A automutilação, a coerção e a exposição de jovens a substâncias tóxicas têm chocado a sociedade brasileira. Tais atos violentos são transmitidos ao vivo e propagados em um aplicativo chamado Discord. O programa, inicialmente concebido para interações em grupo, ganhou popularidade entre adolescentes aficionados por jogos eletrônicos. No entanto, algumas dessas comunidades se transformaram em espaços propícios para atividades criminosas.
Os recém-chegados aos grupos são incentivados a cumprir tarefas e desafios para se destacarem na comunidade. "Os criminosos atraem suas vítimas para conversas privadas, ganham sua confiança e, em seguida, conseguem material comprometedor para chantageá-las. Ameaçadas de exposição a amigos, escola ou pais, as vítimas cedem às exigências do grupo, tornando-se alvos de violência física e psicológica", explicou o delegado Luiz Henrique Marques.
Na última terça-feira,
duas apreensões de adolescentes de 14 e 17 anos foram realizadas pela polícia do Rio, suspeitos de praticar uma série de crimes no Discord. Em São Paulo, um jovem de 19 anos foi preso. Em uma das denúncias, um dos adolescentes detidos humilha uma garota e ironiza a possibilidade de prisão.
"Não me importo com a polícia! Desprezo a polícia. Quero que a polícia virtual venha atrás de mim. E me coloque algemas virtuais", disse o jovem. Segundo a psicóloga Amanda Bastos, as redes sociais favorecem adolescentes com dificuldades sociais a criar uma persona, colocando-se muitas vezes em situações de risco na busca por pertencimento.
A empresa Discord informou que, nos últimos seis meses, eliminou 98% das comunidades identificadas como possíveis ameaças à segurança de menores de idade.