Texto aprovado por 67 votos a 0 diz que vacinação deve abranger gratuitamente a 'integralidade' da população-alvo, com prioridade para grupos vulneráveis. Projeto vai à Câmara. O Senado aprovou nesta quinta-feira (3), por 67 votos a zero, o projeto que fixa diretrizes gerais para a distribuição de futuras vacinas contra a Covid-19, doença provocada pelo novo coronavírus.Pelo texto, o programa de imunização deverá:abranger de forma gratuita a "integralidade da população-alvo";priorizar grupos vulneráveis à doença, segundo parâmetros científicos.Com a aprovação, o projeto segue para a Câmara dos Deputados. Paralelamente, o Supremo Tribunal Federal (STF) analisa ações que discutem se a vacina contra a Covid deve ou não ser obrigatória.O projeto aprovado pelo Senado diz que o Sistema Único de Saúde (SUS) será priorizado nas aquisições e na distribuição de vacinas contra o coronavírus, "até que as metas de cobertura vacinal nacional sejam alcançadas". De acordo com a proposta, a vacinação contra a Covid-19 é direito de todos e dever da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos municípios.Animação mostra porque a vacina é tão importante para salvar milhares de vidasVacinas em desenvolvimentoO texto não faz menção a uma vacina específica, utiliza o termo genérico "vacinas". Ao menos onze vacinas estão em fase final de testes em todo o mundo. Quatro já apresentaram taxas satisfatórias de eficácia e de segurança.No Brasil, o Instituto Butantan, em São Paulo, desenvolve a vacina Coronavac em parceria com a farmacêutica chinesa Sinovac. No Paraná, o governo local e a Rússia assinaram um acordo para desenvolvimento da vacina Sputnik V. No Distrito Federal, os testes têm sido feitos com a vacina belga, do laboratório Janssen.O Ministério da Saúde, por sua vez, tem parceria para desenvolvimento e produção da vacina desenvolvida pela farmacêutica AstraZeneca e a Universidade de Oxford, do Reino Unido.RegulamentoO texto aprovado pelo Senado prevê a elaboração de um regulamento, que detalhará as regras de distribuição dos imunizantes.Segundo o projeto, a distribuição das doses de vacinas contra a Covid-19 e a transferência de recursos federais para estados, DF e municípios observarão “critérios técnicos”, a serem definidos no regulamento.O projeto diz ainda que os critérios de distribuição das doses e o repasse de valores para compra dos imunizantes serão amplamente divulgados em site oficial na Internet; e que os critérios serão determinados com base em informações e dados “demográficos, epidemiológicos e sanitários, ouvidos a Comissão Intergestores Tripartite [do SUS] e o Conselho Nacional de Saúde”.MudançasRelator do texto, o senador Nelsinho Trad (PSD-MS) acolheu parcialmente uma sugestão do PT e incluiu no projeto previsão para que o programa de imunização abranja a “integralidade” da população-alvo.“Quando ele diz que o programa do governo, junto com os demais entes federados, vai garantir a integralidade do acesso à vacina, ele está tornando a vacina um insumo que estará disponível a todos os brasileiros, portanto, vacina para todos que precisam”, disse, na sessão, o líder do PT, Rogério Carvalho (SE).Outros partidos – como a Rede – também apresentaram emendas com esse objetivo. Trad retirou do projeto um trecho estipulava prazo de 30 dias para a regulamentação, pelo governo federal, da distribuição.“Configura inconstitucionalidade o Congresso estabelecer prazo para que o regulamento de uma lei seja editado, bem como determinar qual órgão do Poder Executivo deverá regulamentar determinada matéria. Tais determinações invadem a seara do Poder Executivo e violam o preceito constitucional da independência dos poderes da República”, disse Trad.O relator também retirou dispositivo que detalhava dados que deveriam ser levados em consideração pela União para fins de distribuição dos imunizantes entre estados e municípios, como o tamanho da população, números de casos e óbitos, capacidade da rede hospitalar e percentual de pessoas classificadas como pertencentes ao grupo de risco.Para Trad, esse trecho não era “imprescindível”. “Uma vez que se trata apenas de um rol exemplificativo de informações e dados demográficos, epidemiológicos e sanitários, que devem ser considerados na elaboração dos critérios técnicos”, afirmou.Trad disse que, para elaborar o relatório, fez “inúmeras reuniões” com o Departamento de Imunização do Ministério da Saúde. Dessas reuniões, destacou o parlamentar, resultou o texto final.Autor do projeto, Alessandro Vieira declarou que o texto garantirá a vacina para todos brasileiros que desejarem tomá-la. “Não há obrigatoriedade, mas, sim, oportunidade para todos. Independente da sua condição econômica, ou localização geográfica”, declarou. PodcastOuça o episódio do podcast O Assunto sobre a vacina contra a Covid: