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Incêndio no Instituto de Educação: insegurança na volta às aulas



Com o prédio do IEMG fechado para obras de restauração, as aulas serão em um prédio alugado da rua Guajajaras, também na Região Centro-Sul de BH, a cerca de 300 metros do edifício que pegou fogo. O novo prédio escolhido receberá os alunos  do ensino médio, enquanto os estudantes do ensino fundamental continuarão estudando no anexo do IEMG, local não atingido pelas chamas. Apesar de comemorarem o retorno, pais e alunos relataram insegurança na volta às aulas.
Débora Renata, 52 anos, servidora pública, é mãe de uma aluna do terceiro ano do IEMG. Ela relatou que sua filha ficou com medo de voltar para a escola. “Ela ficou insegura, com medo de acontecer de novo, e aí a gente entra com todo o trabalho de tranquilização, mas mudou tudo para eles. Saíram da zona de conforto, vieram para um lugar que eles não conhecem, mas tem que seguir em frente. É a orientação que a gente dá”.
Segundo Débora, o IEMG entrou em contato com os alunos pelo grupo da escola no WhatsApp, enviando mensagens da Secretaria Estadual de Educação (SEE/MG) desde o dia do incêndio, mas que tudo foi feito na correria.
Davi Asaph, 17 anos, aluno do IEMG, afirmou que estava feliz de poder voltar a estudar, mas demonstrou preocupação em relação à estrutura do novo prédio. “No meu meio de amigos já passou o temor, o problema, agora, são as salas apertadas e o calor. São muitas pessoas”. Ele afirmou, ainda, que é um baque mudar de escola de forma tão repentina. “Não tava esperando por isso, dá uma mudada. A escola era bem grande”.
Márcia Melo, 51 anos, funcionária do IEMG, contou que a chegada dos alunos foi um pouco tumultuada, pelo fato de tudo estar muito novo, mas destacou que os estudantes foram bem acomodados no novo prédio. “A estrutura do prédio é muito boa, comportou todos os alunos, no primeiro dia dá um pouco mais de tumulto, mas devagarinho vai chegando tudo no lugar”.
Melo disse ainda que o prédio foi vistoriado pelo Corpo de Bombeiros e oferece condições de segurança. Por fim, ela afirmou não saber, ainda, por quanto tempo o IEMG funcionará no novo endereço.  

“Os pais não foram comunicados de nada”

Núbia Alves, 46 anos, manicure, aguardava na porta da escola junto ao marido mesmo após a entrada de sua filha, de 17 anos, aluna do terceiro ano do IEMG, para as aulas. Perguntada sobre o motivo da espera, a mulher afirmou que queria respostas da administração da escola. “Como pais a gente ainda está muito sem saber. Eu sei que o tempo está corrido, que foi tudo muito rápido, mas a escola ainda não colocou um posicionamento para os pais. Eles têm entrado em contato só com os alunos e alunos menores de idade não respondem por isso”.
De acordo com Núbia, a escola comunicou somente aos filhos sobre o retorno das aulas e o novo local de estudo. “A gente não teve contato com a escola e queremos saber da segurança, em primeiro lugar. Assim como a minha filha, muitos estão abalados emocionalmente. A gente agradece a Deus que não teve nenhuma vítima grave, mas o emocional dos meninos está abalado”.
“Minha filha ainda é menor, então acho que a escola precisa ter um posicionamento com os pais. Eu quero saber da segurança, se vai ter fiscalização de quem entra e quem sai, se eles vão estar vulneráveis. É a preocupação de todos os pais”, revelou.
Núbia contou que sua filha está traumatizada e acredita que isso ainda irá demorar a passar. “A minha filha não queria vir. Ele teve uma crise de pânico na sexta-feira, ela chorava, ela tremia, o meu marido teve que sair do trabalho para ir para casa ficar com ela. Nos primeiros dias ele estava com dificuldade para dormir”.
Por fim, a mãe pediu que a escola entre com um trabalho psicológico com os alunos. “A escola não tem culpa, mas deveria ter um pouco mais de atenção com esses alunos que ficam dispersos, e acho que eles deveriam entrar com um trabalho psicológico agora. Essa é minha opinião e quero saber o posicionamento da escola”.  

Alunas relatam trauma

Sophia Laura, 15 anos, aluna do segundo ano do IEMG, está preocupada com o volta às aulas. Ela pensou em sair do IEMG. “Depois do que aconteceu, a gente fica com medo de qualquer coisa, assustado, mas creio que vai melhorar. Estou com medo, eu ia até trocar de escola, mas não ia adiantar muita coisa, então vou continuar. Meus pais estão muito preocupados, minha mãe está ‘doida’, mas já aconteceu”.
Ainda sem ter entrado na nova escola, Sophia disse estar preocupada em como serão os estudos no local. “Parece que é menor, tem a questão do recreio, e são muitos alunos. Vamos ver como vai ser”.
Mariana Cristina, estudante de 16 anos, afirmou ter ficado traumatizada por causa do incêndio e disse que seus pais estão preocupados. “Dá receio para caramba, crises de ansiedade, é um pouco perturbador a ideia de voltar para escola, porque parece que criei um trauma depois do fogo. Meus pais estão bem preocupados porque eu venho para cá sozinha todos os dias e eles não tem como ter contato com a escola”.  

Funcionários receberão treinamento

Silas Fagundes de Carvalho, subsecretário de administração da Secretaria de Estado da Educação (SEE/MG), destacou que o novo prédio do IEMG tem as condições mínimas de segurança para receber as aulas. “Os bombeiros estão fazendo a fiscalização dos equipamentos do incêndio, de proteção individual dos profissionais”. Ele disse, também, que, a partir desta segunda (27/3), os funcionários da escola receberão treinamento para situações de emergência. “Estão aqui também para treinar e formar os profissionais que aqui vão trabalhar para, em caso de ocorrência, fazer o primeiro atendimento, que é o que eles chamam de ‘cinco minutos de ouro’”.
De acordo com Carvalho, esses treinamentos ocorrerão em todas as escolas atuais, assim como a regularização do Auto de Vistoria do Corpo de Bombeiros (AVCB) para esses prédios. “O Corpo de Bombeiros já colocou à nossa disposição uma oficial que está estruturando uma capacitação para todas as escolas do estado. Coincidentemente, na segunda-feira da semana que aconteceu o incidente no Instituto, nós já tivemos a primeira reunião entre Secretaria, Bombeiros e Ministério Público, justamente para fechar um cronograma de capacitação e também avançar na penalização dos AVCBs de todos os prédios escolares”. 
Silas contou que foi feita uma pesquisa mercadológica para encontrar o imóvel mais adequado para receber os alunos. “Em função das obras que aconteceriam este ano, a gente já estava fazendo esse trabalho para acomodar os alunos e isso facilitou bastante o trabalho. Esse edifício da rua Guajajaras apresentou as condições ideais para funcionar uma escola, porque aqui, até meados do ano passado, funcionava uma instituição de ensino superior”.
Perguntado sobre prazos para retorno das aulas ao antigo prédio do IEMG, o subsecretário informou que, após a formalização do contrato de restauração do Instituto, o prazo mínimo para execução das obras é de 36 meses, podendo chegar a 60 meses. “Isso vai depender, porque como se trata de uma restauração, esse prazo pode ser alongado à medida que forem identificados problemas de execução”.  

O incêndio

O Corpo de Bombeiros foi acionado às 9h45 da última quarta-feira (22/3) para atender ocorrência de incêndio no Instituto de Educação de Minas Gerais (IEMG). Segundo a corporação, o fogo começou na sala de arquivos, que fica na última sala do primeiro andar, no fundo do prédio. A fumaça foi vista de longe.
Toda a escola foi evacuada. Quatro viaturas do CBMMG, com 12 militares, além da Polícia Militar e o Samu, trabalharam na ocorrência. Apesar do susto, não houve feridos graves, mesmo com 44 pessoas tendo sido atendidas em hospitais de Belo Horizonte.
Por volta das 11h30, o fogo foi controlado. Até o final da manhã, os bombeiros fizeram o rescaldo e o resfriamento do local para evitar reignição das chamas.
Um adolescente de 16 anos foi apreendido ainda na noite da quarta-feira (22/3) suspeito de ter ateado fogo no Instituto Estadual de Educação de Minas Gerais, na região Central da capital, na manhã de hoje. O jovem não teria aguentado a pressão diante da repercussão do caso e teria acionado a polícia e confessado o crime. O menino afirmou que estava fumando um cigarro na sala do arquivo, centro do incêndio, quando teria descartado a guimba em um local cheio de plástico. Apesar do incêndio, o jovem afirmou à polícia que não teve nenhuma intenção ou vontade de causar a situação, e que eles (o garoto e um colega) não repararam se o fogo começou na sala. Apenas dez minutos depois de retornarem para a aula é que notaram a fumaça. A reportagem do Estado de Minas entrou em contato com o Corpo de Bombeiros Militar de Minas Gerais (CBMMG) para entender a atuação da corporação no retorno às aulas no IEMG, mas não havia obtido resposta até a publicação da matéria.

Estado de Minas

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