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Batida em alta velocidade expõe comportamento de risco no trânsito de BH

Por Redação

15/04/2023 às 05:19:30 - Atualizado há

 

 Um jovem de 22 anos foi arremessado do carro que dirigia, durante um acidente na madrugada de ontem, na Via Expressa, na Região Noroeste de Belo Horizonte. A suspeita é que o rapaz participava de um racha na altura do Bairro Coração Eucarístico, onde perdeu o controle da direção e bateu contra um poste em frente à 9ª Companhia da Polícia Militar, e foi levado para o Hospital de Pronto-Socorro João XXIII em estado grave. Dados do Registro Nacional de Acidentes e Estatísticas de Trânsito mostram que, em 2022, houve 2.649 colisões frontais (entre carros ou entre um veículo e estruturas) como essa somente em Belo Horizonte, um tipo de batida particularmente perigoso quando ocorre em alta velocidade.

 

Imagens de uma câmera de segurança flagraram o carro do rapaz e um outro passando em alta velocidade na Via Expressa momentos antes do acidente. O impacto da batida foi tão forte que o motor do veículo foi arrancado e ficou a cerca de 100 metros de onde parou o carro destruído. O excesso de velocidade, quando não causa acidentes, gera multas que podem passar dos R$ 800. Essa infração é considerada gravíssima e o Detran-MG emitiu 1.457 multas do tipo em BH no último ano.

 

A prática de “racha” ou qualquer competição automobilística não autorizada é crime previsto no Código de Trânsito Brasileiro e, apesar de haver punição, muitas pessoas não ficam intimidadas. Como em 2016, quando um jovem de 18 anos dirigia de forma temerária, em alta velocidade, na Avenida Tancredo Neves, Região da Pampulha, com passageiros sem cinto de segurança e mais da metade dos corpos para fora da janela.

 

Na ocasião, o carro só parou depois de acertar uma árvore e uma manilha. Com a batida, uma passageira ficou presa às ferragens e morreu. Um segundo ocupante foi arremessado em direção ao córrego que passa pela avenida e também perdeu a vida. Rafael Vinícius Duarte Loureiro foi acusado por duplo homicídio e por lesão corporal gravíssima e o caso foi a júri popular.

 

Nos últimos cinco anos (2018 a 2022), segundo o Registro Nacional de Acidentes e Estatísticas de Trânsito, 673 pessoas perderam a vida em  circunstâncias semelhantes às do acidente de ontem, sendo o primeiro ano o mais letal da série histórica na capital mineira, com 152 óbitos. O perfil mais atingido é composto por homens de 18 a 29 anos, faixa etária na qual se encaixam os motoristas dos dois casos.

 

O excesso de velocidade é uma entre várias causas das batidas frontais e certamente é um agravante, indica o engenheiro de trânsito Frederico Augusto. Entre outros motivos, ele cita o desvio de veículos, desconcentração por uso de celular, pneu estorado ou problemas mecânicos. “Mas perder o controle e destruir o carro é excesso de velocidade, no mínimo acima de 60km/h”, afirma.

 

Em Belo Horizonte, os homens de até 24 anos foram 12,8% das vítimas, ou seja, 18 pessoas. Porém, homens na faixa etária imediatamente superior, de 25 a 29 anos, lideraram o ranking sinistro, com 20 óbitos (14,2%). Os riscos não se limitam à batidas, mas também aparecem em atropelamentos, quedas, engavetamentos e tantos tipos que não são especificamente catalogados pelos dados, sendo encaixados em “outros”.

 

Ao longo de 2022, houve 68.983 acidentes nas estradas, ruas e avenidas que passam por BH, com 141 mortes. Os dados coletados não indicam onde ocorreram  62.863 deles. Entre os que teve a localização identificada nos registros, a maioria ocorreu nas estradas federais, um total de 2.959, com 30 mortes. As ruas e avenidas municipais vêm na segunda posição, com 226 acidentes e uma morte.  Quanto ao tipo dos veículos envolvidos, os carros de passeio são os principais, estando em todas as categorias analisadas pela Serpro, na tabela do Registro Nacional.

 

O estado de saúde do jovem que bateu no poste não foi divulgado pelo HPS e a Polícia Civil de Minas Gerais fez a perícia oficial, coletando vestígios que vão auxiliar na investigação. Na manhã de ontem, um reboque foi até o local para retirar o carro da avenida e levar ao pátio credenciado. A PCMG esclareceu que o homem não foi conduzido à delegacia de plantão para ser ouvido, já que precisou de atendimento médico.


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