“Se tem uma coisa que o América respeita é sua torcida. Tive a coragem de pedir desculpas no último sábado, chateado com aquele episódio (dos ingressos distribuídos pela FMF a atleticanos). O américa tem uma visão muito clara sobre futebol. Estávamos olhando varios laterais, pois vendemos um de altíssimo nível, e não queríamos uma promessa. Tivemos contato com vários ex-treinadores do Marcinho, várias pessoas do futebol, fizemos pesquisa da parte técnica e de comportamento e percebemos que ele se encaixaria no que estávamos querendo”, iniciou Salum.
“Respeito a opinião de todo mundo, mas o América pensa diferente. O atleta cometeu um ato que está pagando por ele, ele vai explicar, recebeu seus processos, foi um erro. Quem não errou na vida? Onde está a grande virtude: julgar sem ser juiz ou em dar oportunidade aos profissionais de jogar aqui? Aqui é uma família, ele vai se sentir muito bem, sinto-me satisfeito de abrir a porta para ele dar mais um passo na carreira”, continuou o presidente da SAF.
“Não sou juiz, ele está sendo julgado pela Justiça, todos erram na vida, ele é um menino que errou, está pagando por isso, tem que pagar sim pelo que fez. Agora, nem por isso a vida dele acabou. Errou e errou grave, está pagando por isso, mas o América buscou um atleta tecnicamente capaz, de comportamento exemplar e que pode nos atender. Sei que parte da torcida não está satisfeita, mas precisamos de resultados. Sou cristão, penso nas pessoas e estou feliz de dar oportunidade ao Marcinho”, complementou.
Marcus Salum comparou a oportunidade concedida a Marcinho à ocasião em que abriu as portas para o retorno do atacante Pedrinho, do São Paulo. Destaque no América em 2022, com oito gols em 34 partidas, o ponta é suspeito de agredir a ex-namorada, Amanda Nunes. Por causa disso, está afastado do elenco tricolor desde o início de março.
“Quando o Pedrinho veio jogar no América, eu avisei que ele tinha um comportamento um pouco instável. Ele foi vendido, depois foi para o São Paulo e ocorreu algo grave. Falei que estou disposto a receber o Pedrinho, colocá-lo em um acompanhamento com psicólogo, acompanhar os passos dele e corrigi-lo. Sou pai e avô, sei que filhos e netos erram na vida. Não podemos colocar um x na pessoa e no profissional do nível do Marcinho. Ele merece como pessoa”, salientou.
“O erro foi cometido, ele vai pagar na Justiça e vai continuar pagando. Uma carreira super promissora, com convocação à Seleção Brasileira, teve um baque. Espero que o América ajude ele a se recuperar e que ele tenha a visão do que fez e de como pode ajudar os jovens. O Marcinho pode ser um exemplo para os jovens não cometerem o mesmo erro que ele cometeu. Ele vai voltar a jogar, vai estourar, é assim que se faz na vida. Não sou juiz, não podemos julgar. Era melhor que não tivesse feito, mas fez”, concluiu Salum.
Relembre o caso
Marcinho é réu na Justiça por atropelar o casal Alexandre Silva de Lima e Cristina José Soares, em 30 de dezembro de 2020, na Avenida Lúcio da Costa, no Recreio, Zona Oeste do Rio de Janeiro. Ele fugiu do local sem prestar socorro às vítimas.
O homem morreu no momento da colisão, enquanto a mulher faleceu seis dias depois, após ser levada em estado grave ao Hospital Lourenço Jorge e, posteriormente, transferida ao Hospital Vitória.
O caso segue na Justiça. Parecer elaborado pelo Grupo de Apoio Técnico Especializado do Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (GATE/MPRJ) confirma laudos oficiais do caso e aponta que Marcinho estava em velocidade acima do permitido e afirma que "não poderia ser descartada de forma categórica" a presença de álcool no corpo do jogador.
Conforme laudo pericial do Instituto de Criminalística Carlos Éboli (ICCE), o Mini Cooper dirigido por Marcinho estava entre 86 km/h e 110 km/h em uma via com velocidade máxima de 70 km/h.
A defesa alega que, apesar das cinco tulipas de chopp consumidas por Marcinho, o teor alcoólico no corpo do jogador era “nulo ou praticamente nulo” - versão contestada pelo laudo do GATE/MPRJ.
Marcinho foi denunciado por duplo homicídio culposo (quando não há intenção de matar), com agravante por ter fugido do local.
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