Ainda conforme a pasta, as duas mulheres estão em celas separadas “com as devidas medidas de segurança aplicadas na rotina da unidade”. O Estado de Minas questionou a Sejusp se elas possuem contato, mas não obteve resposta quanto a isso.
A reportagem procurou o advogado das mulheres. O defensor de Terezinha afirmou que as denúncias são falsas e que a “informação não procede”. Já a defesa de Kátia não se pronunciou.
Suspeita de cárcere privado
Depois que já estava presa, Kátia escreveu uma carta contando sobre como começou a morar no mesmo lote que a família de Terezinha. Segundo seu relato, ela, os quatro filhos e o marido, Wellington Camelo Gomes, chegaram a Belo Horizonte há cerca de um ano e meio, vindos de João Pinheiro, na região Noroeste de Minas Gerais. Ainda na rodoviária da capital, ela teria conhecido a mulher que ofereceu trabalho em seu sítio, em São Joaquim de Bicas.
Em entrevista ao EM, no dia 24 de fevereiro, o antigo advogado de Kátia relatou o que teria acontecido à família logo depois que chegaram a São Joaquim de Bicas. O então defensor contou que, depois de dois meses no sítio, Terezinha e Lalesca teriam dito à Kátia e Wellington que eles poderiam receber indenizações da Vale pelo rompimento da Barragem de Brumadinho, em janeiro de 2019. As mulheres teriam se oferecido também para fazer o cadastro do casal, mas teriam requerido parte do valor.
Conforme o relato de Kátia, escrito na Penitenciária de Vespasiano, logo após a reunião para falar sobre a possível indenização, ela e os filhos foram levados para Belo Horizonte. Ela contou, ainda, que depois que voltou para o sítio na Grande BH nunca mais viu seu marido. "Quando chegamos no sítio, ela falou para mim que meu marido tinha ido embora. Aí eu comecei a chorar e ela disse para eu não preocupar com nada que ela ia me ajudar". Ainda segundo a mulher, no dia 4 de janeiro de 2022, Terezinha e Lalesca a levaram para a capital para que ela tivesse sua filha caçula, que nasceu prematura. Dez dias depois do parto, Terezinha teria informado que um médico do Hospital Sofia Feldman, onde o procedimento foi realizado, ligou afirmando que a bebê deveria voltar para a unidade para ficar internada. A recém-nascida foi então retirada dos braços da mãe sob o pretexto de que durante a internação teria que ficar sozinha.
Kátia conta que assim que a filha foi levada, ela voltou para o sítio de São Joaquim de Bicas e, depois de um tempo, foi informada que a filha havia morrido. No entanto, em outubro do mesmo ano, nove meses após o nascimento do bebê, Terezinha teria a informado que a filha não havia morrido.
Ainda no período de puerpério, antes de saber que a filha caçula estava viva, Kátia relatou que sempre era mantida separada dos filhos homens e que os via muito pouco, apenas quando estava molhando as plantas do terreiro do sítio. Mesmo assim, ela explica que não conseguia ter contato próximo com os meninos.
Em um trecho da carta, a mãe das crianças conta que certa vez foi levada para um "quarto subterrâneo" e que, dias depois, durante a noite, conseguiu conversar com o filho mais velho. Ela contou que o menino dizia estar com saudade e que ele e os irmãos também eram mantidos presos, sendo permitido apenas que trabalhassem. O garoto ainda teria dito que Terezinha o havia obrigado a gravar um vídeo e que caso não o fizesse, iria apanhar.
Ainda de acordo com um dos primeiros advogados de Kátia, logo depois da conversa ela nunca mais soube dos filhos mais velhos, de 6 e 9 anos. Ainda segundo o advogado, Kátia achava que os filhos estavam mortos.
Estado de Minas