Na notificação, entidade alerta o ex-juiz sobre a incompatibilidade da advocacia com o trabalho de consultoria da americana Alvarez & Marsal, responsável pela recuperação judicial da Odebrecht. A&M anunciou contratação de Moro no domingo (29) e, nas redes sociais, ex-ministro disse que evitaria conflitos de interesses no novo cargo. Sergio Moro, ao deixar o cargo no governo federal, em abril deste anoJNoO Tribunal de Ética e Disciplina da seccional São Paulo da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) enviou uma notificação ao ex-ministro da Justiça e Segurança Pública Sérgio Moro para que não exerça atividades privativas de advogado e a advocacia na empresa de consultoria Alvarez & Marsal (A&M), que anunciou, no domingo (29), a contratação do ex-ministro.A americana Alvarez & Marsal é responsável pela recuperação judicial da Odebrecht. Enquanto juiz federal, Moro atuou em processos em que diretores e ex-diretores da companhia foram responsabilizados no âmbito da "Operação Lava Jato", que investigou um esquema de propina e corrupção envolvendo empresas privadas e órgãos públicos, incluindo a própria Odebrecht.O G1 procurou o ex-ministro para comentar o documento da OAB-SP, mas até a publicação da reportagem não obteve retorno.A notificação a Moro foi enviada na terça-feira (1) à sede da empresa, localizada na capital paulista. No documento, ao qual o G1 teve acesso, a entidade alerta que Moro não pode praticar atividade privativa da advocacia para clientes da A&M, para que "não incorra em violação aos preceitos éticos-disciplinares" da advocacia paulista, "sob pena de adoção de medidas administrativas e judiciais pertinentes".O texto também lembra que as empresas de consultoria são proibidas de "prestar serviços jurídicos a seus clientes, incluindo assessoria e consultoria jurídica, nem mesmo por advogados internos, independentemente do cargo ou função exercidos"."Às empresas de consultoria, por seu turno, fica expressamente vedada a prestação de serviços jurídicos a seus clientes, incluindo assessoria e consultoria jurídica, nem mesmo por advogados internos, independentemente do cargo ou função exercidos (art. 4º, parágrafo único, doRegulamento Geral do EAOAB)", diz o órgão.Moro disse, nas redes sociais, que não atuaria em casos de potencial conflito ReproduçãoAo anunciar a contratação de Moro como sócio-diretor, a Alvarez & Marsal afirmou em nota que ele seria responsável pela área de investigações da empresa, atuando nos setores de compliance (regulação e cumprimento de normas e leis), prevenção, e desenvolvimento de soluções para disputas complexas.Nas redes sociais, o próprio ex-ministro disse que não atuaria em atividades que envolveriam a prática da advocacia e que evitaria possíveis conflitos de interesses na empresa."Ingresso nos quadros da renomada empresa de consultoria internacional Alvarez&Marsal para ajudar as empresas a fazer coisa certa, com políticas de integridade e anticorrupção. Não é advocacia, nem atuarei em casos de potencial conflito de interesses", afirmou o ex-ministro.Vídeos: Tudo sobre São Paulo e Região Metropolitanao