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Na véspera da eleição na Câmara, Baleia e Lira defendem vacinação e agenda de reformas; veja entrevista à GloboNews

Por Redação

31/01/2021 às 22:18:45 - Atualizado há
Candidatos rejeitaram rótulos de 'situação' e 'oposição'. Baleia falou em analisar todos os processos de impeachment; Lira disse que não vai monopolizar pauta de votações. Principais candidatos à presidência da Câmara, os deputados Baleia Rossi (MDB-SP) e Arthur Lira (MDB-AL) foram entrevistados ao vivo neste domingo (31) pela jornalista Andréia Sadi, da GloboNews (veja vídeos ao longo desta reportagem).

Questionados, Lira negou ser um candidato a favor do governo, e Baleia também rejeitou o rótulo de ser um candidato de oposição. Assim como os postulantes à presidência ao Senado, entrevistados no sábado, ambos disseram defender a "independência" do parlamento em relação aos demais poderes.

Baleia Rossi e Arthur Lira chegaram a dar respostas semelhantes em temas considerados urgentes para o país – a necessidade de um programa de vacinação mais rápido e eficaz e a intenção de retomar a agenda de reformas econômicas, por exemplo.

Em outros pontos, como a análise dos pedidos de impeachment do presidente Jair Bolsonaro, as posturas divergem. Baleia Rossi diz que analisará tudo que for protocolado "à luz da Constituição", enquanto Arthur Lira defende que esse tipo de processo "vem naturalmente" para a Câmara se o país entrar em desordem social.

A sessão que definirá o sucessor de Rodrigo Maia (DEM-RJ) no cargo está marcada para esta segunda-feira (1º), e ao todo há oito candidatos na disputa. Arthur Lira é apoiado pelo presidente Jair Bolsonaro e pelos partidos do Centrão; já Baleia Rossi conta com o apoio de Maia e dos partidos de oposição ao governo.

Confira, abaixo, algumas respostas de Baleia e Lira na entrevista à GloboNews.

Vacina contra Covid-19

Questionados sobre os erros da gestão Bolsonaro no enfrentamento à pandemia, os candidatos evitaram tecer críticas ao ministro da Saúde, Eduardo Pazuello – investigado no Supremo Tribunal Federal (STF) pela postura frente à crise sanitária no Amazonas.

Ambos, no entanto, fizeram críticas às estratégias de vacinação em andamento e defenderam um esforço mais intenso para acelerar a imunização da população brasileira.

"Muitos erros cometidos, esse negacionismo não é bom para o país, muita desinformação sobre a vacina. Não há como a gente recuperar nossa economia sem uma vacinação em massa. A vacina é segura, é a única esperança que nós temos para a vida. Defendemos a ciência, defendemos a vacina e queremos dar bons exemplos para a população", afirmou Baleia Rossi.

"Vacina é o que todos nós precisamos, defendemos, o que a população precisa, a economia precisa para voltar a funcionar", disse Arthur Lira.

Diferença entre candidaturas

Lira e Baleia também foram perguntados sobre as principais diferenças entre as candidaturas. Apoiado por Bolsonaro, Lira tem conquistado votos em partidos de centro-esquerda nas últimas semanas. Do outro lado, com apoio das principais siglas de oposição, Baleia é do mesmo MDB que abriga os líderes do governo no Senado e no Congresso.

Ao responder, Lira criticou o atual presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), a quem acusou de "monopolizar a pauta" de votações da Casa. Maia é um dos principais articuladores da campanha de Baleia Rossi.

"[...] A Câmara vai sair do 'eu', da centralização da pauta, da unificação do debate, de um único deputado querendo falar o dia todo por todos nós, e trazer para a realidade regimental, constitucional, política de representatividade daquele poder. A Câmara vai sair do 'eu' para entrar na época do 'nós'", disse Lira.

Arthur Lira: "A Câmara vai sair do eu para entrar na época do nós"

O deputado afirmou que, se eleito, pretende reunir o colégio de líderes às quintas e, no mesmo dia, divulgar a pauta de votações da semana seguinte. A ideia é dar "previsibilidade" às discussões em plenário, algo que, segundo ele, não existe atualmente.

Por fim, Lira disse que buscará uma relação de harmonia com o Palácio do Planalto – e negou que isso signifique compromisso de evitar temas que desagradem ao governo Bolsonaro. "Não haverá nunca, na Câmara dos Deputados, um presidente que seja líder de governo. Mas, também. eu não serei um presidente contra a liberdade e contra o progresso do povo brasileiro", afirmou.

Ao responder sobre o tema, Baleia Rossi se distanciou dos cargos de liderança do governo ocupados pelo MDB – e disse que a indicação não partiu da legenda.

"Nossa candidatura surgiu numa frente ampla. São 12 partidos que têm ideologias diferentes, que pensam o Estado diferente, que pensam a economia de forma diferente, mas que têm alguns pilares que são o alicerce da nossa candidatura. A defesa da democracia, de uma Câmara independente, o respeito às nossas instituições", disse.

Baleia Rossi: "O governo está constrangendo deputados; confio na independência da Câmara"

O candidato do MDB voltou a falar em "interferência brutal" por parte do governo para, segundo ele, eleger Lira. E criticou repasses de emendas extraorçamentárias para os deputados que aderirem à candidatura defendida pelo Planalto.

"Estou muito confiante com a nossa vitória, tenho conversado com muitos parlamentares. Vejo essa interferência brutal por parte do governo. Você imagina, falta recurso para comprar vacina e são disponibilizados R$ 3 bilhões para que o governo possa influenciar na decisão dos deputados. Constrangendo deputados, intimidando deputados", disse.

"Eu confio na independência da Câmara, confio que cada deputado amanhã, que é um grande dia. Não é definir quem vai ser o presidente da Câmara dos Deputados, é o que significa cada uma das candidaturas. [...] Infelizmente os radicais querem diminuir as pessoas, querem agredir, querem matar. Não é assim que vamos construir uma sociedade mais justa", continuou.

Impeachment

Na entrevista, Baleia Rossi disse que pretende analisar "tecnicamente, à luz da Constituição", todos os pedidos de abertura de impeachment que forem protocolados. Mas negou que tenha feito compromisso com os partidos de esquerda para avançar o impeachment na Câmara.

"É prerrogativa do presidente da Câmara, esta análise. Com absoluta certeza, eu não fugirei às minhas responsabilidades de analisar tecnicamente, à luz da Constituição, com os fatos políticos e dentro das responsabilidades. A analise será feita com todo o critério", afirmou.

Ao tratar do tema, Lira minimizou a possibilidade de um processo de impeachment na atual conjuntura, e disse que "não precisamos nesse momento, assim, a toque de falar de assuntos em tese, de abrirmos uma crise política nesse país".

O candidato do PP lembrou que o atual presidente da Câmara, Rodrigo Maia, não deu andamento aos 57 pedidos que já foram protocolados até o momento.

"O que quero dizer é que até hoje, com muita prudência e muito equilíbrio, é que o atual presidente Rodrigo Maia tem lá sob sua gaveta 57 pedidos de impeachment. Se ele não pautou nenhum, é porque sabe que não há ali nenhum tipo que tipifique uma ruptura política dessa gravidade", disse Lira.

Influência de Bolsonaro acirra rivalidade entre Lira (PP) e Baleia (MDB) à presidência da Câmara
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