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Seleção Brasileira

Ex-Cruzeiro e tio de Coudet: veja quem foi o único gringo a dirigir seleção

 Ao que tudo indica, o italiano Carlo Ancelotti será o novo técnico da seleção brasileira a partir de 2024.


 Ao que tudo indica, o italiano Carlo Ancelotti será o novo técnico da seleção brasileira a partir de 2024. Caso a contratação seja oficializada, será a primeira vez, desde 1965, que a amarelinha será treinada por um estrangeiro. Antes, isso só havia acontecido com o argentino Filpo Nuñez (1920-1999), o primeiro gringo a dirigir a seleção brasileira sozinho na história. 
Em 1944, o português Joreca já havia realizado esse feito. No entanto, o comando do time foi realizado durante duas partidas em conjunto com o brasileiro Flávio Costa, que assumiria o cargo até a Copa do Mundo de 1950. Por isso, como líder individual, o técnico argentino foi o primeiro e, até o momento, o único a fazer isso.

Quem foi Filpo Nuñez


Nascido em 19 de agosto de 1920, em Buenos Aires, Filpo Nuñez começou a trabalhar com futebol como jogador no fim da década de 1930, mas a carreira não vingou. Sua iniciação como técnico aconteceu em 1948, quando tinha 28 anos, no Independiente Rivadavia, time argentino da cidade de Mendoza.
Após conquistar alguns campeonatos municipais, foi para o Chile dirigir o Santiago National. Depois, ainda passou por clubes da Bolívia, Equador, Peru e Venezuela. Foi na Bolívia, quando trabalhou no Deportivo Municipal, que conheceu o brasileiro Tim, que treinava o Bangu na época. Os dois se conheceram quando o clube carioca fazia uma excursão por La Paz.
O argentino se mudou para o nosso país em 1955. O primeiro clube brasileiro que treinou foi o São Bento, em São Caetano do Sul (SP).

Primeira passagem pelo Cruzeiro


Cruzeiro foi o primeiro clube de expressão por onde Nuñez passou. Ele foi indicado ao cargo por Martim Francisco, treinador do Atlético-MG na época, que foi apresentado a ele por Tim.
Sua estreia aconteceu em 10 de julho de 1955, no Campeonato Mineiro. Na ocasião, a Raposa perdeu para o Villa Nova por 5 a 2.
A primeira passagem de Nuñez pelo clube celeste foi curta. Depois de terminar o primeiro turno do Mineiro em penúltimo lugar e seguir mal no início do segundo, ele foi demitido em outubro daquele ano. 
Apesar de não ter ido bem, o time mineiro foi a porta de entrada para Nuñez trabalhar em outros clubes brasileiros, como Guarani, Athletico-PR, Jabaquara, Portuguesa Santista, América de Rio Preto, Vasco e Corinthians. Mas foi no Palmeiras que a estrela do argentino brilhou mais forte.

Criador da Academia do Palmeiras



 A passagem de Filpo Nuñez pelo Palmeiras durou pouco, mas marcou a história do alviverde. Contratado em 1964, o argentino é considerado o criador da primeira "Academia de Futebol", como são chamadas as eras de ouro do clube palestrino.
O sistema de jogo utilizado por Nuñez foi batizado por ele mesmo de “pim-pam-pum”, pois se baseava em trocas de passe rápidas em direção ao gol. Com ele, jogaram Ademir da Guia, Julinho, Dudu, Djalma Santos, Servílio, Valdir, Zequinha e Djalma Dias.
Foi com o argentino na direção do elenco que o Palmeiras venceu o Torneio Rio-São Paulo de 1965 com uma incrível campanha nos dois turnos. Ele saiu do time naquele ano, mas ainda voltaria mais duas vezes para deixar sua marca. Entre 1968 e 1969, fez do Palmeiras o vice-campeão paulista de 1969, e em 1978, fez uma sequência de sete vitórias seguidas que deram ao time o apelido de ciclone.
Segundo levantamento do site “Verdazzo”, no total das três passagens, foram 93 vitórias, 28 empates e 33 derrotas.

Único estrangeiro a comandar a seleção

 A inauguração do Mineirão também contou com o dedo de Filpo Nuñez. Em destaque na época, o elenco do Palmeiras foi convidado pela Confederação Brasileira de Desportos (CBD) a representar a seleção brasileira na partida de estreia do estádio de Belo Horizonte.
Rinaldo, Tupãzinho e Germano marcaram os três gols da vitória do Brasil sobre o Uruguai em 7 de setembro de 1965, data em que Filpo Nuñez se tornava o único estrangeiro a dirigir a amarelinha.

Segunda passagem pelo Cruzeiro e fim da vida longe do futebol


Filpo Nuñez voltou ao Cruzeiro em 1970, agora não mais com o status de uma aposta desconhecida. Depois de brilhar no Palmeiras, o técnico foi contratado pela Raposa em setembro de 1970. A segunda passagem foi igualmente curta, mas desta vez ele deixou a equipe em segundo lugar na tabela do Campeonato Mineiro.
Reportagens dos jornais da época diziam que ele tentava implementar um esquema de jogo novo, com uma ideia similar ao que ficaria conhecido anos depois com o carrossel holandês. Porém, sem os resultados e com um time que não assimilou o sistema, o treinador foi demitido apenas 40 dias depois de chegar.
O clube celeste foi o último time de expressão treinado por Nuñez. Depois de passar por equipes menores, o argentino acabou perdendo o dinheiro conquistado na carreira no jogo. 
Acabou indo morar em Heliópolis, na periferia de São Paulo, em 1998, onde passou a treinar crianças em escolinhas de futebol. O argentino morreu em 6 de setembro do ano seguinte e foi homenageado com um centro esportivo que leva seu nome. 

Parentesco com Eduardo Coudet


Filpo Nuñez também tinha uma outra relação curiosa com Minas Gerais. Em sua participação no extinto programa “Bem, Amigos!”, do Sportv, o atual ex-técnico do Atlético-MG, que treinava o Internacional na época, revelou que era sobrinho do argentino. — Eu tenho uma história familiar aqui no Brasil, não sei se vocês sabem. Meu tio foi treinador aqui e começou a Academia do Palmeiras. Foi o único argentino que dirigiu a Seleção Brasileira - disse Coudet, no programa transmitido em 2020.   — Ele me cobrava porque eu dava muito problema como jogador. Tenho uma história com o futebol brasileiro, e creio que o destino existe. Por isso estou aqui agora - finalizou Coudet.

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