a evacuação”, contou.
De acordo com Elizângela, a escola não possui equipamento de segurança anti-incêndio, com exceção de alguns extintores. “Posso estar enganada, mas eu acho que nenhuma escola estadual tem esses dispositivos de segurança. Tentamos até ir com o extintor, mas não teve como”.
A técnica acredita que todas as escolas deveriam ter um técnico em segurança do trabalho. “Nas empresas, acima de tantos funcionários, não tem que ter uma pessoa responsável pela segurança? Então por que nas escolas não, se tem vários funcionários? Deveria ter, também, treinamento para os alunos. Ter uma brigada de incêndio, um lugar seguro para os alunos nesse tipo de situação”, desabafou.
Perguntada sobre a existência de treinamentos em segurança para os funcionários, Elizângela afirmou que a capacitação não é oferecida. “Que eu saiba não. Eu tenho porque já formei por conta própria. Mas acho que quase ninguém tem”, contou.
Ana Luísa Vaz Gomes é professora de português no IEMG desde 2018 e confirmou a ausência de sistema anti-incêndio. “O prédio é mais antigo, então não tem esse sistema de incêndio. Quando começou a pegar fogo, a escola já foi evacuando os alunos, a administração, todo mundo”.
Alunos e funcionários organizaram evacuação
Cristian Gonçalves, 17 anos, é aluno do IEMG e afirmou que nunca recebeu treinamento ou instruções voltadas à segurança. Ele confirmou que não existiam equipamentos anti incêndio, como sirenes e sistema de sprinkler. “Não tem. Nunca falaram disso. Nunca recebemos treinamento”.Um outro aluno que passava pelo local afirmou que estuda na escola há 11 anos mas que nunca havia recebido treinamento contra incêndios.
Cristian contou que no momento do incêndio estava na quadra, que fica próxima à sala onde o incêndio começou. “O pessoal começou a subir na grade para ver e foi quando a fumaça espalhou. Quando começou a piorar, o pessoal começou a correr, pegar a mochila e sair. Virou uma bagunça. Corre corre, gente desmaiando, muita coisa”, contou.
O adolescente falou, ainda que a evacuação do prédio foi feita por iniciativa dos próprios alunos, que foram auxiliados pelos funcionários. “Muita gente saiu sozinha, mas os funcionários ajudaram”, finalizou.
Fabrício Eduardo Dalfior, Capitão do Corpo de Bombeiros, ressaltou que ainda não é possível saber a causa das chamas. “O local atingido foi o primeiro pavimento do Instituto de Educação. As causas do incêndio ainda não temos, mas no local tinha muito material combustível como cadeiras e mesas”, falou.
O militar explicou, ainda, como encontrou o prédio da escola no início do atendimento. “Na hora que nós chegamos ainda tinha algumas pessoas na edificação, então, no início fizemos a evacuação do local, juntamente com o combate direto às chamas. Depois de evacuado facilitou”, contou Fabrício.
“(Quando chegamos os alunos) Já estavam no ambiente externo da edificação, mas nesses casos gera um pânico. Todos nervosos. Nesse caso gera um pânico, as crianças inalaram fumaça, tanto que 14 foram conduzidas ao Hospital João XXIII, em estado leve”, concluiu.
Escola está em processo de regularização
Em resposta ao EM, o Corpo de Bombeiros afirmou que para que o prédio esteja regularizado, é necessário o Auto de Vistoria do Corpo de Bombeiros (AVCB), documento que certifica que uma edificação cumpra com todas as medidas de segurança contra incêndio e pânico para o seu funcionamento. O órgão destacou, ainda, que cada edificação possui suas exigências.Os bombeiros informaram que o Instituto de Educação de Minas Gerais (IEMG) está em processo de regularização. Ou seja, a edificação possui projeto aprovado e os ajustes ainda estavam sendo feitos, o que não impede o funcionamento do local.
O que diz a Secretaria de Estado de Educação
Procurada pela reportagem do Estado de Minas, a Secretaria de Estado de Educação de Minas Gerais (SEE/MG) emitiu uma nota onde comenta o acontecido e seus desdobramentos.Leia a nota na íntegra:
“Sobre o incêndio que atingiu uma sala do Instituto de Educação de Minas Gerais, em Belo Horizonte, na manhã desta quarta-feira (22/3), a Secretaria de Estado de Educação de Minas Gerais (SEE/MG) informa que a situação foi controlada imediatamente pelo Corpo de Bombeiros de Minas Gerais. Todos os estudantes e servidores foram evacuados em segurança do prédio. Ninguém se feriu gravemente, mas alguns estudantes inalaram fumaça e foram atendidos prontamente por equipes do SAMU e recebem assistência da equipe da Secretaria de Estado de Educação. A perícia para identificar as causas do incêndio será realizada pela Polícia Civil e os danos estruturais ainda serão mensurados. As aulas foram suspensas até a garantia do retorno de funcionários e alunos com segurança. A SEE/MG e a Superintendência Regional de Ensino Metropolitana A, responsável pela coordenação da escola, estão acompanhando de perto a situação e prestando todo o apoio à comunidade escola.” Perguntada sobre a existência ou não de sistema de segurança anti-incêndio no prédio, a SEE/MG afirmou que desde 2019 o prédio tem passado por reformas e que há um projeto em fase de orçamento para a reforma completa do edificío. Segundo o órgão, as obras, agendadas para o primeiro semestre deste ano, compreendem a instalação de um sistema de alarme para incêndio. Veja: "Deste 2019, a unidade escolar passou por diversas intervenções estruturais, que somam investimentos de mais de R$1,5 milhão, como reformas de partes da unidade, do telhado, reparos na parte elétrica, dentre outras melhorias. A escola também recebe anualmente cerca de R$ 370 mil de recursos de manutenção e custeio, para pequenos reparos e, também, para a contratação de serviços necessários. Ao todo, são cerca de 2 mil estudantes matriculados na unidade de ensino, incluindo o ensino fundamental e o ensino médio, e cerca de 270 funcionários na unidade escolar. Apenas no turno da manhã, são 1.350 estudantes e 75 servidores.
Informamos ainda que os projetos para reforma e restauração completa do prédio, que é tombado pelo patrimônio histórico, estão em fase de orçamento pelo Departamento de Edificações e Estradas de Rodagem de Minas Gerais (DER-MG). As obras irão iniciar ainda neste primeiro semestre, assim como a implantação do projeto do Auto de Vistoria do Corpo de Bombeiros (AVCB), o qual inclui a instalação de um sistema de alarme para incêndio. Informamos ainda que o IEMG possui equipamentos de segurança necessários, como hidrantes e extintor de incêndio, que foram usados no combate às chamas nesta ocorrência."
O incêndio
De acordo com o Corpo de Bombeiros (CBMMG), 14 alunos sofreram intoxicação por inalação de fumaça e foram encaminhados para o Hospital João XXIII. Apesar do susto, não houve feridos graves.O Corpo de Bombeiros foi acionado às 9h45. Segundo a corporação, o fogo começou na sala de arquivos, que fica na última sala do primeiro andar, no fundo do prédio. A fumaça foi vista de longe.
Toda a escola foi evacuada. Quatro viaturas do CBMMG, com 12 militares, além da Polícia Militar e o Samu, trabalharam na ocorrência.
Por volta das 11h30, o fogo foi controlado. Até o final da manhã, os bombeiros fizeram o rescaldo e o resfriamento do local para evitar reignição das chamas.
Estado de Minas