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Fé e reflexão no Domingo de Ramos



A devoção popular se faz presente em igrejas ou ao ar livre, segue em procissão pelas ruas, amplia a emoção nos passos da Paixão de Cristo para, delicadamente, tocar o coração de mineiros e visitantes. No ritmo da fé cristã, a Semana Santa começou ontem, com a bênção dos ramos, que remete à entrada triunfal de Jesus em Jerusalém, missas solenes, cânticos em latim e encenações da Paixão de Cristo. Em Belo Horizonte, na manhã a tradição se manteve no Santuário Arquidiocesano da Santíssima Eucaristia (Igreja da Boa Viagem), na Região Centro-Sul, com centenas de pessoas levando galhos de plantas aromáticas e decorativas para a bênção – que teve à frente o reitor e pároco do santuário, padre Marcelo Silva.
Em seguida à bênção dos ramos, houve o cortejo, com a imagem de Cristo, passando por Rua dos Aimorés e Avenida João Pinheiro até a Praça da Liberdade, para missa campal diante do Palácio da Liberdade. O sol forte obrigou muita gente a se proteger sob sombrinhas.
Já na Catedral Cristo Rei, em construção no Bairro Juliana, na Região Norte, o arcebispo metropolitano de BH, dom Walmor Oliveira de Azevedo, celebrou a missa das 10h30, precedida de procissão e bênção dos ramos.
“Estamos mantendo uma tradição que vem de nossa terra, Martinho Campos, na Região Centro-Oeste de Minas. Aos domingos, vamos à missa no Santuário Arquidiocesano da Santíssima Eucaristia”, contou o engenheiro civil Odirlei José de Faria, ao lado da mulher, Desiane Carvalho, especialista em RH, e do filho Arthur Carvalho Faria, de 5 anos. Moradores do Centro de BH, eles acompanharam a procissão até a Praça da Liberdade.
Residente em Sabará,  na Grande BH,  a babá Margarete Marta da Silva disse que trabalhou à noite e fez questão de ir à bênção dos ramos. “Estou emocionada”, afirmou, com o ramo de palmeira na mão.

Espiritualidade

As solenidades de abertura da Semana Santa levaram cerca de 1,6 mil fiéis à Catedral Cristo Rei. Dom Walmor Oliveira de Azevedo destacou a importância do Domingo de Ramos. “Devemos pensar este período como de espiritualidade profunda, pois o mundo está adoecido,  precisando se renovar com justiça social e fraternidade. É fundamental escutarmos os clamores de quem sofre, de quem está em desespero. Só assim poderemos melhorar como cidadãos”, disse o arcebispo.
Na primeira celebração na Cristo Rei, às 8h, ao ar livre, participaram 800 pessoas, número igual ao dos que foram à missa das 10h30, já no interior da catedral. Antes da celebração, houve procissão com ramos bentos, que vão se transformar em cinzas para uso na quarta-feira de cinzas do ano que vem. Na crença popular, são eficazes para “afastar os males” de dias e noites de chuvas fortes com raios e trovões.
Atenta às palavras de dom Walmor, a pedagoga Daniele Ramos disse que a Semana Santa se torna especial para a reflexão. “Olhamos para dentro de nós, vendo nossas falhas e buscando acertar”, afirmou ao lado do marido, Renato Gonçalves, e da filha Helena Gonçalves, de 2. A família, residente no Bairro Paulo VI, na Região Nordeste da capital, conheceu a escultura de Nossa Senhora da Piedade, que está na Catedral.
Em preparação para a Páscoa – a ressurreição de Cristo é considerada a data mais importante do calendário católico –, a técnica de enfermagem Amanda Alves dos Santos, de 30,  observou: "A Semana Santa nos leva a uma proximidade maior com Jesus, com a renovação da fé”.

Praça decorada

Quem participou da celebração religiosa pôde ver o tapete artesanal feito, na tarde de sábado, em mutirão por 100 voluntários da Paróquia de Nossa Senhora da Boa Viagem. Foram usados serragem tingida de várias cores e material reciclado, no total de quase uma tonelada para compor 240 metros da Alameda Travessia, no meio da praça.
A produção dos tapetes integra a programação do Minas Santa, promovido pelo governo estadual, via Secretaria de Estado da Cultura e Turismo (Secult) e Superintendência de Bibliotecas, Museus, Arquivo Público e Equipamentos Culturais, com destaque para a exposição Minas Santa, Ritos de Fé, em cartaz até 1º de maio, no Museu Mineiro, no Circuito Liberdade. Com curadoria de Rodrigo Câmara, está também em cartaz a mostra Sanctus – Acervo Artístico e Religioso, na Igreja da Boa Viagem e no Palácio da Liberdade até 30 de abril.

Estado de Minas

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