O aumento da quantidade de incêndios em vegetações já era esperado por especialistas e profissionais que atuam diretamente com as ocorrências. Por isso, se os dados de agosto acompanharem os do ano passado, e anteriores, a previsão é que haja mais focos que em julho, quando o número de notificações ultrapassou 3 mil.
Nesta terça-feira (8/8), o Corpo de Bombeiros atendeu a, pelo menos, quatro ocorrências de incêndio em vegetação na Grande BH. Logo no fim da manhã, três grandes focos mobilizaram os militares e brigadistas na Serra da Gandarela, onde fica localizada uma área de proteção ambiental. Para combater as chamas, os profissionais trabalharam em duas frentes, uma próximo ao Mirante da Gandarela, em Rio Acima, e outra na região da Fazenda Maquiné, a cerca de 40 quilômetros de Belo Horizonte.
Até as 19h os militares ainda não haviam extinguido as chamas totalmente. No entanto, os três principais focos foram debelados, sendo que o fogo permanece em uma área de vale, onde há previsão que se apague naturalmente durante a madrugada - devido às características de vegetação, que é mais úmida e terreno.
Outras ocorrências
Ainda na região metropolitana, outra equipe dos bombeiros foi deslocada no final da tarde para
combater as chamas que atingiam uma área de vegetação às margens da MG-030, na altura do Bairro Vila da Serra, em Nova Lima.
Assim como a ocorrência na Serra da Gandarela, até o momento, não há informações sobre o que teria provocado o fogo. Ainda de acordo com os militares, as chamas ameaçam a rede elétrica e podem se propagar em direção a condomínios residenciais da região.
Além disso, quem passa pela rodovia tem que se manter atento, já que a grande quantidade de fumaça está atrapalhando a visibilidade do tráfego.
Já em Belo Horizonte,
pela segunda vez em menos de 20 dias, o Parque Municipal Renato Azeredo, no Bairro Palmares, na Região Nordeste da capital, foi atingido pelas chamas. O fogo teria começado por volta das 15h30. Duas equipes realizaram o combate aos focos, que só foram debelados às 18h. No dia 21 de julho, mais de quatro hectares de vegetação do parque foram queimados.
Época de queimadas
Em entrevista ao
Estado de Minas logo no início do período das queimadas, o professor do Instituto de Geociências da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Bernardo Gontijo, explica que o Cerrado, bioma predominante em Minas, já é adaptado para resistir às queimadas. No entanto, não as de grande proporção, que normalmente são provocadas pela ação humana.
Mesmo com toda a propensão a queimadas, um dos principais gatilhos para os incêndios em grande proporção que acontecem no Cerrado, não só em Minas Gerais, é a ação humana. Cristiano Reis, coordenador da Brigada Florestal Voluntária Guardiões da Serra, que atua na Lapinha da Serra, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, explica que existem dois tipos de chamas provocadas por ações naturais. Uma pela queda de descargas elétricas, e a outra, quando há incidência solar em alguma partícula refletora, como vidro.
No entanto, esses tipos de ocorrências são facilmente diferenciadas. Cristiano explica que, no caso das descargas elétricas, normalmente a queimada acontece antes de uma precipitação de chuva. O professor da UFMG afirma que uma das principais discrepâncias é em relação à proporção.
“Quando ocorre o fogo por fatores naturais, ele tende a evoluir pouco e aí acaba sendo algo de pequena proporção. Qualquer incêndio em grande proporção, dependendo da época do ano, você pode ter certeza que mais de 90%, ou mais, é fruto de ação humana. Deliberada ou não. Aquela coisa do doloso ou culposo. Culposo sempre é. Agora, quando tem o dolo, aí a coisa complica e às vezes isso acontece. De forma trágica, mas acontece”, enfatiza Bernardo Gontijo.