O contrato com o
América foi assinado pouco mais de dois anos após Marcinho ser denunciado por atropelar e deixar de prestar socorro a um casal de professores no Rio de Janeiro, em dezembro de 2020. O homem, Alexandre Silva de Lima, morreu na hora. Já a mulher, Maria Cristina José Soares, faleceu após permanecer internada durante seis dias.
"Cometi erros, e para resumir a resposta: não é nada confortável mudar de clube, ter essa situação sempre junto comigo. Não é bom, mas espero poder um dia superar isso. Acabar eu acho difícil, mas que isso minimize para que eu dê sequência à minha carreira com tranquilidade", disse o atleta.
A coletiva de apresentação foi realizada ao lado do presidente da SAF americana, Marcos Salum. O dirigente foi enfático ao defender a contratação de Marcinho e afirmou que o jogador é
"um menino que está pagando pelos seus erros".
O camisa 25, por outro lado, falou em compreensão às críticas e repressões dos torcedores, mas pediu que as pessoas entendam que "ele não é o personagem que foi criado".
"Compreendo a insatisfação e a repressão. Por várias vezes me coloco do outro lado, mas as pessoas não me conhecem, não sabem quem eu sou. Cometi um erro grave, me arrependo amargamente por ter vivido isso, mas farei de tudo para que as pessoas entendam que não sou esse personagem que foi criado, e sim todo o momento da minha vida. Espero poder lidar (com as cobranças) e performar dentro de campo. É uma coisa que não me deixa tranquilo, estou sempre perseguido por isso, mas compreendo e vou fazer de tudo para que isso mude".
Apesar das justificativas de Salum, os comentários negativos acerca da contratação de Marcinho não diminuíram após sua apresentação e o negócio voltou a ser alvo de duras críticas nos perfis oficiais do América.
Trajetória de Marcinho no futebol brasileiro
Sobrinho dos técnicos Oswaldo de Oliveira e Waldemar Lemos, Marcinho fez mais de 100 partidas pelo Botafogo, onde começou a carreira profissional. Também passou por Athletico Paranaense e Bahia. No futebol europeu, chegou a acertar com o Pafos, do Chipre, porém a Justiça não autorizou o atleta a atuar em um clube fora do país por causa do processo de homicídio culposo.
Relembre o caso de Marcinho
Marcinho é réu na Justiça por atropelar o casal Alexandre Silva de Lima e Cristina José Soares, em 30 de dezembro de 2020, na Avenida Lúcio da Costa, no Recreio, Zona Oeste do Rio de Janeiro. Ele fugiu do local sem prestar socorro às vítimas.
O homem morreu no momento da colisão, enquanto a mulher faleceu seis dias depois, após ser levada em estado grave ao Hospital Lourenço Jorge e, posteriormente, transferida ao Hospital Vitória.
O caso segue na Justiça. Parecer elaborado pelo Grupo de Apoio Técnico Especializado do Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (GATE/MPRJ) confirma laudos oficiais do caso e aponta que Marcinho estava em velocidade acima do permitido e afirma que "não poderia ser descartada de forma categórica" a presença de álcool no corpo do jogador.
Conforme laudo pericial do Instituto de Criminalística Carlos Éboli (ICCE), o Mini Cooper dirigido por Marcinho estava entre 86 km/h e 110 km/h em uma via com velocidade máxima de 70 km/h.
A defesa alega que, apesar das cinco tulipas de chopp consumidas por Marcinho, o teor alcoólico no corpo do jogador era “nulo ou praticamente nulo” - versão contestada pelo laudo do GATE/MPRJ.
Marcinho foi denunciado por duplo homicídio culposo (quando não há intenção de matar), com agravante por ter fugido do local.